Uma abordagem mista entre o digital e os manuais escolares em papel é a melhor opção para a aprendizagem dos alunos, defende a Ordem dos Psicólogos num parecer divulgado esta segunda-feira em que sublinha a inevitabilidade das novas tecnologias.

“A evidência científica sustenta a ideia de que uma abordagem mista, que incorpore o uso de dispositivos móveis e de manuais em papel, pode ser a mais adequada à otimização da aprendizagem e do desempenho”, sugere a Ordem dos Psicólogos.

A posição consta de um parecer divulgado esta segunda-feira a propósito da petição “Pelo regresso à Utilização dos Manuais em Papel e Utilização dos Tablets e Computadores como Recurso de Apoio”, entregue em maio na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, com mais de duas mil assinaturas.

No documento, a Ordem dos Psicólogos sublinha que os dispositivos móveis como tablets e computadores são, “mais do que uma opção, uma realidade incontornável”.

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Por isso, acrescentam, as escolas devem estar preparadas para lidar com as novas tecnologias e gerir a melhor forma de as integrar nas suas metodologias e dinâmicas.

A melhor solução não é, no entanto, substituir os manuais em formato de papel por manuais digitais, mas adotar uma abordagem mista em que a Ordem vê uma oportunidade para a melhoria e inovação das metodologias de ensino e aprendizagem.

Na articulação entre os dois formatos, devem ser considerados fatores como o tempo recomendado de utilização de ecrãs nas diferentes faixas etárias, o tipo de tarefas e de matérias em causa e as características da criança.

Em relação ao tempo de ecrã, a Ordem dos Psicólogos recorda que tanto a Organização Mundial da Saúde como a Academia Americana de Pediatria e a Associação Americana de Psicologia aconselham um máximo de uma hora por dia para crianças em idade pré-escolar, duas horas por dia para crianças dos 6 aos 12 anos e duas a três horas por dia para crianças a partir dos 12 anos.

Quanto aos tipos de tarefa, o parecer refere, por exemplo, que o papel poderá ser mais adequado para atividades de leitura e compreensão escrita, enquanto o digital poderá ter mais vantagens para pesquisas, aprendizagens interativas ou acesso a informação atualizada.

O parecer da Ordem dos Psicólogos responde à petição entregue no final de maio por encarregados de educação da Escola Básica Integrada Roberto Ivens, em Ponta Delgada, que pedem a reavaliação da “atual estratégia de digitalização dos recursos educativos nas escolas açorianas”, com base “em preocupações e experiências observadas por alunos, pais e professores”.

No ano letivo 2022/2023, no âmbito da estratégia de transição digital, o Governo dos Açores iniciou a desmaterialização dos manuais escolares, com a disponibilização de manuais digitais para todas as turmas de 5.º e 8.º ano do ensino básico das escolas públicas do arquipélago, substituindo os manuais escolares em livro ou em suporte físico.

Nas escolas do continente, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação decidiu manter os manuais escolares digitais no próximo ano letivo, mas com a avaliação do seu impacto nas aprendizagens para decidir a continuidade do projeto-piloto iniciado em 2020.