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As táticas e movimentos antes da chuva. Os progressos são lentos e Kiev já teve de mudar a estratégia para furar as linhas defensivas russas

Em Zaporíjia, os avanços são lentos. Na reta de Bakhmut há trabalha a fazer, mas o "cerco está a apertar". Faltam apenas poucas semanas para as chuvas de outono começarem.

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“A guerra não é sempre os triunfos espetaculares.” A frase, de George Barros, analista do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), think tank que há mais de um ano acompanha os desenvolvimentos do conflito na Ucrânia, pode ser usada para resumir os últimos meses da ofensiva e contraofensiva ucraniana. Iniciada em meados de junho, não tem tido o progresso esperado por Kiev e pelos seus aliados ocidentais, com avanços lentos e muito desgastantes, ainda assim pontuado pela recuperação de algumas pequenas localidades estratégicas.

Em alguns setores, os avanços das tropas ucranianas não passam dos 100 metros por dia, como chegou a apontar o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. O progresso é muito diferente do ritmo alucinante com que no ano passado os militares foram recuperando território às forças inimigas — em três dias de setembro, conseguiram recuperar o controlo de mais de um terço da região ocupada de Kharkiv — e deixou a fasquia elevada para este ano. Mas os especialistas alertaram cedo que o mesmo cenário podia não se repetir em 2023. As intrincadas linhas de defesa russas, com sistemas de trincheiras, fossos e campos minados, construídas para dificultar ao máximo um avanço, reduziram drasticamente o ritmo de progressão das forças de Kiev no terreno.

Ainda assim, as forças ucranianas ultrapassaram algumas posições russas ao longo da linha de avanço a sul, a frente mais promissora. Também reivindicaram a libertação de algumas pequenas localidades no Donbass, perto da disputada cidade de Bakhmut (região de Donetsk) e há muito que essas reconquistas vão acontecendo por trás das cortinas, longe dos holofotes. “É em grande parte devido às coisas chatas que não vemos e a todo o trabalho base que estabelece as condições para os triunfos”, como acrescenta George Barros.

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No campo de batalha os soldados ucranianos vão celebrando mesmo os pequenos sucessos

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Apesar da lentidão nos avanços, o balanço que muitos analistas fazem dos últimos meses é positivo: “A Ucrânia tem a iniciativa e isso é algo muito importante na guerra”, sublinha em declarações ao Observador Johan Norberg, especialista em assuntos militares russos e analista militar na Agência de Investigação em Defesa da Suécia. “A contraofensiva está a decorrer lentamente, mas a avançar. E o progresso é lento porque os territórios a recuperar são enormes — correspondem aos territórios dos Países Baixos, Bélgica e Suíça combinados. Toda esta conversa de que a contraofensiva não está a ir a lado nenhum só mostra a completa ignorância sobre os princípios básicos desta guerra”, defende.

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A Ucrânia já recuperou até à data mais de 54% das zonas sob ocupação russa, avançou esta semana o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, Mark Milley, na reunião do grupo de contacto para a defesa da Ucrânia, sem contudo especificar se estava a referir-se a territórios ocupados desde 2014 ou da invasão em larga escala lançada em fevereiro de 2022. “Enquanto a contraofensiva progride, é fácil ficarmos concentrados nos números, gráficos, dados, as setas num mapa. Mas devemos lembrar-nos, em primeiro lugar, de que a guerra é um esforço humano. Cada avanço ucraniano, cada centímetro de território recuperado só acontece devido à bravura, honra e sacrifícios incríveis feitos pelo povo ucraniano e os seus militares”, afirmou, na mesma semana em que o Presidente da Ucrânia esteve em Nova Iorque — para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas — e em Washington — para uma visita ao Congresso e uma reunião pessoal com Joe Biden na Casa Branca.

Mas, apesar dos sinais públicos de apoio, vai crescendo a impaciência do ocidente, especialmente com a realização de eleições em vários países e com setores da população algo descontentes com os elevados gastos com o apoio a Kiev, em detrimento de investimentos nos próprios países. A esse respeito, os especialistas ouvidos pelo Observador sublinham a importância da manutenção do apoio. “Devemos dar aos ucranianos o benefício da dúvida. O importante é continuar a apoiá-los”, sublinha Johan Norberg, destacando que esta é uma guerra que vai muito para além da Ucrânia.

