Milhões de peixes mortos criaram um manto prateado nas águas do porto turístico de Volos, na Grécia, um fenómeno que terá tido origem nas inundações que houve no ano passado num lago ali próximo (Karla). Essas inundações, ao fazerem subir o nível das águas, levaram à deslocação de milhões de peixes dos seus habitats de água doce e levaram-nos para água salgada.

O forte cheiro alarmou os moradores da região e as autoridades rapidamente moveram esforços para remover os peixes mortos o mais rapidamente possível – já que esta é uma zona muito turística e quis-se evitar que o odor desagradável atingisse os restaurantes e hotéis próximos.

“A situação estende-se por quilómetros”, disse Stelios Limnios, membro do conselho municipal à Reuters. “Não é apenas ao longo da costa, mas também no centro do Golfo de Pagasetic”, continuou, referindo-se à zona ao largo de Volos, cuja costa está repleta de casas de férias.

O problema terá sido causado pelas inundações do ano passado que atingiram a planície de Tessália, mais a norte da região. Estas inundações encheram novamente um lago que havia sido drenado em 1962, numa tentativa de combater a malária, explica o The Guardian.

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O facto de o lago ter voltado a ter água fez com que ficasse com três vezes o seu tamanho normal, fazendo com que os peixes de água doce se dirigissem para o porto de Volos (que desagua no Golfo de Pagasetic). Foi no momento em que os peixes encontraram a água salgada do mar que morreram.

A grande operação de limpeza

A limpeza do local já está em curso. Depois de a comporta do lago Karla ter sido fechada e uma rede especial ter sido instalada na foz do Rio Xirias a imprensa local informou que, até à passada quarta-feira de manhã, já tinham sido removidas 57 toneladas de peixes. 

Os barcos envolvidos na operação de limpeza começaram a trabalhar em áreas entre os navios atracados no porto de Volos e no centro porque nestas zonas existe um risco significativo de danos para os barcos caso os peixes continuassem lá.

Dimosthenis Bakoyiannis, 33 anos, dono de um restaurante de praia a 10 km de Volos, diz que o seu volume de negócios caiu 80% este verão, uma vez que menos turistas quiseram visitá-lo depois das inundações.

“Fechar a barreira agora não ajuda”, confessou, à Reuters. “Agora é demasiado tarde, a época turística já acabou.”

Depois deste fenómeno, a Câmara de Magnésia — uma organização local de empresas e negócios em Volos — abriu uma ação judicial contra os responsáveis pelos milhões de peixes mortos no Golfo de Pagasetic.

O processo é “contra todos os responsáveis, instigadores naturais ou morais, cúmplices diretos ou simples, e diz respeito a delitos de negligência, exposição, degradação do ambiente (poluição), difamação, artigo 15.º do Código Penal ou qualquer outro delito que possa surgir, no Tribunal de Contra-Ordenações de Volos”.

Entretanto o procurador-geral do tribunal de primeira instância de Volos já ordenou uma investigação preliminar sobre os peixes mortos no lago Karla, avança o jornal ProtoThema. A qualidade da água do mar será examinada, assim como a carga microbiana na foz do Lago Karla.