Barack Obama apelou a todos os norte-americanos para que fizessem um exame de consciência. Recusando-se a “agir como isto fosse normal”, o presidente dos Estados Unidos da América, que falava em São Francisco na segunda intervenção depois do ataque a uma igreja em Charleston, assegurou que o país precisa de uma “mudança de atitude” e de um maior controlo em relação ao controlo de armas.
Todos os anos, milhares de norte-americanos morrem vítimas de ataques realizados com armas de fogo. “Mais de 11 mil americanos foram mortos com uma arma em 2013”, referiu Obama. “Precisamos de uma mudança de atitude por parte de todos — dos proprietários de armas que cumprem a lei e daqueles que não estão familiarizados com as armas. Temos de conversar sobre isto e corrigi-lo”, acrescentou o presidente durante uma conferência que reuniu os presidentes das câmaras de todo o país.
As palavras reafirmaram o tom do discurso de quinta-feira, na Casa Branca, no qual Obama defendeu que “a certa altura, nós, enquanto país, teremos de reconhecer que este tipo de violência em massa não acontece em mais nenhum país civilizado”. Esta sexta-feira, em São Francisco, Obama garantiu que se o Congresso tivesse aprovado uma lei de maior controlo depois do ataque a uma escola em Newtown, em 2012, teríamos “mais americanos connosco”.
“Se o Congresso tivesse aprovado alguma lei depois de Newtown, depois de um grupo de [20] crianças ter sido morto a tiro na sua própria sala, uma reforma que 90% dos americanos apoiava… Talvez tivéssemos mais americanos connosco“.
Barack Obama assegurou que, no ano passado, a sua maior frustração enquanto presidente foi o fracasso dos esforços levados a cabo para para implementar um maior controlo sobre a venda e posse de armas. Em 2014, o governo de Obama avançou com um conjunto de medidas para reformar a legislação de controlo de armas. Entre elas encontrava-se a implementação de um sistema de verificação de antecedentes para impedir que as armes cheguem aos criminosos ou a pessoas com problemas de saúde mental. Porém, a proposta não recebeu a aprovação do Congresso.
Apesar disso, Obama garantiu não ter desistido. “Tenho fé de que iremos eventualmente fazer a coisa certa. Apenas acho que temos que mover a opinião pública“.
“Temos de ter um sentido de urgência. Em última análise, o Congresso vai seguir [a vontade] as pessoas. E temos de deixar de estar confusos em relação a isto. Nalgum momento, como país, teremos de avaliar o que se está a passar“.
O discurso de Barack Obama aconteceu dois dias depois de um jovem de 21 anos ter morto a tiro nove pessoas numa igreja em Charleston, na Carolina do Sul. Dylann Roof, autor do ataque, confessou o crime na sexta-feira, dizendo que queria começar uma “guerra racial”. Nikki Halley, governadora do estado da Carolina do Sul, garantiu que o jovem será “sentenciado à pena de morte”. “Este é o pior crime de ódio a que o país assistiu nos últimos anos”, disse a governadora à NBC News.