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Biden está a fazer "exame de consciência". Obama, Pelosi e outros democratas influentes pressionam Biden a retirar recandidatura

Obama terá defendido que Biden reconsidere e Pelosi alertou-o que não tem hipóteses de vencer Trump. Fontes próximas do democrata veem sinais de que terá começado a aceitar ideia de desistir.

epaselect epa11382518 US President Joe Biden turns away from the podium after announcing a proposal for a cease-fire between Israel and Hamas; in the State Dining Room of the White House in Washington, DC, USA, 31 May 2024. Israeli forces have advanced into central Rafah in the southern Gaza Strip, the Israeli military confirmed on 31 May, despite international pressure warning against a large military operation in Rafah.  EPA/MICHAEL REYNOLDS / POOL
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MICHAEL REYNOLDS / POOL/EPA

MICHAEL REYNOLDS / POOL/EPA

Em atualização

Cresce a pressão no seio do Partido Democrata para que Joe Biden retire a recandidatura à Casa Branca. A imprensa norte-americana avança que tanto a ex-presidente democrata da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi, como os atuais líderes democratas do Congresso avisaram Biden de que manter a candidatura a um segundo mandato ameaça as hipóteses de o Partido Democrata ter a maioria nalguma das duas câmaras do Congresso — a Câmara dos Representantes ou o Senado. E mesmo o ex-Presidente Barack Obama também terá defendido que o seu ex-vice deveria reconsiderar.

Segundo o Washington Post, Barack Obama terá defendido, em conversas com aliados democratas, que Joe Biden deveria considerar seriamente a viabilidade da sua candidatura. A informação é atribuída a “múltiplas” fontes, segundo as quais Obama tem garantido que a sua preocupação é proteger o atual Presidente dos EUA e o legado deste.

O jornal escreve que, nos bastidores, Obama tem estado profundamente envolvido em conversações sobre o futuro da campanha de Biden (terá falado com Nancy Pelosi, por exemplo), tem partilhado a sua opinião sobre os desafios que o Presidente enfrenta e terá mostrado preocupação com as sondagens.

Também Nancy Pelosi terá avisado o atual Presidente norte-americano de que “não terá qualquer hipótese” de vencer o candidato republicano Donald Trump nas próximas eleições presidenciais de novembro, avança a CNN. Numa conversa telefónica, a ex-líder da Câmara dos Representantes alertou Joe Biden para o risco de, caso não desista da corrida às presidenciais de novembro, estar a destruir qualquer hipótese de os Democratas terem maioria na câmara baixa do congresso.

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Perante o aumento da pressão, Biden publicou um vídeo na rede social X em que apela à união. Biden não se refere diretamente às notícias sobre uma eventual desistência, mas a publicação é focada numa mensagem de união no país e entre os democratas — no final do vídeo que acompanha a publicação, surge uma fotografia de Kamala Harris ao lado do Presidente dos EUA na Casa Branca.

“A união pode ser um dos nossos objetivos mais difíceis de alcançar, mas acredito firmemente que nada é tão importante. Nós podemos fazer isto. E devemos fazê-lo. Devemos isso àqueles que deram as suas vidas por este país. Devemo-lo a nós próprios. E devemo-lo aos nossos filhos e aos nossos netos”, lê-se na publicação.

E já nesta sexta-feira, ao início da manhã nos EUA, o diretor da campanha de Joe Biden garantiu que o Presidente vai regressar à campanha na próxima semana, depois de debelar a infeção pelo novo coronavírus. A garantia foi dada em entrevista à MSNBC.

Pouco depois, porém, a NBC noticiou que a família de Biden já estará a discutir um plano de desistência “digno”. O tom geral das conversas no seio da família de Biden tem sido de que qualquer plano de saída – caso Biden decida dar esse passo, como alguns dos seus aliados mais próximos acreditam cada vez mais que ele fará – deveria ser preparado tendo em mente o objetivo de deixar o partido democrata na melhor posição para derrotar Donald Trump.

Ao mesmo tempo, uma eventual saída, diz a NBC, teria de ser feita de uma forma digna, respeitando as mais de cinco décadas em que Biden serviu o seu país.

Biden disse a Pelosi que há sondagens que lhe são favoráveis

Segundo o que quatro fontes disseram ao canal norte-americano, o candidato democrata esteve na defensiva durante o telefonema com Pelosi, e contrapôs com sondagens que, alegadamente, lhe dão a vitória. Para a ex-líder da Câmara dos Representantes, o candidato democrata não tem condições para vencer as eleições, mas as fontes da CNN não dizem se Pelosi chegou ou não a pedir ao Presidente para sair da corrida eleitoral.  A data da conversa não é exata, mas terá ocorrido na semana passada.

Biden assume reconsiderar candidatura por razões de saúde. Mas irrita-se em privado com pergunta sobre o tema: “Acabem com essa porcaria”

Também esta segunda-feira se soube que o líder da minoria democrata da Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, e o histórico líder da maioria democrata no Senado, Charles E. Schumer, avisaram o Presidente dos EUA Joe Biden de que manter a candidatura a um novo mandato ameaça a capacidade de o Partido Democrata controlar alguma das duas câmaras do Congresso. A mensagem foi transmitida por ambos a Biden, em duas reuniões separadas que decorreram na semana passada, avança o Washington Post.

