Farana Sadrudin e Mariana Jadaugy. Estes são os nomes das duas mulheres que morreram no ataque desta terça-feira levado a cabo por Abdul Bashir, um cidadão de nacionalidade afegã que estava em Portugal desde outubro de 2021 com estatuto de refugiado, no centro Ismaili. As duas eram responsáveis pelo processo de integração do atacante. 

Com 49 anos, Farana Sadrudin era a gerente e a principal responsável pela fundação Focus Europa, uma associação de assistência humanitária que se dedicava em parte ao acolhimento de refugiados em Portugal. É também uma instituição afiliada da rede Aga Khan para o Desenvolvimento, tendo como sede o Centro Ismaili, em Lisboa.

“Era a responsável para fundação Focus nesta parceria de trazer pessoas para Portugal”, apurou o Observador junto de fonte conhecedora da dinâmica da associação, descrevendo Farana Sadrudin como sendo “muito proativa”: “Estava sempre à espera de oportunidades, parcerias e protocolos”. “Era uma pessoa que queria mudar as coisas e fazê-lo de forma correta”, acrescentou.

Farana Sadrudin era a responsável por “acompanhar e monitorizar” os refugiados, principalmente na que dizia respeito à parte logística: por exemplo, diz a mesma   fonte ao Observador, a mulher de 49 anos “ia ver casas” para os migrantes viverem. “Fazia um trabalho extraordinário, era uma pessoa extraordinária, estava sempre a tentar ajudar toda a gente. Tentava fazer todas as articulações com entidades públicas e empresas.”

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Tendo chegado à Focus em 2021, Farana Sadrudin estudou Engenharia Informática no Instituto Politécnico de Setúbal. A sua página do Linkedin indica que a mulher de 49 anos trabalhou na seguradora AXA em Madrid, cidade na qual onde também desempenhava um papel na comunidade ismaelita.

Segundo o que apurou a SIC Notícias, Farana Sadrudin era também sobrinha de Nazim Ahmad, líder da comunidade ismaelita em Portugal.

A assistente social que tratava do processo de naturalização do atacante

Mariana Jadaugy, de 24 anos, acompanhava o quotidiano dos refugiados. Ao que apurou o Observador junto a um familiar, a jovem desempenhava as funções de assistente social e “tinha em mãos o processo de naturalização” de Abdul Bashir.

Segundo a sua página do Linkedin, Mariana Jadaugy, que era membro da comunidade Ismaili, chegou à fundação Focus em fevereiro de 2022. Fonte familiar garantiu também ao Observador que “nunca tinha tido conhecimento de quaisquer ameaças por parte do autor do ataque”.  

Nas suas funções atuais, Mariana Jadaugy ajudava os refugiados a reconstruir as suas vidas, incluindo a sua “orientação à chegada, a obtenção de estatuto legal, o acesso a benefícios da assistência social e outros serviços gerais, tais como aulas de línguas, apoio à habitação, procura de emprego, oportunidades educacionais, acesso a cuidados de saúde, e serviços adicionais específicos de apoio aos assentamentos”.

O objetivo do trabalho de Mariana Jadaugy passava por ajudar os refugiados a integrarem-se na sociedade portuguesa.

Licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa, Mariana Jadaugy concluiu o mestrado de Ciências Sociais e Desenvolvimento Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG) em 2019.

[Já saiu: pode ouvir aqui o terceiro episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio e aqui o segundo episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]