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Equipas que incluem mergulhadores italianos especializados iniciaram, esta terça-feira, uma nova busca pelas seis pessoas desaparecidas após o iate de luxo em que seguiam ter naufragado na madrugada de segunda-feira em Palermo, Itália. O veleiro foi atingindo por uma tempestade e um remoinho ao largo da costa siciliana por volta das 5 da manhã. “Não previmos que ia acontecer”, afirmou o comandante do barco, James Catfield, numa curta declaração citada pelo jornal italiano La Repubblica.

Catfield foi uma das quinze pessoas, incluindo um bebé de um ano, resgatadas nos momentos que se seguiram ao naufrágio da embarcação que se encontrava ancorada. O iate, batizado de Bayesian, de bandeira britânica, tinha 22 pessoas a bordo, incluindo 10 tripulantes.

As buscas continuaram durante a noite de terça-feira, com a presença de quatro inspetores britânicos e um meio aéreo no local. Para além da profundidade e da posição do navio, o vento e o mar agitado dificultam os trabalhos. Os mergulhadores realizam mergulhos de apenas dez minutos e o seu caminho dentro do Bayesian está bloqueado “por um mundo de objetos”, relata a BBC.

Vincenzo Zagarola, da guarda costeira italiana, assumiu à agência noticiosa Associated Press que os seis desaparecidos devem ter morrido, tendo em conta que a “busca e salvamento por mar e ar duram há cerca de 36 horas”. “É claro que não excluímos que não estejam dentro do barco, mas sabemos que o barco se afundou rapidamente”, disse, acrescentando: “Supomos que as seis pessoas desaparecidas podem não ter tido tempo de sair do barco“. Questionado sobre a probabilidade de estarem vivos, respondeu: “Nunca digas nunca, mas razoavelmente a resposta deve ser não.”

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O corpo de um dos elementos do staff, Recaldo Thomas, o chef de cozinha ao serviço dos passageiros do iate, foi recuperado na manhã de segunda-feira junto aos destroços da embarcação. O homem era cidadão de Antígua, nascido no Canadá e é descrito por amigos e família, citados pela BBC, enquanto uma pessoa que “iluminava uma sala assim que chegava”.

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De acordo com os socorristas no local, citados pelo The Guardian, uma grande quantidade de água parece ter entrado no iate durante a tempestade pela popa ou pela proa num espaço de tempo muito curto, fazendo com que o casco se inclinasse e a embarcação se afundasse em poucos minutos.

Os passageiros faziam parte de um grupo internacional que embarcou no Bayesian para um cruzeiro no Mediterrâneo: vinham de Milazzo e Cefalù e rumavam a Palermo, quando foram surpreendidos por uma violenta tempestade.

Iate naufraga ao largo da costa siciliana. Uma pessoa morreu e seis estão desaparecidas

Entre os desaparecidos está o magnata britânico da área da tecnologia Mike Lynch e a sua filha de 18 anos. A mulher de Lynch, Angela Bacares, está entre os resgatados. O presidente do banco Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, e o advogado do Clifford Chance, Chris Morvillo, também estão desaparecidos.

Durante toda a segunda-feira, a primeira busca nos destroços, a cerca de 50 metros abaixo da superfície do mar, falhou. Marco Tilotta, chefe dos mergulhadores dos bombeiros de Palermo que lideram as buscas, explicou os muitos desafios para recuperar os corpos, sendo o principal a profundidade do navio.

“O maior desafio é a profundidade, que não permite intervenções imediatas. É preciso ter em conta que, quando entramos debaixo de água, temos três minutos para descer e oito minutos para trabalhar no naufrágio. Depois temos de iniciar a fase de subida”, explicou em declarações aos jornalistas, citadas pelo The Guardian.

Quem é Mike Lynch, o “Bill Gates britânico” e dono desaparecido do iate naufragado na costa de Itália?

“Há também o problema do acesso à embarcação com todos os pertences no interior e o facto de o barco estar posicionado a 90 graus”, descreveu, admitindo que os mergulhadores ainda não conseguiram entrar no barco. “Tencionamos fazê-lo em breve e inspecionar cada centímetro da embarcação”, assegurou, referindo que além do corpo encontrado ontem, do lado de fora do barco, não foram localizados outros corpos.

O governo britânico já tinha anunciado o envio de inspetores para a Sicília para realizar uma “avaliação preliminar” do desastre náutico. Um especialista no local, que não quis ser identificado, disse que o foco inicial da investigação seria saber se a tripulação do iate teve tempo de fechar as escotilhas de acesso à embarcação antes da tempestade.