Passear pelas principais zonas de comércio de Lisboa e do Porto, nos dias de hoje, tem o seu quê de agridoce: por um lado é uma fuga do confinamento a que a pandemia nos obrigou, por outro revela a dura realidade que o setor dos serviços, por exemplo, está a atravessar. “Fechado”, “Encerrado”, “Trespassa-se” — letreiros deste género são cada vez mais fáceis de encontrar à porta de casas entaipadas que viram o ano de 2020 e as consequências da pandemia ditar o seu fim, seja ele temporário ou definitivo.
Manuel Lopes, o presidente da Associação Dinamização da Baixa Pombalina, conta ao Observador que só nesta zona lisboeta “deve haver entre 100 e 111 espaços encerrados”, alguns deles “de forma temporária”, outros “definitivamente. Mas a norte, Joel Azevedo, presidente da Associação dos Comerciantes do Porto, é mais cauteloso: “É difícil ter a certeza porque muitos sítios estão apenas com a sua atividade suspensa. A minha perceção é que houve menos encerramentos do que estávamos à espera. Mas isto pode não querer dizer nada, é difícil ter a certeza absoluta de que quem está fechado temporariamente vai conseguir reabrir daqui a uns tempos.”
Apesar das incertezas, a verdade é que tanto a Norte como a Sul já foram conhecidos várias lojas, bares, restaurantes, pastelarias, galerias ou salas de concerto que não tiveram solução se não fechar. Este artigo enumera uma série delas: de sítios recentes a clássicos centenários, infelizmente, há um pouco de tudo. Por muito que a enumeração que se segue seja só a ponta do iceberg, centenas de outros negócios viram-se forçados a encerrar e há quem diga que o pior ainda está por vir.
“É nesta altura de fim do ano que muitos negócios que fecharam temporariamente decidem se vão conseguir abrir ou não”, conta Catarina Portas, empresária por trás das lojas A Vida Portuguesa. “No final do primeiro trimestre de 2021 é que vamos perceber ao certo quem se consegue aguentar e quem não consegue”, remata. ” A situação pode ser ainda mais grave”, termina.
– LISBOA –
Bar Americano
No ao em que celebrava o seu 100º aniversário, este ícone do Cais do Sodré, em Lisboa, fechou portas em definitivo como consequência da pandemia. O setor dos bares e da restauração foi um dos mais afetados pelos efeitos (diretos e indiretos) da pandemia do novo coronavírus e o Bar Americano é um bom exemplo disso. Foi fundado em 1920 e continuava a ser um bom espelho daquilo que seria esta zona boémia da capital nos tempos dos marinheiros, espiões e outros notívagos caricatos. Todo o quarteirão onde se situava este espaço foi comprado por um fundo de investimento alemão que o irá transformar numa unidade hoteleira. Chega assim ao fim a vida do bar que serviu tudo e todos: de prostitutas e bon vivants genéricos a grandes figuras como Fernando Pessoa e Alexandre O’Neill. O Bar Americano era desde 2017 classificado pela Câmara Municipal de Lisboa como sendo uma Loja com História.
Pesca
Foi uma das primeiras “baixas” mais sonante no panorama gastronómico da capital. Várias vezes apontado como um potencial estrela Michelin, a casa que era gerida pelo chef Diogo Noronha dedicava-se em exclusivo aos produtos do Atlântico, especialmente os da costa portuguesa. Este projeto assumidamente de fine dining prestava especial atenção à sustentabilidade daquilo que serviam e chegou a dar à zona do Príncipe Real uma boa “janela” de onde se serviam os cocktails do talentoso Fernão Gonçalves. Foi no início de agosto que o próprio chef Noronha confirmou que o Pesca não iria reabrir quando fossem levantadas as restrições apertadas do primeiro confinamento. O projeto em questão fazia parte do portefólio da antiga Multifood, atual Plateform, gigante português da restauração.
Taqueria Pistola Y Corazón
É provavelmente um dos encerramentos mais surpreendentes. As filas para se conseguir uma mesa nesta pequena casa de comida mexicana eram quase tão famosas como os tacos e totopos que aqui se serviam. Conseguir lugar era quase impossível, quase todas as noites se amontoavam dezenas de pessoas à porta do Pistola — como rapidamente passou a ser conhecido — a beber margaritas e a aguardar que chamassem o seu nome. Num artigo recente, Damian Irizarry e Marta Fea explicam que o seu projeto foi do sonho à falência em praticamente duas semanas — um efeito direto das restrições trazidas pela pandemia. A dupla assume que sempre funcionou com margens muito curtas daí ter sido ainda mais complicado resistir ao impacto económico trazido pela pandemia. Atualmente têm um novo projeto chamado Las Gringas, dedicado exclusivamente ao take-away.
