O autor do ataque ao Centro Ismaili, em março do ano passado, começa a ser julgado em dezembro, avançou ao Observador fonte ligada ao processo. Abdul Bashir, o homem suspeito de duplo homicídio, está acusado de 11 crimes: dois de homicídio agravado, seis de homicídio agravado na forma tentada, dois de resistência e coação sobre funcionário e um crime de detenção de arma proibida. A primeira sessão está marcada para o dia 5.

O julgamento começa mais de um ano e meio após o ataque que fez duas vítimas mortais: duas mulheres, Farana Sadrudin e Mariana Jadaugy, de 24 e 49 anos, que trabalhavam no centro e que, na manhã de 28 de março, acabaram por morrer na sequência dos ferimentos provocados por um ataque com uma faca.

A assistente social de 24 anos e a gerente “extraordinária” de 49 anos: as vítimas do ataque no Centro Ismaili

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O suspeito atacou ainda elementos da primeira equipa da PSP que se deslocaram ao local. Na sequência, Abdul Bashir acabou por ser atingido a tiro numa perna, numa tentativa de os elementos da PSP pararem o ataque.

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Na acusação, o Ministério Público pediu que Abdul Bashir fosse declarado inimputável. O homem, natural do Afeganistão, “padecia e ainda padece de de anomalia psíquica, desde logo um quadro psiquiátrico de esquizofrenia e de uma perturbação da personalidade mista, designadamente perturbação de personalidade narcisista e perturbação de personalidade antissocial”, referia, em março deste ano, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal em comunicado.

Centro Ismaili. Abdul Bashir acusado de 11 crimes. Ministério Público pede que seja declarado inimputável

Tendo em considerava existir “uma elevada probabilidade de o arguido” poder praticar outros crimes “da mesma natureza”, o Ministério Público pediu no mesmo momento que fosse aplicada a medida de segurança de internamento.

Bashir chegou a Portugal em 2021, com os três filhos menores. Em março do ano passado, estava a ter aulas de português quando pegou numa faca, saiu da sala de aulas e matou as duas mulheres que estavam na sala ao lado — uma delas tratava do seu processo enquanto refugiado. O homem esteve na Grécia, no campo de refugiados de Lesbos, onde perdeu a sua mulher, num incêndio que deflagrou dentro do campo.