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Ao longo dos últimos meses, Kiev tem deixado um pedido claro aos seus aliados ocidentais quase diariamente: obter autorização para utilizar mísseis de longo alcance em território russo. Na quarta-feira, Londres terá acedido e dado luz verde a estes ataques. Esta sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reuniu-se com o Presidente norte-americano, Joe Biden, em Washington para discutir o tema. A permissão da Casa Branca é a mais aguardada, mas os analistas militares ouvidos pelo Observador mostram-se céticos de que uma decisão isolada traga uma mudança substancial nos esforços de guerra ucranianos.
“É um degrau acima na escalada, mas não acho que vá ajudar a Ucrânia. Os mísseis simplesmente não são suficientes para criar o nível de coerção que seria necessário para um movimento na direção de um acordo político”, argumenta Frank Ledwidge, ex-militar britânico que combateu nos Balcãs e no Iraque. Ouvido pelo Observador, destaca a insuficiência e a inadequação dos apoios ocidentais para o cenário de guerra concreto na Ucrânia, que caracteriza como “uma guerra de desgaste”. Ainda assim, as movimentações diplomáticas dos aliados esta semana têm tido no centro o fim das proibições.
Em Kiev, o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, reuniram-se com Volodymyr Zelensky. O Presidente ucraniano terá apresentado um plano concreto, com uma lista de alvos que a Ucrânia pretende atacar na Rússia, caso possam utilizar as armas, relatou um conselheiro de Zelensky à ABC. A mesma fonte acrescentou, contudo, que nenhuma decisão definitiva foi tomada neste encontro.
Em conferência de imprensa à saída do encontro, Blinken atirou a decisão para os seus “chefes” — Joe Biden e Keir Starmer — a quem disse que ia relatar tudo o que tinha ouvido do Presidente Zelensky. “Sem dúvida que vão discutir isto quando se encontrarem no final desta semana, na sexta-feira, em Washington”, afirmou o Secretário norte-americano. Da Casa Branca, chegaram confirmações que o assunto está em cima da mesa. “Estamos a trabalhar nisso agora mesmo”, disse o Presidente norte-americano aos repórteres na quarta-feira.
A aprovação norte-americana parece estar mais próxima do que nunca. Na quarta-feira, um oficial ocidental e fontes familiares com o processo de decisão da administração norte-americana relataram que a Casa Branca está a finalizar um plano para levantar algumas proibições a Kiev, sem especificar quais. Garantem que o plano está traçado e só falta discutir alguns detalhes. Na quinta-feira, surgiram novas informações: os Estados Unidos estão prestes a permitir a utilização de armas ocidentais em ataques em território russo — desde que não sejam armas norte-americanas.
O ciclo da guerra, as linhas vermelhas e as “decisões calculadas” dos Estados Unidos da América
Os pedidos da Ucrânia por armamento ocidental e a hesitação dos aliados, principalmente dos Estados Unidos, em aceder aos mesmos não surgiram agora. Pelo contrário, têm-se repetido ao longo dos últimos 30 meses, relativamente à entrega de mísseis, de jatos F-16 ou de tanques modernos. Agora, debruçam-se sobre a permissão para atacar diretamente o território russo, com recurso a mísseis de longo alcance, que já possuem, mas só podem utilizar em territórios ocupados ou em legítima defesa. Raphael Cohen, analista militar no think tank norte-americano RAND, explica ao Observador que, à medida que a guerra evolui, as linhas vermelhas estabelecidas pela Casa Branca também.
“Tem havido um ciclo de debate relativo à guerra na Ucrânia, a administração Biden tem estado preocupada com a escalada. É este debate [das permissões] que está acontecer agora, porque sabemos que a Rússia está a utilizar mísseis a partir de território russo para atacar territórios ucranianos e os ucranianos querem atacar de volta. Tem sido este ciclo, uma e outra vez, e o debate atual reflete uma tendência”, argumenta.
Antony Blinken argumentou o mesmo, que cada decisão é avaliada e reavaliada para acompanhar o desenvolvimento da guerra, sem nunca excluir possibilidades. “Temo-nos adaptado e ajustado a cada passo ao longo do caminho e vamos continuar. Mas quando tomamos decisões, queremos ter a certeza que são feitas de modo alcançar os objetivos que a Ucrânia quer atingir”, declarou o Secretário de Estado em entrevista à Sky News.