Seis restaurantes de José Avillez
Se ainda antes da chegada da pandemia o Grupo José Avillez já tinha encerrado alguns projetos que tinha por Lisboa, seria natural que o impacto do novo coronavírus fosse dar mais um golpe duro ao célebre cozinheiro português — assim foi. Em junto confirmou-se que Avillez iria ter menos seis espaços no seu portefolio, encerrando definitivamente a Cantina Peruana, o Minibar (do Porto), a Casa dos Prazeres, o Rei da China, o Beco Cabaret Gourmet e ainda (talvez o mais sonante) o Café Lisboa, espaço que mantinha há vários anos no piso térreo do Teatro Nacional São Carlos. Neste momento o grupo tem outras casas encerradas mas essas (como o Cantinho do Avillez e o Canto, ambos no Chiado) deverão reabrir eventualmente — não há data marcada.
Sabotage
O setor da noite, a par do da restauração, é dos que mais acusou o choque causado pela pandemia e pelas medidas tomadas para a tentar controlar. Não é de estranhar, portanto, que o clube de rock lisboeta Sabotage, por exemplo, tenha visto o seu fim chegar mais cedo. Foi ainda em 2019 que se começou a falar sobre a possibilidade dos senhorios desta sala de concertos/discoteca não permitirem que ela por aqui continuasse. Contudo, a chegada da Covid-19 foi a estocada final que determinou o seu encerramento. Apesar de ter funcionado apenas durante sete anos, o Sabotage rapidamente tornou-se um pilar da comunidade indie lisboeta, tanto por causa das centenas de concertos que nele aconteceram (quase sempre com jovens bandas promissoras) como pelas longas horas de dança que deu a todos os que o visitaram.
Big Fish Poke
Sendo o distanciamento social uma das melhores formas de garantir uma maior proteção face ao novo coronavírus, não é de estranhar que espaços mais apertados rapidamente se tornassem insustentáveis — o Big Fish Poke é um exemplo disso. Este espaço do grupo Plateform nasceu de uma parceria com um empresário e cozinheiro norte-americano, Andrew Mayer, e estava a ser encabeçado pelo talentoso jovem cozinheiro Luís Gaspar (da Sala de Corte) até à chegada da pandemia. Como todo o setor da restauração viu-se obrigado a fechar portas no decorrer da primeira vaga de infeções e desde então nunca mais reabriu. Luís Gaspar continua como chef principal da Sala de Corte (que, curiosamente, fica a poucos metros deste Big Fish).
Loja Quer
Foi no mês de agosto de 2020 que os 15 anos de funcionamento da Loja Quer chegaram ao fim. Dedicada desde sempre aos clientes mais pequenos, especializou-se na venda de brinquedos, livros e outras brincadeiras que se destacavam pelo seu cariz didático, educativo e estético. No número 82A da rua da Escola Politécnica, na zona do Príncipe Real, vendiam-se brinquedos de marcas internacionais como a Haba, a Djeco, a Kathe Kruser, Miller Goodman ou a WishboneBike; mas também se dava especial atenção a livros infantis de chancelas como a Planeta Tangerina, a Orfeu Mini ou a Pato Lógico. Entretanto, no mesmo local onde este negócio funcionava já nasceu um outro, a Didatic by Edicare, que também se dedica em específico aos clientes mais pequenos.
Ó! Galeria
Nasceu no Porto há 10 anos e em 2015 ganhou uma representação em Lisboa: resumidamente é este o percurso da Ó! Galeria, espaço dedicado essencialmente à mostra e venda do trabalho de jovens artistas nacionais, principalmente aqueles que se dedicam à arte da ilustração. Corria o mês de abril de 2020 quando os responsáveis pelo espaço anunciaram via comunicado que o irmão lisboeta desta casa não tinha mais como se manter aberto — “Fizemos o possível e o impossível para conseguirmos manter as portas abertas no pós-crise num esforço a que, de resto, já estávamos habituados durante toda a nossa existência no coração lisboeta”, lia-se nesse documento. O número 86 da Calçada de Santo André perdeu então um inquilino colorido apesar de no Porto (e na internet), a Ó! Galeria continuar a funcionar em pleno.
