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Press Secretary Jen Psaki And Homeland Security Secretary Alejandro Mayorkas Hold Briefing At White House
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Alejandro Mayorkas está em Portugal entre segunda e terça-feira no âmbito da Reunião de Altos Funcionários da Justiça e Assuntos Internos UE-EUA

Getty Images

Alejandro Mayorkas está em Portugal entre segunda e terça-feira no âmbito da Reunião de Altos Funcionários da Justiça e Assuntos Internos UE-EUA

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"Estamos muito preocupados com a decisão [da CNPD sobre os Censos]", diz líder do Departamento de Segurança Interna dos EUA

A "preocupação" com a CNPD portuguesa, o reatar de laços com um "aliado" e alertas de cibersegurança. Entrevista exclusiva a Alejandro Mayorkas, líder do Departamento de Segurança Interna dos EUA.

É preciso aumentar a cibersegurança, promover o trabalho conjunto entre os EUA e Portugal, que é”aliado”, e há “preocupação” com a decisão recente da Comissão Nacional sobre a Proteção de Dados (CNPD) portuguesa, no processo que envolveu o cancelamento do contrato entre o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a empresa americana Cloudflare. Estas são as principais mensagens de Alejandro Mayorkas, o homem escolhido por Joe Biden, presidente dos EUA, para liderar a Departamento de Segurança interna (U.S. Department of Homeland Security), na entrevista exclusiva que deu ao Observador. Apesar de ser uma das caras da nova liderança norte-americana, salienta uma mensagem antiga do país: “A ameaça” que países como a Rússia, China e Irão “representam”.

Quanto à decisão da CNPD ter obrigado o INE a cancelar o contrato que tinha com a Cloudflare (uma empresa norte-americana de segurança informática), porque considera que os EUA podem aceder a dados pessoais de cidadãos estrangeiros através deste tipo de contrato, Mayorkas é claro: “Estamos muito preocupados com a decisão”. Até porque o tema toca num dos principais desafios que os Estados Unidos enfrentam e que Mayorkas tem em mãos, sobretudo depois de ter ocorrido um ataque informático que ia deixando o país sem combustível: a cibersegurança. O responsável do Governo norte-americano falou ainda sobre a missão que os Estados Unidos e a União Europeia têm levado a cabo e que está relacionada com a situação dos refugiados. Como no passado, continua a não apelidá-la de “crise”.

“Toda a gente tem de aumentar a sua ciberhigiene”

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Mayorkas parte de Portugal esta terça-feira após dois dias em que se reuniu com líderes do governo, como o seu congénere, Eduardo Cabrita, e representantes europeus. O governante norte-americano visita o país no âmbito da “Reunião de Altos Funcionários da Justiça e Assuntos Internos UE-EUA”, que é organizada por Portugal no âmbito da presidência portuguesa do conselho da União Europeia.

Alejandro Mayorkas falou com o Observador após uma reunião com o Ministro Eduardo Cabrita

Benjamin Applebaum/DHS

Recentemente, a comissão nacional de proteção de dados portuguesa disse que o INE devia cessar contrato com uma empresa americana, a Cloudflare, devido às leis que estão em vigor no seu país, como o FISA (Foreign Intelligence Surveillance Act) e programas como o PRISM. A CNPD disse que isso poderia fazer com que os EUA comprometessem os dados de países estrangeiros. Houve uma polémica grande. O que considera sobre estas alegações?
Estamos muito preocupados com a decisão. Partilhamos um interesse quanto à proteção de dados. É um interesse e um valor partilhado. Percebemos a importância de proteger dados. Ao mesmo tempo, a partilha de dados ajuda a fortalecer e faz avançar os nossos interesses económicos comuns. Enquanto expressámos preocupação em respeito a essa decisão, estamos a olhar sobre como podemos avançar com a proteção de dados e a partilha de dados pelas razões que partilhei.

Houve algum desenvolvimento relativamente a este ponto? Foi tópico de alguma conversa nestas reuniões que tiveram?
Durante o dia tivemos o benefício de falar com os nossos parceiros na União Europeia, e, obviamente, estamos muito focados em avançar com essa parceria, assim como com os nossos parceiros português relativamente a esses interesses: proteger e partilhar dados para fazer avançar os nossos interesses.

