Barack Obama e David Cameron, Presidente norte-americano e primeiro-ministro britânico, escreveram na quinta-feira um manifesto apelando aos líderes mundiais que não cedam ao isolacionismo no combate ao Estado Islâmico. O Observador recupera algumas partes desse texto assinado no The Times, no dia em que a organização debate o tema em Cardiff. Aqui ficam eles.

“Numa altura em que a Rússia aponta as suas armas à Ucrânia e em que os extremistas islâmicos cometem assassínios horríveis, a NATO tem de fortalecer a sua aliança.

Na última vez que a NATO se reuniu no Reino Unido, em 1990, a Guerra Fria estava a acabar. Quando Margaret Thatcher e o Presidente George Bush prometeram ficar unidos, muitos pensaram que uma nova era de paz e de prosperidade daria menos relevância a esta grande aliança de segurança. No entanto, a NATO é hoje mais vital do que nunca para o nosso futuro.

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O crescimento na tecnologia e a globalização, com todos os seus grandes benefícios e oportunidades deram poderes, antes apenas reservados aos estados, ao cidadão comum, fazendo crescer a capacidade das organizações terroristas. As mortes horríveis de dois jornalistas norte-americanos pelo EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) não são mais do que as provas mais recentes de um extremismo brutal e tóxico que assassina indiscriminadamente e arrisca levar o terrorismo além-fronteiras.

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Alguns dirão que não devemos abordar esta ameaça. Outros terão dúvidas sobre a capacidade de adaptação da NATO aos desafios que enfrentamos. É fundamental responder a estas opiniões.

Aqueles que querem adoptar uma abordagem de isolamento não compreendem a natureza da questão da segurança no século XXI. Os desenvolvimentos noutras partes do mundo, especialmente no Iraque e na Síria, ameaçam a nossa segurança.

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Temos de complementar isto com uma força multinacional de resposta rápida, composta por forças especiais terrestres, aéreas e marítimas, que possam ser enviadas para qualquer parte do mundo. Tudo isto irá requerer investimento por parte dos países que compõe a NATO.

O Reino Unido e os Estados Unidos perfazem apenas metade dos membros da NATO que cumprem o objetivo de gastar 2 % do PIB na área da defesa e os outros estados devem intensificar os seus esforços para alcançar esta meta. Deste modo, passaríamos uma mensagem forte – a de que estamos mais resolutos do que nunca – a todos aqueles nos ameaçam.

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Os terroristas alimentam-se da instabilidade política. Portanto, temos de investir nas fundações para a criação de sociedades livres e abertas, como um governo genuinamente inclusivo no Iraque, que una todos os iraquianos.

Isto inclui apoiar os nossos parceiros que lutam diretamente contra o EIIL, como já fizemos ao apoiarmos as forças de segurança curdas e iraquianas. Além disso, devemos utilizar o nosso conhecimento para treinar e orientar forças noutros sítios, seja na Geórgia ou no Médio Oriente, fortalecendo as suas capacidades de lidarem com as ameaças locais.

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Se trabalharmos em conjunto iremos ser mais fortes, seja a enfrentar a Rússia ou no confronto com o EIIL. Portanto, hoje em Newport devemos invocar a resolução partilhada que inspirou os pais fundadores da NATO. Com mais de 60 países representados nesta cimeira, podemos transformar esta forte aliança de nações transatlânticas numa rede de segurança mais eficaz que promove a estabilidade em todo o mundo. Uma rede que o Reino Unido e os Estados Unidos irão continuar a liderar – não porque seja moralmente correto mas porque apenas apoiando a paz, a democracia e os direitos humanos por todo o mundo poderemos garantir a segurança das famílias britânicas e norte-americanas.”

Fonte: http://www.thetimes.co.uk/tto/opinion/columnists/article4195915.ece

Tradução de Francisco Ferreira