Out To Lunch
Mais um caso de uma loja portuense que se viu obrigada a encerrar o seu tentáculo lisboeta. Em 2014 Yoske Nishiumu, japonês, e a sua mulher, Svenja Specht (natural da Alemanha) decidiram mudar-se em definitivo para o Porto. Apesar de o terem feito com o objetivo de montar uma fabrica de sapatos acabaram por abrir em vez de isso a Out To Lunch. Esta concept store rapidamente foi ganhando importância e em 2018 rumou a sul, instalando-se no número 106B da Rua de São Bento, junto à Assembleia da República. Dedicavam-se especialmente a marcas de nicho como a francesa Veja, a australiana Blundstone ou a também francesa Iguaneye, vendendo de tudo um pouco — de roupa e calçado a artesanato. No final do passado setembro, porém, as dificuldades trazidas pela pandemia acabaram por ditar o fim da aventura lisboeta deste casal. A loja mãe, no Porto, continua no seu funcionamento normal.
Santos Ofícios
Apesar da Baixa Pombalina estar infestada de “casas de souvenirs” genéricas e de fraca qualidade, a Santos Ofícios era uma valiosa exceção. “Era”, no passado, porque no final deste mês de dezembro fechou portas em definitivo depois de 25 anos a vender o melhor do artesanato típico dos vários recantos do país. “Nunca pensámos vir a dar-vos esta notícia mas a atual pandemia da Covid-19 não nos deixa outra alternativa”, lê-se numa publicação feita na página de Facebook desta onde se podia encontrar cerâmica barcelense de Júlia Ramalho e Estremoz, peças em barro negro de Molelos ou as máscaras típicas da zona de Trás-os-Montes. A falta de turistas e a ineficiência dos apoios estatais pregaram os últimos pregos no caixão desta casa que era uma lufada de ar fresco no panorama do comércio típico (ou o que sobra dele) na zona antiga de Lisboa.
O Asiático
Depois do enorme sucesso alcançado n’A Cevicheria, em pleno Príncipe Real (antes disso O Talho já tinha dado cartas), O Asiático foi a grande aposta do chef Kiko Martins para se virar para todo um universo novo: a comida oriental. Corria o ano de 2016 quando Kiko contava ao Observador que esta nova aventura seria “uma viagem do Nepal ao Japão”. E assim foi. Situado à entrada do Bairro Alto, vizinho da frente do mítico Bonsai, O Asiático era um projeto ambicioso — enorme e com dois andares — mas que com o tempo foi perdendo fulgor. No ano passado Kiko ainda lhe conseguiu dar uma energia nova com A Barra Japonesa (um projeto de sushi ao balcão situado à entrada do restaurante) mas a pandemia viria deitar por terra todos os esforços de sobrevivência. Quem por hoje passar à porta desta casa já não vai encontrar lá nada, nem o letreiro. Mesmo assim os restantes espaços do mediático chef (O Talho, A Cevicheria, O Poké e O Boteco — este último ainda temporariamente encerrado) continuam a ser uma realidade.
Pastelaria Ceuta
Este fiel residente da Avenida da República, em Lisboa, desde 1964, viu o final de 2020 pôr um ponto final no seu percurso enquanto estabelecimento dedicado à pastelaria e às refeições rápidas. Tanto na zona interior forrada com painéis de azulejos como na modesta esplanada virada para a cidade, a Ceuta vivia principalmente do trânsito gerado pelos vários negócios e empresas que existiam à sua volta. Com a massificação do teletrabalho essa fonte de rendimento começou a escassear e, com isso, as contas ficaram mais complexas. O Observador sabe que os proprietários encontram-se a fazer obras no espaço e deverão abrir um outro projeto diferente no futuro.