O fim do verão traz consigo um novo inimigo nos esforços da Ucrânia para recuperar território: o mau tempo. Restam a Kiev apenas cerca de três semanas até as chuvas começarem a tornar os terrenos lamacentos e a dificultar novos avanços. O major-general Isidro Morais Pereira sublinha que é importante que as tropas ucranianas consigam avançar mais alguns quilómetros até lá, especialmente na frente sul. “A janela de oportunidade para efetuar avanços significativos, com a chegada do outono, diminui a esperança de conseguir progredir a bom ritmo”, refere. Não deixa de destacar que os avanços dos últimos meses foram conseguidos mesmo à custa de apoios militares que chegaram de forma tardia, e também apesar da falta de superioridade aérea.

Zaporíjia e a esperança de cortar o corredor terrestre da Crimeia

A frente de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, assumiu-se como o principal eixo dos meses da contraofensiva. As forças ucranianas celebraram no final de agosto a recuperação da pequena localidade de Robotyne, expandindo a abertura à sua volta, cruzando assim a primeira linha das defesas russas e aumentando as esperanças de um avanço após semanas de progressos medidos ao metro. O objetivo neste setor parece claro: abrir caminho em direção ao sul ocupado da Ucrânia e à Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014. “Ao ficarmos entrincheirados nos flancos de Robotyne, abrimos caminho para Tokmak e, finalmente, para Melitopol, bem como para a fronteira da Crimeia”, assegurou recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia.

Dmytro Kuleba reconheceu que esta batalha foi particularmente longa e árdua, devido aos aviões, helicópteros e drones russos “que dominam o céu”, bem com as dificuldades de cruzar os campos minados — em alguns casos, chegam a estar cinco a sete minas por metro quadrado. Mas a vitória em Robotyne não se fez sem perdas. Na tomada de posições em torno da localidade, uma companhia ucraniana, por exemplo, perdeu quatro de oito carros de combate, assim como os tripulantes que seguiam em dois deles, como revelaram ao El País militares perto da linha da frente de guerra. Há a registar, inclusivamente, a perda de material recém fornecido pelo Ocidente, com a destruição, pela primeira vez, de um Challenger-2 britânico.

As tropas ucranianas têm feito progressos na região de Zaporíjia, em particular no setor junto de Verbove

Ao jornal espanhol, vários militares descreveram que estas e outras perdas levaram a uma ligeira alteração de táticas: dar prioridade nesta frente a ataques de pequenos grupos de infantaria, esquadrões e pelotões entre seis a 30 soldados, e deixar para apoio indireto os veículos blindados, que se tornaram um alvo fácil. “A maneira mais fácil de morrer é seguir dentro de um carro de combate”, justificou ao El País Volodymyr (sem referências ao apelido), um oficial da Guarda Nacional da Ucrânia a combater na região, descrevendo as tropas russas como melhor formadas, com mais experiência e melhor equipadas. “Basta que um carro de combate nosso que esteja a abrir caminho pise uma mina para que toda a coluna se detenha e numa questão de minutos seja arrasada com mísseis a partir das trincheiras, com drones, com bombas, com artilharia e fogo aéreo”, explicou.

Não é de surpreender esta disposição. “É difícil fazer os tradicionais ataques em larga escala com muitos blindados e infantaria. Isso implica concentrar forças num só lugar para produzir um avanço, o que deixa as forças muito vulneráveis à artilharia — e isto é sem dúvida uma guerra de artilharia”, diz o analista militar sueco Johan Norberg, também investigador do Foreign Policy Research Institute. É arriscar perder as tropas “numa questão de minutos”, sublinha, razão pela qual as companhias de soldados como Volodymyr se vão dispersando em pequenos grupos pelos bosques na região.

