Artigo publicado originalmente no dia 7 de dezembro. Última atualização a 11 de dezembro.

Enfermeiros: “Os colegas continuam a aderir com muita força”

As duas semanas de greve dos enfermeiros já levaram ao cancelamento de mais de 5.000 cirurgias, no Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), Centro Hospitalar Universitário do Porto, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal. O sindicato admite alargar a greve a outras unidades hospitalares.

“Continuam a ser diariamente adiadas ou desprogramadas cerca de 500 cirurgias e os colegas continuam a aderir com muita força e continuam empenhados nesta luta até quando for necessário”, disse Carlos Ramalho, presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal, que convocou a greve juntamente da Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE).

Técnicos de diagnóstico: “O Governo continua sem deixar outra alternativa aos sindicatos”

Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica (TSDT) fizeram, esta quarta-feira, a quinta greve este ano com concentrações em Lisboa e no Funchal para exigir a conclusão do processo da revisão da carreira. Os dias de greve vão continuar, de forma intercalada, ao longo de todo o mês de dezembro, anunciou o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas do Diagnóstico e Terapêutica.

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“O Governo continua sem deixar outra alternativa aos sindicatos e aos TSDT. Marca uma reunião só para o dia 10 de dezembro, sem apresentar, até ao momento, novas propostas negociais, insinuando também a pretensão de encerrar as negociações”, afirmou o presidente do sindicato, Luís Dupont.

Os TSDT são constituídos por 19 profissões e abrangem áreas como as análises clínicas, a radiologia, a fisioterapia, a farmácia, a cardiopneumologia, entre outras, num total de cerca de 10 mil profissionais em exercício nos serviços públicos de saúde. Prevê-se que as greves afetem praticamente todos os serviços de saúde, com especial incidência nos blocos operatórios, altas e internamentos hospitalares, diagnósticos diferenciados em todas as áreas de intervenção clínica, planos terapêuticos em curso, distribuição de medicamentos e prevenção em saúde.

Professores e educadores de infância: 35 horas semanais

Os professores e educadores de infância exigem que o Governo respeite o estatuto da carreira do docente e, consequentemente, as 35 horas de trabalho semanais. Além disso, este grupo de profissionais continua a exigir a recuperação integral do tempo em que as carreiras estiveram congeladas: nove anos, quatro meses e dois dias. O protesto inclui as 10 organizações sindicais do setor, segundo fonte da Fenprof (Federação Nacional Dos Professores).

“Ao mesmo tempo que pretende eliminar tempo de serviço cumprido pelos professores, o Ministério da Educação exige que estes cumpram mais horas de trabalho do que as estabelecidas em lei, violando o limite de 35 horas aplicável aos trabalhadores da Administração Pública e o disposto no Estatuto da Carreira Docente sobre a organização das diversas componentes do horário de trabalho”, lê-se num dos pré-avisos de greve. A greve afeta todas as atividades que não estejam previstas no horário dos professores e pode incluir aulas de apoio, reuniões ou formações obrigatórias para professores.

Até ao momento, os sindicatos enviaram pré-avisos de greve diários (um por cada dia) até ao dia 4 de janeiro, respeitando os 10 dias úteis exigidos pelo Governo. A ideia éque os professores e educadores de infância continuem em greve até ao final do ano letivo ou até o Ministério da Educação ceder às exigências.

Bombeiros: “Deixa arder”

Os bombeiros profissionais vão fazer greve durante duas semanas, de 19 de dezembro a 2 de janeiro, em protesto contra as propostas para regulação do regime de aposentações dos profissionais do setor aprovadas pelo governo, em outubro passado. O anúncio foi feito em Lisboa, durante uma manifestação que decorreu no dia 3 de dezembro e juntou o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local, a Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais e o Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais.

Durante o protesto, alguns bombeiros profissionais derrubaram as grades de segurança no meio da Praça do Comércio e deslocaram-se para junto da porta do Ministério da Administração Interna. Ao som de sirenes e a gritar “Deixa arder”, os bombeiros foram travados junto da porta do Ministério da Administração Interna por outros bombeiros e por policias.

Guardas prisionais: “Temos o pior de dois mundos e não é isso que queremos”

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional exige que o processo negocial “seja desbloqueado” e que, “finalmente, os guardas prisionais consigam aprovar um estatuto profissional que traga justiça aos guardas, igual ao que está a ser aplicado a outras forças equiparadas”, como é o caso da PSP.

O Corpo da Guarda Prisional quer saber “o tempo que conta, para trás, para a frente, como vai ficar em termos de escalões”, e afirma que, apesar de estarem equiparados à PSP, esta força policial tem suplementos que não foram atribuídos aos guardas prisionais. “Temos o pior de dois mundos e não é isso que queremos”, frisou o sindicalista, explicando que a PSP tem uma tabela remuneratória diferente, tem muitas categorias nos locais certos, enquanto existem guardas prisionais a desempenhar a função de chefe, mas a receber como guardas e são os responsáveis pela cadeia ao fim de semana, quando há visitas e todo um serviço acrescido a realizar.

Funcionários judiciais: “Costa, escuta, os oficiais de justiça estão em luta”

O Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) agendou uma greve nacional de uma semana para janeiro. O objetivo é continuar a lutar pela renegociação do estatuto profissional, por promoções e pelo pagamento do trabalho suplementar. Além disso, o sindicato exige o preenchimento de 1.400 vagas e o preenchimento das 750 promoções que faltam.