Estava surpreendido com esta decisão e, agora que veio cá, está menos preocupado?
Diria preocupado com essa decisão [não surpreendido].

E agora, com estas conversas?
Estamos a avançar e estamos a ver o que se pode construir.

"Estamos muito preocupados com a decisão [da CNPD]. Partilhamos um interesse quanto à proteção de dados. É um interesse e um valor partilhado. Percebemos a importância de proteger dados"

Teve uma reunião com o ministro Eduardo Cabrita. Falaram sobre o quê?
Falámos sobre como podemos reforçar e avançar a parceria entre os dois países e como poderemos avançá-la nos meses e anos que virão. Gozamos de uma tremenda cooperação num número vasto de áreas. Falámos sobre como [os países podem] partilhar as melhores práticas e treinar-nos um e o outro. Temos interesses partilhados e, por isso, temos oportunidades partilhadas.

Que interesses e oportunidades partilhadas são essas em que os países podem trabalhar ou já estão a trabalhar em conjunto? 
Estamos já a trabalhar juntos. Trabalhamos em cooperação na área da segurança. Olhamos, por exemplo, para a segurança dos portos e o nosso trabalho aí. Mas também temos desafios partilhados. A cibersegurança é um desafio crescente, não só entre os nossos dois países mas também para o mundo inteiro. As parcerias são absolutamente críticas para avançar com a nossa cibersegurança. É um desafio que não conhece fronteiras. Falámos sobre isso, sobre quais são as melhores práticas e interesses comuns relativamente a tratar a questão da migração, tanto como um desafio de um ponto de vista de segurança, como, de forma muito, muito importante, em alavancar os nossos valores e quem é que somos como nações e parceiros.

Durante a pandemia vimos um aumento do cibercrime e, recentemente, nos EUA, vimos um grande ciberataque que teve impacto no país. Considera que os países não estão preparados para estes desafios? 
Temos estado muito focados em cibersegurança. Acho que referiu o incidente do Colonial Pipeline que fez aumentar a consciência do público relativamente à ameaça dos ciberataques. Muito antes deste ataque, em fevereiro, o meu primeiro discurso sobre cibersegurança foi sobre ransomware [ataque informático que toma o controlo do computador e exige um resgate]. Adicionalmente, começámos a fazer aquilo a que chamamos de “sprint de 60 dias”, que é uma iniciativa de foco muito intenso sobre um tema. O primeiro foi sobre ransomware. Penso que é importante criar consciência sobre o facto de que a ameaça está sobre nós. Não é uma ameaça para amanhã. Toda a gente tem de aumentar a sua ciberhigiene e aumentar a sua cibersegurança. Quer seja em casa, ao mudar palavras-passe, ou a usar aquilo que chamamos de autenticação multifator. Sejam os negócios mais pequenos, — nenhum negócio é pequeno demais para ser atacado –, ou as grandes operações que podem impactar uma região inteira de um país porque esta é crítica para um país.

"Penso que importante criar consciência sobre o facto de que a ameaça está sobre nós. Não é uma ameaça para amanhã. Toda a gente tem de aumentar a sua ciberhigiene e aumentar a sua cibersegurança. Quer seja em casa, ao mudar palavras-passe, ou a usar aquilo que chamamos de autenticação multifator"

A cibersegurança é a maior ameaça de segurança interna que os EUA enfrentam atualmente? 
Considero que é um dos assuntos que tem prioridade mais premente. Estamos a olhar também de uma perspetiva de terrorismo. Dessa perspetiva estamos a olhar para terrorismo doméstico. Essa ameaça aumentou. Porém, certamente, os ciberataques são uma das maiores ameaças que enfrentamos internamente.

Depois da conversa que teve com o ministro Eduardo Cabrita, considera que Portugal, sendo um aliado, está preparado para esta ameaça? 
Não posso falar sobre a preparação doméstica. Posso dizer que o ministro comunicou a existência de um foco de Portugal sobre esta ciberameaça e falámos sobre como podemos avançar a nossa parceria. Em cibersegurança dizemos que um só é forte como a nossa ligação mais fraca. Esta é uma ameaça que não conhece fronteiras. Por isso, a parceria é cada vez mais importante.

