Porque é que o Observador quer ter ainda mais Fact Checks?
O Observador leva muito a sério a sua função de escrutínio dos diferentes poderes — político, económico, judicial. E os Fact Checks são um formato que permite fazer esse escrutínio de forma clara. O Observador faz Fact Checks desde junho de 2015, mas agora vai aumentar a produção deste modelo jornalístico, com o objetivo de ajudar os leitores a distinguirem com maior facilidade entre a verdade e a ilusão.
Estes novos Fact Checks do Observador estão relacionados com tudo o que se tem escrito sobre a propagação de notícias falsas e sobre aquilo a que se tem chamado “pós-verdade”?
Também, mas não só. Naturalmente que o Observador vai estar atento a esse fenómeno, mas a necessidade de escrutinar os diferentes poderes sempre existiu no jornalismo — com notícias falsas ou sem notícias falsas, com “pós-verdade” ou sem “pós-verdade”. O objetivo do Observador é o de sempre: contribuir para um debate público mais informado e esclarecido.
Quais são as conclusões que se podem tirar de cada Fact Check?
Às vezes, a resposta a uma pergunta é “sim” ou “não”; outras vezes, a resposta é menos categórica. E o objetivo dos Fact Checks não é fazer de conta que o mundo é simples ou — pior — simplista. Por isso, os Fact Checks do Observador têm seis conclusões possíveis: “Certo“, “Praticamente Certo“, “Esticado“, “Inconclusivo“, “Enganador” e “Errado“.
Essas conclusões estão identificadas de forma clara?
Sim. A nova versão dos Fact Checks do Observador identifica logo no início do texto a frase que está a ser submetida a escrutínio e a conclusão da investigação jornalística. Veja um exemplo, relativo a declarações de Marcelo Rebelo de Sousa:
O Observador só faz Fact Checks quando acha que alguém está a fazer declarações erradas?
Não. O Observador decide fazer um Fact Check sempre que alguém faz uma declaração que levanta dúvidas no espaço público. E não parte para a investigação jornalística com qualquer ideia fechada sobre quais serão as conclusões. Um exemplo: quando Catarina Martins afirmou que o Orçamento do Estado para 2017 representou o maior aumento de pensões desta década, a conclusão do nosso Fact Check foi “Certo“. Outro exemplo: quando, no passado mês de setembro, Maria Luís Albuquerque afirmou que Portugal era o único país da Zona Euro em que a taxa de juro cobrada pelos investidores subira, a conclusão também foi “Certo“.
Como é que o Observador decide o que deve ser verificado?
Se a informação corre no espaço público, ela pode ser alvo de uma verificação. Todos os meses, um acontecimento em qualquer ponto do globo tem repercussões nacionais e dá lugar às mais variadas teses; todos os dias os diferentes responsáveis políticos intervêm publicamente; a cada segundo, as redes sociais são invadidas por uma nova vaga de alegações sobre os temas mais quentes da agenda mediática — e tudo isso pode (e, em muitos casos, deve) ser analisado com maior detalhe, confrontando os argumentos apresentados com a mais sólida evidência científica e com os dados verificados e disponibilizados por entidades públicas credíveis. Ponto a pergunta ao contrário: se se trata claramente de humor, de uma opinião ou análise pessoal, ou se está em causa uma previsão de acontecimentos futuros impossível de validar ou contestar, não vamos verificar uma declaração ou uma publicação viral.
Da decisão de verificar uma informação à publicação do artigo, que passos são dados?
Antes de mais, é preciso definir claramente o que vai ser verificado, para que o artigo seja, como se impõe, claro e direto nas conclusões que apresenta. Depois, é tempo de investigar. Por exemplo: se o primeiro-ministro alega que, nas eleições legislativas de 2015, o PS foi o único partido a dedicar atenção aos problemas da Habitação em Portugal, é incontornável olhar para os programas eleitorais dos partidos que concorreram a essas eleições e perceber que referências sobre essa matéria foram incluídas pelos restantes partidos nos respetivos programas com que se apresentaram a eleições. Documentos oficiais, relatórios de entidades idóneas, especialistas com experiência e capacidade reconhecida pela pares nos temas em análise, registos históricos — tudo isto são fontes válidas para a verificação do rigor dos factos de uma declaração pública.
O Observador acha que os Fact Checks são infalíveis?
Claro que não. O Observador não se acha, de forma nenhuma, infalível. Os jornalistas fazem o seu trabalho de forma séria, disciplinada e rigorosa. Mas, naturalmente, podem errar. E, quando isso acontece, seguem sempre o mesmo procedimento: corrigem a informação, dando-lhe publicidade; e avaliam o que correu mal para tentar evitar que o erro se repita. Por isso, se detectar alguma incorreção num dos nossos Fact Checks, mande-nos essa informação (com os documentos e fontes que a comprovam) para o email “factcheck@observador.pt”. Esse email também serve para enviar sugestões sobre Fact Checks que devemos fazer.
Os leitores podem escrutinar os Fact Checks do Observador?
Claro que sim. Para que a investigação seja feita de forma transparente, o Observador fornece aos leitores todos os dados a que acederam e, sempre que possível, fornecem links para que os leitores possam ter acesso às fontes de informação.
O Observador só vai fazer Fact Checks em texto?
Não. Além do texto, o Observador já começou a fazer Fact Checks em vídeo, como pode ver neste exemplo:
Os Fact Checks do Observador obedecem a algum Código de Conduta?
Sim. Há alguns meses, o Observador começou a colaborar com a Rede Internacional de Fact-Checking (IFCN), do Poynter Institute for Media Studies. Na sequência desses contactos, o Observador adoptou o Código de Conduta do IFCN, que pode ler aqui. Sempre que considerem que o Código de Conduta do IFCN pode não estar a ser respeitado, os leitores do Observador podem reportar diretamente essa informação ao Poynter Institute for Media Studies, através do formulário disponível no site da instituição.
Os jornalistas do Observador que fazem Fact Checks podem ter algum tipo de incompatibilidade?
Não. O Observador cumpre a Constituição e a Lei de Imprensa, pelo que não pode impedir que os jornalistas exerçam os seus direitos de participação política. Porém, a bem da transparência, da independência e do rigor, o Observador certifica-se de que nenhum dos seus jornalistas incorre em algum tipo de incompatibilidade nesta área.
Qual é a importância dos Fact Checks no jornalismo hoje em dia?
Enorme. Trata-se de uma tendência em crescimento no mundo inteiro. Segundo o estudo “The rise of fact-checking sites in Europe“, do Reuters Institute, há neste momento 113 organizações dedicadas ao fact-checking: “Mais de 90 por cento foram fundadas desde 2010; e cerca de 50 foram lançadas nos últimos dois anos”. Nos Estados Unidos, jornais como o Washington Post e o The New York Times têm apostado neste formato; na Europa, os franceses Le Monde e Libération ou o italiano Pagella Politica têm feito o mesmo.
Texto editado a 19 de julho de 2018 para acrescentar a informação relativa a incompatibilidades, tendo em conta os guidelines da Rede Internacional de Fact-Checking (IFCN), do Poynter Institute for Media Studies. Editado a 13 de julho de 2021 para acrescentar o link para o formulário do IFCN através do qual os leitores podem reportar suspeitas de violação do código de conduta do Poynter Institute. E editado a 8 de novembro de 2023 com uma explicação mais detalhada do processo seguido na verificação de factos.