Esta quinta-feira, cerca de duas centenas de funcionários judiciais concentraram-se no Campus de Justiça, em Lisboa, gritando palavras de ordem como “Costa, escuta, os oficiais de justiça estão em luta”, alguns envergando camisolas pretas onde se lia “justiça para quem nela trabalha”.

Juízes: tribunais centrais com 100% de adesão

Desde 20 de novembro a outubro de 2019, os juízes vão cumprir 21 dias de greve intercalados. Na quarta-feira, cumpriu-se o oitavo dia de greve que afetou os tribunais locais e centrais criminais de todo o país, bem como os tribunais administrativos e fiscais do Porto. Quinta e sexta-feira cumpriram-se os últimos dias de greve de 2018

Na quarta-feira, os tribunais centrais criminais como os do Porto (Tribunal de São João Novo), Évora ou Açores registaram adesões à greve de 100%, tal como os de Santa Maria da Feira (Aveiro) ou Guimarães (Braga), disse o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, Manuel Soares.

Polícia Judiciária: “O contrário significa que prescinde da investigação da criminalidade grave”

A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC-PJ) marcou, para 2019, dois dias de greve geral, integrais ou fracionados, e greve a todo o Serviço de Prevenção e a todo o trabalho suplementar durante um mês (entre as 12h30 e as 14h00 e 17h30 e as 9h00). Os serviços mínimos vão ser assegurados pelo serviço de piquete.

Para cumprirem a suas funções, os inspetores exigem que o Governo invista nos recursos humanos da PJ e nos meios de que esta dispõe. “O contrário significa claramente que prescinde da investigação da criminalidade grave, complexa e organizada, desprotegendo o país ao terrorismo, aos homicidas e aos corruptos, entre outros.”

Inspetores da Polícia Judiciária marcam greve porque Governo deixou a instituição ao abandono

Funcionários do Registo e Notariado:

O Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado apresentou três pré-avisos de greve, de quatro dias cada um, para forçar o Governo às negociações necessárias para a revisão do estatuto da carreira. As greves avançarão, caso o Governo não se disponibilize para reunir com o sindicato.

Com uma reunião agendada para 17 de dezembro, prevê-se que a greve agendada para 26, 27, 28 e 31 de dezembro seja cancelada.

No entanto, o Sindicato Nacional dos Registos anunciou um pré-aviso de greve para esses dias — de 26 a 28 — pela promoção dos escriturários a escriturários superiores e pela resolução dos vencimentos mal processados.

Estivadores: as negociações estão suspensas e as duas greves continuam

Desde o dia 5 de novembro — e sem data prevista para acabar —, os estivadores do porto de Setúbal estão em greve, como protesto contra a situação precária em que se encontram. De acordo com os sindicatos da estiva, atualmente 93 trabalhadores são contratados ao turno e sem vínculo, ou seja, apenas sabem no dia anterior se vão trabalhar no dia seguinte. A Operestiva — Empresa de Trabalho Portuário de Setúbal e a Yilport Setúbal (Sadoport) tentaram resolver parte do problema ao oferecer um contrato de trabalho individual sem termo a 30 dos 93 trabalhadores em causa, mas a maioria reivindicou um contrato coletivo negociado entre o Sindicato dos Estivadores e os operadores portuários e, por isso, nada ficou resolvido.

Com a greve a afetar o escoamento da produção de várias empresas — especialmente da Autoeuropa — na passada segunda-feira foi feita uma reunião entre o Ministério do Mar, os estivadores e 13 entidades para tentar resolver a situação. Tudo parecia estar bem encaminhado para existir acordo, tendo a Operativa colocado em cima da mesa a proposta de contratar 56 trabalhadores em vez dos 30 que foram sugeridos inicialmente caso os estivadores terminassem a greve. No entanto, surgiu um problema: segundo os estivadores, uma das obrigações que terão sido sugeridas seria também terminar imediatamente a outra greve que está a decorrer desde julho em todos os portos nacionais em simultâneo, mas contra as horas extraordinárias.

“Sempre alertamos que apenas estávamos reunidos para negociar uma solução para os estivadores de Setúbal e para o seu porto e que não estávamos disponíveis para misturar nessa negociação questões de âmbito nacional”, disse o Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL). Por essa razão, as negociações estão suspensas e as duas greves continuam.

Estivadores de Setúbal. Que greve é esta e como está a afetar a Autoeuropa?

Inspetores de pescas e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

Os trabalhadores integrados nas carreiras de inspeção das pescas, do mapa de pessoal da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos e os inspetores Sindicato dos Inspetores de Investigação, Fiscalização e Fronteiras são outros dos grupos profissionais com pré-aviso de greve para o mês de dezembro, conforme a informação disponibilizada na página da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público.

Supermercados: Manter o setor no Salário Mínimo Nacional

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) avisou esta terça-feira, dia 11 de dezembro, que as negociações com as empresas e a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição falhou. O resultado é uma paralisação no dia 24 de dezembro que vai afetar os trabalhadores dos supermercados, hipermercados, armazéns, logística e lojas especializadas da grande distribuição.

O sindicato não entende que os patrões queiram aumentar apenas as chefias e os trabalhadores dos escalões mais altos e acusam-nos de querer “manter o setor como um setor de Salário Mínimo Nacional, com elevados lucros e custos salariais baixíssimos”.

Atualizado com greves dos bombeiros, professores, funcionários do registo e notariado, trabalhadores dos supermercados, entre outros