Hakeem Jeffries reuniu-se com Biden na quinta-feira à noite na Casa Branca, e Schumer encontrou-se com o presidente dos EUA no sábado em Rehoboth Beach, no estado do Delaware, onde Biden se encontrava a passar o fim de semana. Nas reuniões, os líderes dos democratas no Congresso transmitiram a Biden as preocupações dos congressistas democratas de que uma candidatura a um segundo mandato prive o partido do controlo tanto da câmara baixa como da câmara alta do Congresso, facilitando a aprovação de leis por parte dos republicanos.

A porta-voz de Hakeem Jeffries confirmou esta quinta-feira que Biden se reuniu com Jeffries há uma semana, mas garante que as notícias sobre a reunião são “especulativas e desinformadas”. Segundo o Washington Post, Christie Stephenson afirmou que Jeffries, “em nome da bancada democrata”, “expressou diretamente toda a amplitude de visão, perspetiva e conclusões alcançadas sobre o caminho a seguir, após extensas discussões entre colegas”. “Qualquer outra caracterização da reunião privada entre o Presidente Biden e o líder [da minoria democrata da Câmara dos Representantes] Jeffries é especulativa e desinformada”, apelidou.

Mas a pressão não se ficará por aqui e haverá mais sinais de que Biden poderá estar mesmo pelo menos a ponderar sair da corrida, segundo fontes próximas ao Presidente. A Reuters avança que Biden estará a fazer um “exame de consciência” e o Axios diz que vários democratas influentes acreditam que a desistência vai acontecer — há quem acredite que será já este fim de semana.

Publicamente, Biden tem-se mantido firme, tendo já garantido que tem capacidade para continuar, mas o site de notícias Axios escreve que a pressão dentro do Partido Democrata não pára de subir de tom e que Biden estará a ser alertado por vários democratas que, se continuar, Trump poderá ganhar com uma larga margem.

Biden está a fazer “exame de consciência” e saída é “uma questão de tempo”

A Reuters também avança que o Presidente dos EUA estará a fazer um “exame de consciência” sobre a possibilidade de desistir da corrida à Casa Branca, citando uma fonte anónima. Outras fontes confirmam à agência de notícias que vários democratas acreditam que a saída é uma “questão de tempo”.

A campanha de Biden tem rejeitado as notícias de que o Presidente pondera desistir. “Ele não está a vacilar em nada. O Presidente tomou a sua decisão. Joe Biden disse que vai candidatar-se à presidência dos EUA. A nossa campanha está a avançar”, disse o vice-diretor da campanha de Biden, Quentin Fulks. Mas à Reuters uma fonte da campanha de Biden avançou o contrário: “Sim, acabou. É só uma questão de tempo”.

O The New York Times é outro dos jornais a dar conta da existência de sinais que podem indicar que Biden está a planear afastar-se. O jornal escreve que várias pessoas próximas a Joe Biden acreditam que o Presidente dos EUA “começou a aceitar a ideia” de que pode não conseguir vencer nas eleições de novembro e que “pode ter de desistir da corrida”. Uma das fontes indicou que Biden ainda não tomou uma decisão, mas outra adianta que a “realidade está a assentar” e que não seria uma surpresa que Biden anunciasse em breve que apoia Kamala Harris para o substituir.

Casa Branca e campanha insistem que Biden é o candidato democrata

Entretanto, a Casa Branca confirmou os encontros entre Biden, Hakeem Jeffries e Charles E. Schumer, mas garante que Biden não se vai retirar da corrida às presidenciais. “O presidente disse a ambos os líderes que ele é o candidato do partido, que espera vencer e está ansioso para trabalhar com ambos para aprovar sua agenda de 100 dias para ajudar as famílias trabalhadoras”, disse o porta-voz da Casa Branca Andrew Bates, em comunicado.

O vice-diretor de campanha do Presidente dos EUA também veio garantir que o democrata continua na corrida à Casa Branca. “A nossa campanha não está a trabalhar com nenhum cenário em que o Presidente Biden não esteja no topo da lista”, afirmou Quentin Fulks. “Ele é e será o candidato democrata”, garantiu, acrescentando que Biden “não está a vacilar em nada”.

“Não quero ser rude, mas não sei quantas vezes mais posso responder a isso: Joe Biden disse que está a concorrer à presidência dos EUA”, afirmou, numa conferência de imprensa esta quinta-feira, citado pelo Washington Post.

Recorde-se que uma sondagem divulgada na última terça-feira mostra que quase terços dos democratas defendem que Biden deve retirar-se da corrida à Casa Branca e permitir que o partido nomeie um novo candidato. Esta quarta-feira, numa entrevista à CBS News, Biden colocou a hipótese de se retirar da corrida à Casa Branca mas apenas no caso de lhe ser diagnosticado um problema de saúde.

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