Passos Coelho tomou posse esta sexta-feira de manhã como primeiro-ministro do XX Governo Constitucional. Mas nas palavras do recém-empossado não estavam palavras de medidas para futuro, como fez há quatro anos. Estavam sobretudo recados para António Costa, mesmo que o nome do líder do PS não fosse proferido. Para Passos, o país está melhor, está no rumo certo, deve abrir um “novo ciclo reformista” e consolidar a trajetória de crescimento. Se isso não acontecer sentencia: “Os desvios precipitados poderiam deitar tudo a perder”. E quem pagaria? “E seriam mais uma vez os portugueses, os mais desprotegidos e mais vulneráveis – seria mais uma vez a classe média – a pagar o preço, como foi pago no passado”.
Ao contrário do Presidente da República, Passos Coelho nunca falou de estabilidade política. Mas falou dos seus efeitos. O primeiro-ministro sabe que a esquerda unida promete mandar o seu Governo abaixo mal possa, ou seja, no próximo dia 10 quando for votado o respetivo programa, e por isso fez um discurso virado para a necessidade de não ignorar o colete de forças que o país ainda tem. Disse Passos Coelho:
“Dado que os constrangimentos são apertados, temos de lidar com eles, e não ignorá-los numa vertigem voluntarista”. Até porque “aprendemos custosamente nestes anos que só podemos alcançar o que desejamos começando por trilhar os caminhos necessários. Fizemos esse caminho e recuperámos a confiança e a ambição. São ativos que não podemos desperdiçar”.
Na mesma senda de acenar com os problemas futuros, Passos Coelho atirou à esquerda: “Ninguém deve arriscar o bem-estar dos portugueses em nome de uma agenda ideológica ou de ambições políticas pessoais ou partidárias”.
No curto discurso, Passos Coelho reforçou ainda que o primeiro Governo que liderou conseguiu algumas conquistas, apesar dos constrangimentos a que esteve sujeito. E para o tempo que agora começa, o primeiro-ministro promete “diálogo e compromisso”. Disse que “a construção de entendimentos estende-se a todas as forças políticas, cívicas e sociais”. “A conjuntura parlamentar, em que a maioria que suporta o Governo é relativa e não absoluta, apenas reforça essa necessidade. Mas ela é ditada, no princípio e no fim, pelos desafios que o país tem pela frente”.
A seguir à tomada de posse, os 16 ministros e Passos Coelho reúnem-se em Conselho de Ministros para começarem a discutir o programa de Governo, que será discutido e votado nos dias 9 e 10 de novembro.