Desde homicidas a traficantes de droga, passando por ladrões — incluindo um que tentou arrancar do pulso de um idoso um Rolex —, um quarto dos estrangeiros condenados no Reino Unido que evitaram a deportação voltaram a cometer crimes após cumprir pena de prisão. No total, foram os autores de mais de dez mil crimes no espaço de um ano, divulgou o Ministério da Justiça, citado pela imprensa britânica.

De acordo com números mais recentes (2022), os 3.235 condenados libertados das prisões britânicas cometeram 10.012 crimes. Trata-se de um aumento de 25% face aos 8.021 cometidos por 2.462 estrangeiros libertados no ano anterior.

Ao longo dos quatro anos em que os dados foram recolhidos pelo Ministério da Justiça — 2018 a 2022 — foram cometidos 38.868 crimes, que vão desde assassinatos a posse de arma, por exemplo.

As informações foram divulgadas numa altura em que as autoridades britânicas publicaram novos detalhes sobre o dinheiro gasto no plano do governo de deportações para o Ruanda, uma iniciativa amplamente criticada que foi afastada pelo novo governo em julho. O Times refere que foram usados 715 milhões de libras (mais de 862 milhões de euros) desde o anúncio do plano, que levou à deportação de quatro migrantes.

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Atualmente, por lei, as autoridades britânicas podem dar início a um processo de deportação de um cidadão estrangeiro cuja condenação exceda um ano, recorda o Telegraph. No entanto, têm o poder de deportar também presos que sejam condenados a uma pena inferior a um ano se tal medida for considerada de interesse público.

Robert Jenrick, o ex-ministro da imigração, que este ano disputou a liderança do Partido Conservador britânico, propôs que por lei fosse exigido ao governo apresentar todos os anos um relatório que detalhasse a nacionalidade, o visto ou asilo de todos os indivíduos condenados no Reino Unido. “Dezenas de milhares de crimes por ano seriam prevenidos se o governo tivesse uma abordagem de tolerância zero para deportar condenados estrangeiros”, afirmou, citado pelo jornal britânico.

Há atualmente mais de dez mil cidadãos estrangeiros nas prisões britânicas, segundo o governo britânico. As principais nacionalidades são: albaneses, polacos, romenos, irlandeses, jamaicanos e lituanos, de acordo com um documento publicado este ano pelo National Audit Office.

O roubo do Rolex e o assassinato de

O jornal Telegraph refere vários casos de cidadãos que voltaram a cometer crimes após a libertação, como o de um homem jamaicano condenado a uma primeira pena de prisão por um crime com uma arma branca. Inicialmente era para ser deportado em 2020, mas o seu voo e o de outros 22 condenados foi cancelado após apelos de vários grupos, incluindo associações de direitos humanos. Já depois de ser libertado, envolveu-se numa luta de facas com outro homem, de 35 anos, acabando por matá-lo.

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Num outro caso referido pelo jornal britânico, um traficante de droga jamaicano, de 48 anos, que não foi deportado por um crime violento, acabou por matar depois uma jovem na sua própria casa.

E há ainda o episódio do homem que era procurado pelas autoridades para ser deportado por crimes cometidos no país e que foi condenado este ano a 45 meses de prisão por tentar roubar um Rolex de um idoso.