A pouco e pouco vão chegando notícias positivas para a Ucrânia. “A observação geoespacial já assinala a presença de viaturas blindadas e mecanizadas, principalmente na região de Zaporíjia, na direção de ataque de Melitopol, e fundamentalmente a oeste de Verbove”, refere o major-general Isidro Morais. É o que aponta o Instituto para o Estudo da Guerra no seu mais recente relatório. O think tank norte-americano refere que imagens geolocalizadas e publicadas a 21 de setembro mostram os blindados ucranianos a avançar a sul das valas antitanque e dentes de dragão que fazem parte de uma defesa de três camadas e se envolveram em alguns combates imediatamente a oeste de Verbove.

"A capacidade ucraniana de trazer blindados para e através das mais formidáveis defesas russas destinadas a detê-los e de operar estes veículos perto de posições defensivas russas são sinais importantes de progresso na contraofensiva ucraniana."
Instituto para o Estudo da Guerra no relatório de 21 de setembro

“Não é claro se as forças ucranianas mantêm estas posições, mas é o primeiro caso observado das forças de Kiev a operar blindados além da defesa russa de três camadas”, começa por explicar o ISW. “A presença destes veículos para lá da linha final da atual camada defensiva russa mostra que os ucranianos conseguiram ultrapassar as duas primeiras linhas desta camada o suficiente para operar veículos através da brecha”, refere. E acrescenta que, para isso, os ucranianos tiveram de suprimir a artilharia e sistemas anti-tanque russos na área, atravessando um das “mais formidáveis defesas” num importante sinal de progresso na contraofensiva.

A Ucrânia vai celebrando discretamente. Esta quinta-feira, o coronel Mykola Urshalovych, Diretor Adjunto de Planeamento da Guarda Nacional, disse num briefing em Kiev que, “no setor Melitopol, unidades das brigadas da Guarda Ofensiva estão a expulsar os invasores das suas posições e a consolidar as suas posições, apesar da forte resistência russa”. Do lado russo, foram divulgados prontamente ataques infligidos às tropas ucranianas, mas há também vozes que admitem dificuldades. “O inimigo está a completar a redistribuição das suas unidades na área de Robotyne, pelo que esperamos que a situação na área de Robotyne-Verbove se deteriore”, explicou Yevgeniy Balitskiy, um dos governadores das zonas sob ocupação no oblast de Zaporíjia.

O que esperar daqui para frente? Um trabalho a pouco e pouco das forças ucranianas para continuar a avançar paulatinamente. “Deveríamos ter uma perspetiva de longo prazo sobre esta operação”, alerta Johan Norberg. “Pode existir um colapso de qualquer um dos lados por causa de algo que não conseguimos prever, mas parece que agora vai ser uma longa tarefa.”

Os avanços no eixo de Bakhmut que possibilitaram alguns dias de calma

Tranquilidade é uma palavra que durante muitos meses não se associou a Bakhmut, a cidade que foi palco da mais longa batalha da guerra e que as tropas de Kiev estão agora a tentar recuperar. Mas desde que os soldados ucranianos reivindicaram há quatro dias as localidades de Andriivka e Klishchiivka, a cerca de oito quilómetros a sul de Bakhmut, o sentimento é agora de um pouco mais tranquilidade. “Dois dias depois da libertação de Klishchiivka, está tudo mais calmo. É possível que eles [os russos] estejam a reposicionar-se ou talvez a construir novas posições, mas, meu Deus, durante dois meses não havia calma. Simplesmente não acontece”, disse à Reuters o comandante ucraniano Vladyslav. Ainda assim, o sentimento não deverá durar. As aeronaves russas “tornam a vida difícil” e os ataques de drones são “mais percetíveis ultimamente”, refere. A certeza é de que são necessárias mais armas.

A recuperação das duas localidades, que a Rússia não reconheceu para já, até pode parecer coisa pouca, mas essa avaliação pode ser precipitada. “Estas vilas, embora à primeira vista pequenas, são importantes elementos das linhas defensivas do inimigo que se estendem até Bakhmut”, destacou o general ucraniano Oleksandr Syrskyi numa publicação no Telegram. “Como resultado das ações bem sucedidas das nossas tropas, a linha de defesa, que o inimigo tentou fechar ao enviar todas as reservas disponíveis para batalha, foi invadida”, acrescentou.

