O Ministério da Saúde decidiu esta terça-feira afastar o conselho de administração da Unidade Local Almada-Seixal, que integra o Hospital Garcia de Orta, avançou o canal de informação NOW e confirmou o Observador junto de fonte conhecedora do processo. A decisão está a gerar contestação entre as chefias do hospital, com vários diretores de serviço a ameaçarem agora apresentar a demissão em bloco em solidariedade com o diretor clínico, Henrique Santos.
A decisão foi comunicada por telefone à presidente do conselho de administração, Teresa Luciano (no cargo há cerca de dois anos), na tarde desta terça-feira, apurou o Observador. Não são ainda claras as razões que levaram a tutela a afastar a administração da ULS Almada-Seixal. Fonte do hospital sugere estar em causa “um saneamento político”, uma vez que Teresa Luciano foi nomeada ainda pelo anterior governo.
Outra hipótese é a demissão estar relacionada com a recente ‘crise’ na resposta às grávidas na margem sul do Tejo. Segundo o plano que tinha sido acordado entre a Direção-Executiva do SNS e os três hospitais da Península de Setúbal, deveria existir sempre uma unidade hospitalar com urgência de Obstetrícia aberta este verão. Em agosto, a rotatividade falhou em alguns ocasiões, nomeadamente num fim de semana em que deveria ter sido o Hospital Garcia de Orta a garantir a resposta às grávidas — o que criou desagrado junto da tutela.
Agora, o Ministério da Saúde decidiu afastar o conselho de administração, numa atitude inédita desde que o Governo entrou em funções, em abril. No entanto, a decisão está a gerar contestação entre as chefias do Garcia de Orta, que ameaçam demitir-se dos cargos em solidariedade com o diretor clínico, Henrique Santos, que é membro do conselho de administração agora afastado.
Para esta quinta-feira está agendada uma reunião em que vai ser discutida essa possibilidade, sendo que o mais provável, sabe o Observador, é mesmo os diretores de serviço renunciarem aos cargos.
Contactado, o Ministério da Saúde recusou fazer comentários sobre o tema. Também a ULS Almada-Seixal, contactado pelo Observador, optou pelo silêncio, remetendo esclarecimentos para a tutela.