– PORTO –
Cervejaria Galiza
Era uma morada conhecida pela francesinha picante, pelas travessas compridas de marisco e pelas mesas e balcões concorridos nos dias de jogos de futebol. A Cervejaria Galiza, no Campo Alegre, foi fundada em 1972, mas em novembro de 2019 a sua história mudou, quando os trabalhadores foram surpreendidos com uma tentativa de encerramento por parte da gestora da empresa. Com elevadas dívidas ao fisco e à Segurança Social, foram os 33 funcionários que garantiram a gestão do espaço e lutaram durante meses para que este não fechasse portas, muitos passaram lá as noites para guardar o restaurante. Já durante a pandemia, a Cervejaria Galiza ainda tentou o serviço de take away para fintar a falta de clientes, mas acabou por declarar insolvência em junho e encerrar definitivamente, um mês depois.
Casa Aleixo
Foi uma das surpresas do ano e não deixou quase ninguém indiferente. Com mais de 70 anos de vida, a Casa Aleixo, situada junto à Estação de Campanhã, ficou famosa pelos filetes de polvo com arroz do mesmo, pelos filetes de pescada com um corte especial e pela aletria bem amarela, feita com ovos caseiros. Iguarias tipicamente portuguesas, servidas que mereciam reservas antecipadas e vários quilómetros percorridos por clientes fora do Porto. Quim Barreiros, Rui Reininho, António Costa ou Miguel Sousa Tavares eram alguns dos mais assíduos, mas com a chegada do novo coronavírus a Portugal, em março, a Casa Aleixo ficou mais deserta. Em junho foi notícia devido a um protesto de trabalhadores despedidos coletivamente, era o início do fim de um restaurante emblemático.
Guarany
Abriu portas em janeiro de 1933, em plena Avenida dos Aliados, e chamava atenção pela sua decoração requintada e clássica, onde os painéis coloridos “Senhores da Amazónia”, de Graça Morais, ou o alto-relevo em mármore de um índio, feito pelo escultor Henrique Moreira, ficaram famosos. O café foi batizado com o nome das tribos indígenas que predominavam na América Meridional, numa época em que o Brasil era o principal produtor mundial de café. Ao longo dos anos, o Guarany foi palco de encontros intelectuais, entre políticos, jornalistas e músicos, mas também de transações comerciais entre conceituados homens de negócios. Além de um restaurante, mais tarde convertido num salão de bilhar, e de uma orquestra residente, onde atualmente restava apenas o piano de cauda, conta-se que foi o primeiro espaço a usufruir de arcas frigoríficas e de um inovador sistema de refrigeração e aquecimento. A 15 de novembro de 2020, sem clientes locais nem turistas, o emblemático café encerrou. Segundo a gerência, reabertura é uma possibilidade, mas ainda não tem uma data prevista.
Majestic
Carlos Gago Coutinho, Beatriz Costa, Júlio Resende, José Régio, António Nobre ou Leonardo Coimbra foram alguns nomes sonantes que passaram pelo Majestic, inaugurado em dezembro de 1921. Com bancos aveludados, tetos de gesso, exemplos de Arte Nova, espelhos em cristal, uma escadaria imponente em madeira e um jardim de inverno nas traseiras, este luxuoso café foi ponto de encontro para intelectuais e boémios, espaço de tertúlias políticas e autênticos debates. Do cimbalino (café) ao cálice de vinho do Porto, passando pela doçaria tipicamente portuguesa, o Majestic tinha sempre fila à porta, um funcionário que conduzia os clientes até ao lugar e músicos de rua a animar a pequena esplanada. Passou por várias épocas e gerações e em 1981 foi considerado imóvel de interesse público. Em pleno ano pandémico, a ausência do turismo parece ter sido fatal, já que a 30 de novembro as luzes desligaram-se. A gerência pondera reabrir mais tarde, mas ainda sem uma data no calendário.
A Vida Portuguesa
Entrar nesta loja era sinónimo de fazer uma viagem no tempo, onde era possível reencontrar a pasta dentífrica Couto, bolachas da Paupério, calçado da Sanjo, andorinhas da Bordallo Pinheiro, sabonetes da Ach. Brito, chocolates da Regina ou lápis da Viarco. O projeto nasceu em 2007 de uma investigação da jornalista Catarina Portas sobre produtos antigos portugueses. O conceito inaugurou em novembro de 2009 no Porto, nos Clérigos, mas dez anos depois mudou de morada para um espaço mais pequeno, situado uns metros ao lado, em Cândido dos Reis, onde antigamente funcionava um armazém de uma loja de tecidos. A 16 de dezembro, Catarina Portas escreveu na sua página no Facebook que A Vida Portuguesa no Porto iria encerrar definitivamente no final do ano. “A tristeza é imensa. Adeus Porto!”, pode ler-se na publicação. Em Lisboa, terra natal desta A Vida Portuguesa, Catarina viu-se obrigada a encerrar a loja que tinha na Rua Ivens, a sua segunda na zona do Chiado. Este espaço relativamente pequeno foi um dos mais recentes a juntar-se ao universo destas lojas. A pandemia obrigou a uma reorganização do negócio, verdade, mas mais nenhuma outra loja será encerrada, garante a empresária.
