Tomaž Vesel, o nome proposto pela Eslovénia para representar o país na Comissão Europeia, retirou esta sexta-feira a sua candidatura a Bruxelas. A desistência surge depois de Ursula von der Leyen ter pressionado os Estados membros a proporem mais mulheres para o cargo de comissário europeu, para manter a paridade de género nas instituições europeias, avança o POLITICO.

Vesel, advogado e juiz esloveno sem filiação partidária, foi anunciado em abril pelo executivo de Robert Golob para o cargo de comissário europeu. Esta sexta-feira, o primeiro-ministro aceitou a sua desistência, depois de Vesel ter “concluído que tinha visões divergente [de von der Leyen] sobre o funcionamento da Comissão Europeia”, informa a agência noticiosa eslovena STA.

A Eslovénia não é o primeiro Estado-membro a retirar o nome de um candidato. Na segunda-feira, a Roménia também alterou o nome que tinha proposto a Bruxelas, para nomear uma mulher, a eurodeputada Roxana Mînzatu. Inicialmente, o governo de Ljubljana tinha recusado a pressão de Bruxelas para nomear uma mulher, mas acabou por ceder. A imprensa eslovena aponta agora como potenciais comissárias Marjeta Jager, que trabalha como funcionária da Comissão Europeia, Marta Kos, uma ex-diplomata e Irena Joveva, uma eurodeputada na família europeia Renew Europe.

O mesmo pedido foi feito na semana passada a Malta. Contudo, o governo recusou retirar o nome de Glenn Micallef para manter a atual comissária Helena Dalli para um segundo mandato, relatou a imprensa maltesa. Os três países recusaram o pedido feito por Ursula von der Leyen durante o verão para que os Estados membros submetessem dois nomes, um homem e uma mulher, para apreciação em Bruxelas.

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Com o nome da alemã Ursula von der Leyen já aprovado pelo Parlamento Europeu, os restantes 26 Estados membros da comunidade europeia têm submetido nas últimas semanas as suas propostas para completar o elenco da próxima Comissão Europeia. Mas apenas nove candidatos são mulheres — entre elas, a portuguesa Maria Luís Albuquerque.

O caminho de Maria Luís Albuquerque para aqui chegar em nove casos polémicos

A luta da presidente da Comissão por paridade de género tem sido relatada aos media por várias fontes de Bruxelas mas, contactada diretamente pelo POLITICO, a equipa de von der Leyen recusou comentar a desistência de Vesel.

Esta semana, a alemã disse que a sua prioridade na escolha da uma equipa era “a competência”, preferindo políticos e diplomatas com mais anos de experiência. Mas o POLITICO nota que os países que têm relatado ter sido alvo de pressões têm todos uma coisa em comum: não serem governados por partidos membros do Partido Popular Europeu, a família política da Ursula von der Leyen.