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Os soldados ganharam alguns dias de tranquilidade após recuperar as localidades de Andriivka e Klishchiivka

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A importância da cidade de Bakhmut tem sido questionada desde o início dos combates, que já remontam ao ano passado. O que surpreendeu alguns analistas é que, mesmo apostando no setor de Zaporíjia, se manteve uma intensidade significativa de combates em Bakhmut e na região do Donbass. “É interessante que a Ucrânia esteja a avançar para leste no Donbass e, por isso, está a apoiar duas operações ofensivas ao mesmo tempo. Quando olhei para isso antes, pensei que iriam concentrar as forças numa operação, mas transformaram-se em duas”, refere Johan Norberg. O analista sueco assume que pode tratar-se de um sinal de que “há mais em jogo no Donbass do que apenas Bakhmut”, ainda que para já seja difícil de ver o cenário todo.

Perto de Bakhmut, à semelhança da evolução na região de Zaporíjia, os avanços têm sido lentos. É uma guerra de pequenos avanços, mas o “cerco está a apertar”, resume o major-general Isidro Morais. “As forças ucranianas estão a evitar combater dentro das ruínas de Bakhmut, onde estão concentrados os russos, e tentam cercá-los”, aponta. Andriivka, que fica a cerca de três quilómetros do aeroporto de Donetsk, e Klishchiivka, que se situa num terreno elevado a partir do qual o ataque pode continuar, são parte desse esforço, acrescenta.

“Os avanços ucranianos, embora lentos, continuam a verificar-se diariamente. Os  militares russos que combatem estão entrincheirados dentro do perímetro urbano de Bakhmut e com o tempo podem vir a ter de se retirar”, refere. Nessa eventualidade, o apoio logístico começará a escassear, deixando as tropas russas sem capacidade de combate e com apenas duas opções: retirar ou ser massacradas.

Numa das últimas declarações enquanto vice-ministra da Defesa — antes de ser afastada, numa reformulação do setor ordenada pelo Presidente ucraniano e que levou também ao afastamento do ministro Oleksii Reznikov –, Hanna Maliar revelou que as forças ucranianas recuperaram cerca de 52 quilómetros quadrados de território perto de Bakhmut. As forças russas, por oposição, parecem estar a fazer poucos avanços. Num relatório publicado esta sexta-feira, o Instituto para o Estudo da Guerra refere que as forças russas, “que têm por objetivo manter as posições na linha da frente e proteger a retaguarda de ataques ucranianos”, conduziram operações ofensivas perto de Bakhmut sem avançar. O mesmo cenário repetiu-se ao longo da linha Avdiivka-Donetsk.

Crimeia e o sonho de restituir as fronteiras

Enquanto as atenções estão mais concentradas nos avanços, ainda que lentos, na região de Zaporíjia e no Donbass, a Ucrânia vai preparando o caminho para a Crimeia. A península tem estado sob ataques recorrentes ao longo das últimas semanas e esta sexta-feira trouxe novos desafios para as forças russas ali estacionadas. Um ataque com mísseis reivindicado por Kiev voltou a atingir a base da Marinha Russa no porto de Sebastopol, junto ao Mar Negro. E ficou uma promessa: “Haverá mais”, nas palavras do comandante das Forças Armadas ucranianas, Mykola Oleschuk.

O analista militar Johan Norberg não tem dúvidas de que a Ucrânia “está a preparar a Crimeia para poder mover as suas forças mais tarde”. Até lá, o principal objetivo é atingir as infraestruturas e capacidades russas na península. Sobre prazos, nem vale a pena falar. “É preciso eliminar uma grande percentagem da defesa aérea russa antes de ser possível avançar. Isso pode levar uma semana, um mês, pode levar um ano até”, acrescenta o analista da Agência de Investigação em Defesa da Suécia.