Ramon
Com 64 anos de vida, sempre dirigido pela mesma família, o Ramon era o restaurante mais antigo de Vila do Conde. Situado em pleno centro da cidade, a dois passos do rio Ave, era famoso por servir cozinha tradicional portuguesa, do arroz de marisco à vitela assada, num ambiente caseiro e familiar. Nas paredes da sala de jantar eram visíveis dezenas de cachecóis de futebol e dedicatórias de personalidades famosos que por ali passaram ao longos anos, como José Mourinho, Valter Hugo Mãe, Rui Veloso, Freitas do Amaral ou Jesualdo Ferreira. A 14 de março, cinco dias antes do início do primeiro estado de emergência, o Ramon fechou, reabriu abril, inicialmente apenas com take-away e mais tarde com o serviço completo normal. A 6 de outubro encerrou para férias e uns dias depois anunciou o seu fim, deixando muitos clientes saudosos. É o caso do humorista Nuno Markl, que fez questão de partilhar nas suas redes sociais que foi no Ramon que comeu a sua primeira sopa de marisco.
Tapisco
Foi no início de 2017 que o chef estrelado (dois astros do Guia Michelin no restaurante Alma) Henrique Sá Pessoa inaugurou no Príncipe Real, através do grupo com quem sempre trabalha, a Plateform, o Tapisco. Nascido de uma mistura de influências espanholas e portuguesas, não tardou até esta casa se afirmar como uma boa referência no panorama da comida de autor mais descontraída — no bolso e no prato. O início desta casa foi tão promissor que em pouco tempo (um ano e uns meses, para ser mais preciso) viajou para o Porto. Tudo corria bem até chegar a pandemia, motivo que empurrou o negócio para o encerramento definitivo. O Tapisco de Lisboa, porém, continua em forma e a trabalhar normalmente.
Sicario
Os restaurantes mexicanos no Porto contavam-se pelos dados de uma mão quando, em agosto de 2019, surgiu o Sicario numa das artérias mais concorridas de Matosinhos, terra tradicionalmente ligada ao peixe. Nesta taqueria mexicana, conhecida pelas semanas temáticas e pelas novidades periódicas da carta, não faltavam tacos, totopos com guacamole, quesadillas com cogumelos e queijo ou cocktails elaborados e vistosos. A decoração do espaço tinha tanto de irreverente como de colorida, onde as típicas caveiras e até o rosto de Donald Trump numa casa de banho se faziam notar. Em março, o restaurante encerrou provisoriamente, mas acabou por reabrir, adaptando-se às novas regras impostas pelo Governo. No entanto, a 23 de novembro, a administração confessou não conseguir manter as portas abertas devido às medidas cada vez mais restritas, acabando por decidir fechar definitivamente.
Pedro Limão
Quem aprecia comida de autor, criativa, original e surpreendente, já deve ter ouvido o nome de Pedro Limão, o chef natural de Viana do Castelo que tem bichinhos carpinteiros e não consegue estar muito tempo parado. Depois de ter aberto a Oficina de Cozinha nas Virtudes, entre 2012 e 2014, e uma loja de comida em vácuo nas Galerias Lumière, em 2016, Pedro partiu para o Algarve para desenvolver o restaurante numa unidade hoteleira, regressando ao Porto um ano depois para inaugurar um espaço em nome próprio, em abril de 2017, na zona de Belas Artes. Era neste projeto homónimo que o chef colocava em prática toda a sua criatividade gastronómica, aproveitando erros que se transformavam em pratos e desafiando combinações improváveis. Ainda ponderou apostar no alojamento turístico no mesmo prédio do restaurante, e assim embarcar em novas experiências, mas a pandemia veio trocar-lhe as voltas. Em outubro, anunciou nas suas redes sociais que iria fechar “por motivos que não são alheios a ninguém”.