Devemos temer esta ameaça de outros países estrangeiros? E, pressupondo que a resposta é afirmativa, pode dizer quais? 
Creio que falámos nos EUA sobre a ameaça que a Rússia representa, a ameaça que a China representa, a ameaça que o Irão representa. Há agentes estatais, há cibercriminosos e esses cibercriminosos podem ser indivíduos ou organizações. É isso que torna o desafio tão significante.

"Creio que falámos nos EUA sobre a ameaça que a Rússia representa, a ameaça que a China representa, a ameaça que o Irão representa"

Já anunciou que o seu departamento está a fazer para mitigar efeitos como o que aconteceu no ciberataque ao Colonial Pipeline…
[Corta a pergunta] E que todo o governo está fazer. A nossa estratégia fala não só do Department of Homeland Security, mas de toda a abordagem do governo tendo em conta a sua importância. Isto é igualmente importante, não só para todo o governo, como para parcerias público-privadas. Não é algo que o governo consegue fazer sozinho. É o partilhar de informação. O partilhar as lições aprendidas. A força e indelebilidade para se estar preparado, resiliente e responder aos eventos que possam ocorrer.

Tem em mãos o tema da imigração no seu país. Não digo crise porque não a classifica assim. A União Europeia enfrenta também uma situação semelhante. Não são iguais, mas a base é a mesma: pessoas que não são cidadãos de determinado país estão a tentar nesse território e, aos olhos da lei, isso é ilegal. O que podem os EUA e a UE fazer para mitigar esta situação humanitária?
Deixe-me dizer algo que é muito, muito importante. Se puder, começo um pouco mais atrás. Quando o termo foi utilizado em março este focava-se numa situação sobre crianças não acompanhadas que estávamos a encontrar na fronteira e o facto de os nossos postos de controlo fronteiriço estarem sobrelotados com crianças. O que disse na altura foi que já lidámos com este desafio no passado. Sabemos com o que lidar, temos um plano e estamos a executá-lo. Vários meses passaram e estes postos de controlo fronteiriço já não estão sobrelotados de crianças não acompanhadas e temos lhes dado apoio.

Há indivíduos que entram no país não pelos portos de entrada, mas entre os portos de entrada. Porém, muitos alegam que precisam de apoio humanitário. Alegam que têm medo de ser perseguidos devido a pertencerem a um grupo social específico. As nossas leis concedem esse apoio humanitário e, por isso, aplicamos a nossa lei e avaliamos os seus apelos. Essa é uma fonte de tremendo orgulho para o nosso país enquanto um local de refúgio. Estamos muito orgulhosos dessa história e estamos a reconstruir essa história para que nos defina outra vez.

Alejandro Mayorkas está em Portugal para falar com os seus congéneres na União Europeia e com líderes portugueses

Benjamin Applebaum/DHS

Herdou esta grande tarefa da última administração. A União Europeia está a passar pelo mesmo. Há algum tipo de cooperação entre os EUA e a UE relativamente a esta questão da migração? O que pensa que pode ser feito a nível internacional?
Acho que há quase oito milhões de refugiados e pessoas internamente deslocadas em todo o mundo. É uma responsabilidade abordar as necessidades destes indivíduos. Uma nação não o pode fazer sozinho. Temos de o fazer juntos. Acho que é uma responsabilidade global.

A administração Biden continua preocupada com a tecnologia chinesa, como temos visto. Especificamente a implementação do 5G. As empresas chinesas são uma ameaça à segurança da internet dos EUA? Deve Portugal estar preocupado também neste caso específico?
Creio que é uma realidade que os nossos dois países têm de enfrentar juntos. Não só os dois, mas creio que vários aliados têm de se preocupar quanto a isto, relativamente às oportunidades e às vulnerabilidades que o 5G representa e abordar estes dois lados cooperativamente.

Como aconteceu no passado, se Portugal decidir não fazer exatamente aquilo que os EUA estão a propor, crê que as empresas norte-americanas vão deixar de investir em Portugal?
Deixe-me pegar nessa questão e frisar um ponto: temos interesses comuns, temos desafios comuns. É uma relação forte. É uma aliança que existe há tantos anos. Se não concordarmos com tudo, isso não significa que não podemos alcançar muito juntos. É isto que estou aqui a comunicar. Os EUA estão voltar a juntar-se à comunidade internacional de uma forma muito significativa e mais forte. Temos muito orgulho de fazer parte dela e estou muito entusiasmado com a minha visita ao país.

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