O Governo holandês deverá ser sujeito a uma moção de censura no Parlamento movida pelo partido de extrema-direita, liderado por Geert Wilders, por causa do terceiro resgate à Grécia, que o próprio primeiro-ministro e o seu partido não quiseram ainda apoiar publicamente, avança o Financial Times.

O Parlamento holandês nem tem de votar o terceiro resgate, mas o Governo tem de aprovar e, depois de meses de negociações, ainda não disse publicamente que o faria.

Esta quarta-feira os deputados serão chamados, de emergência, para discutir o resgate no Parlamento e há indícios que esta nova ajuda a Atenas pode deixar o Governo holandês em maus lençóis.

Em primeiro lugar, Geert Wilders, o controverso líder do partido anti-imigração e anti-União Europeia, o PVV, já anunciou que vai avançar com uma moção de censura ao Governo, lembrando as palavras de Mark Rutte, atual primeiro-ministro, de que não daria nem mais um cêntimo para a Grécia. Geert Wilders considera que o primeiro-ministro está a quebrar a confiança com o povo holandês.

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Mas se de Geert Wilders já se esperavam afirmações controversas e atitudes inflamatórias, e se se espera que a sua moção de censura não seja aprovada, a verdade é que existe preocupação com a posição do maior partido da coligação governamental de Mark Rutte (VVD). O parceiro de coligação é o partido trabalhista holandês de Jeroen Dijsselbloem, agora ministro das Finanças e Presidente do Eurogrupo.

O VVD ainda não decidiu qual vai ser a sua posição oficial em relação ao resgate. Mesmo que não exista uma votação que possa bloquear no Parlamento o resgate, o Governo holandês pode vir a ser alvo de várias moções contra este acordo, que podem não ser vinculativas mas tornam-se difíceis de ignorar.

Uma das questões dos deputados da maioria é a ausência do FMI neste resgate, algo que o Fundo já reforçou que só acontecerá se a dívida pública grega for sustentável.

A Holanda é um dos países que ainda tem de discutir, ainda que por decisão do Governo e não por imposição legal, o terceiro resgate à Grécia no seu Parlamento. Outro local onde se identificam tensões é na Alemanha. Não se antecipa um chumbo no Bundestag, mas as divisões dentro da Grande Coligação de Angela Merkel são cada vez maiores.

A Grécia está à espera que os cinco parlamentos nacionais que faltam aprovem o resgate entre terça-feira e quarta-feira, para que depois ele possa ser aprovado pelo conselho de governadores (ministros das Finanças do euro) do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Isto tem de acontecer antes de quinta-feira, altura em que Atenas tem de pagar uma dívida de 3,2 mil milhões de euros ao BCE.