“A Ucrânia está a preparar a Crimeia para poder mover as suas forças mais tarde. É preciso eliminar uma grande percentagem da defesa aérea russa antes de ser possível avançar."
Johan Norberg, analista militar na Agência de Investigação em Defesa da Suécia

A Ucrânia não esconde que este é o seu objetivo. “O caminho para a vitória no campo de batalha é destruir as logísticas russas”, já tinha assumido esta semana Andriy Yermak, chefe da equipa de gabinete do Presidente da Ucrânia, na sequência dos ataques à Crimeia. Derrotar a Rússia, sublinhou, depende de não dar a Moscovo a “oportunidade de preservar o potencial militar para travar uma guerra agressiva”.

Os ucranianos já o estão a fazer. Conduziram pelo menos dois ataques em que alegam ter destruído sistemas de mísseis antiaéreos S-400 Triumf com os mísseis de fabrico nacional Neptune — se o nome parece familiar, é porque foram usados no ano passado para afundar o Moskva, um dos maiores navios de guerra russos. O ataque mais devastador até agora, que, segundo alguns analistas, terá sido facilitado pela destruição dos sistemas de defesa, ocorreu no entanto a 13 de setembro e atingiu o estaleiro de reparação russo Sergo Ordzhonkidze com dez mísseis britânicos Storm Shadow. Permitiu danificar um submarino e um navio da marinha russa na Crimeia.

“Apesar de não ser tão surpreendente como o ataque ao Moskva, este tem talvez um significado mais profundo para a guerra no geral”, considera Tom Sharp, antigo capitão da marinha real britânica. Num artigo publicado no jornal The Telegraph, intitulado “A Ucrânia teve uma vitória naval massiva sem ter uma marinha”, Sharp explica o porquê. Por um lado, obriga à remoção de uma embarcação logística e um submarino equipada com os mísseis Kalibr, aumentando a “lista de perdas” da frota do Mar Negro. A reparação do submarino, em particular, poderá ser difícil ou mesmo impossível, refere. Por outro lado, explica, todos estes ataques colocam em causa a viabilidade da base naval de Sebastopol. Ainda que possa continuar a ser usada, será às custas da substituição e reforço das defesas russas.

Estes são apenas alguns dos ataques conhecidos, que alguns analistas apontam ser apenas a “ponta do iceberg”. Poderão estar a ocorrer mais ações ofensivas, que Kiev prefere fazer pela calada, e sobre os quais Moscovo prefere não falar. O major-general Isidro Morais não tem dúvidas de que nos próximos tempos a pressão vai aumentar com mais ataques, especialmente com a chegada do outono. “A partir do momento em que as operações na frente de combate diminuem de intensidade, vão sendo substituídas por ações na profundidade do adversário, por ataques com drones, mísseis, tanto de um lado como do outro”, explica.

Quanto aos próximos alvos, Isidro Morais aponta aquele que considera ser o mais provável nos próximos tempos: “Não sei quanto mais tempo a ponte da Crimeia, que ainda não está completamente reparada, vai continuar de pé. Não me admiraria nada que, mais dia, menos dia, fosse novamente atacada e atacada de forma soberana.” Isso depende, no entanto, dos meios à disposição da Ucrânia. “Não têm um arsenal infinito de mísseis para continuar a atacar. Têm de definir as suas prioridades cuidadosamente”, defende ainda Johan Norberg.

A esse propósito, Volodymyr Zelensky poderá ter ouvido a notícia por que tanto esperava, na sua passagem por Washington, esta semana. A informação, divulgada pelo canal norte-americano NBC News, só foi conhecida já depois de o Presidente ucraniano ter deixado o país, mas tem um peso significativo nos planos de guerra de Kiev: os Estados Unidos terão informado Zelensky de que vão mesmo entregar um conjunto — ainda que em número reduzido — de mísseis de longo-alcance ATACMS. Com capacidade de atingir alvos a pouco mais de 300 quilómetros de distância, a entrega dos mísseis poderá ser a chave para ataques mais eficazes para lá das linhas defensivas das forças russas, permitindo inclinar um pouco mais o tabuleiro dos combates a favor de Kiev.

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