Apesar do seu empenho contínuo no apoio à Ucrânia, a linha vermelha mais recente dos aliados tem sido os ataques em território russo. Kiev encontra o culpado no medo que os parceiros têm do Kremlin. Volodymyr Zelensky partilhou histórias sobre crianças afetadas pela ofensiva russa, afirmando que “isto é o que acontece quando se perdem anos a pensar em linhas vermelhas e à procura de soluções diplomáticas”. O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, o recém-empossado Andrii Sybiha, já afirmou que “passámos claramente a linha do medo de escalada”. E oficiais ucranianos relataram ao Washington Post que “ainda não ouviram de Washington um único argumento convincente o suficiente sobre os riscos de utilizar estes mísseis”, acusando os norte-americanos de utilizaram “histórias míticas” para tomar as suas decisões.
Frank Ledwidge argumenta que esta pressão ucraniana foi um fator chave para a cedência de Londres, que na quarta-feira terá dado luz verde a Kiev para utilizar os mísseis britânicos Storm Shadow. “Acho que a pressão aumentou. Não vejo nenhuma vantagem para o Reino Unido, a não ser poder dizer ‘Fizemos tudo o que os ucranianos pediram. Não temos literalmente mais nada para dar’”, declara ao Observador. Ainda assim, responsabiliza os Estados Unidos pelas decisões que realmente podem ter impacto em Kiev. “A relutância britânica é baseada em instruções americanas“, declara, acrescentando ainda que “as decisões e políticas britânicas são irrelevantes e foram feitos cálculos de que isto ia ajudar a Ucrânia”, aponta.
De volta aos Estados Unidos, Cohen menciona os mesmos cálculos, repetidos em ciclos. “Tratam-se de cálculos de benefícios operacionais“, declara. Quais são os fatores que pesam nas contas, então? A pressão ucraniana e europeia, confirma, mas ainda os ataques que a Rússia tem feito ou os mísseis iranianos que terão sido entregues a Moscovo — notando que não se sabe onde serão estacionados ou utilizados, embora suponha que terão como alvo as infraestruturas de energia ucranianas. Do outro lado da balança, destaca a personalidade dos líderes: “Obviamente há uma diferença entre o Presidente Biden e os restantes líderes internacionais”, considera. Na entrevista à Sky News, Blinken tinha ainda identificado a necessidade de treinar soldados para operar cada equipamento novo como um fator que também pesa.
Contudo, Cohen é perentório: não acredita que esta aprovação da Casa Branca possa estar a ser apressada para ganhos políticos dos democratas nas eleições presidenciais de novembro. “Em geral, a política externa pesa consideravelmente menos que qualquer política doméstica nas eleições norte-americanas. Em termos de política interna, o meu palpite é que querem aprovar um pacote de ajuda antes do próximo Congresso [ser formado], mas essa é uma questão diferente de se vão permitir ou não à Ucrânia atacar”, relata ao Observador. Para além do próximo Presidente, no dia 5 de novembro, os eleitores norte-americanos escolhem também os 435 congressistas para um mandato de dois anos na Câmara dos Representantes, responsável pela aprovação dos pacotes de ajuda à Ucrânia.
Mesmo que as eleições presidenciais estejam excluídas como um fator para a decisão de Biden, a verdade é que a pressão para tomar uma decisão também chega de dentro dos Estados Unidos. Na segunda-feira, um grupo de congressistas republicanos enviou uma carta ao chefe de Estado, em que o instam a “levantar as restantes restrições no uso da Ucrânia de sistemas de longo alcance entregues pelos EUA, especificamente os Sistemas de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS), contra alvos militares legítimos dentro da Rússia”. “Estas restrições limitaram a capacidade da Ucrânia derrotar a guerra de agressão da Rússia”, pode ler-se.
ATACMS e Storm Shadow: o impacto real de equipamentos que já estão na Ucrânia pode ser bem menos do que esperado
Fatores ponderados e cálculos feitos, a decisão norte-americana parece estar prestes a ser tomada, mesmo que não vá ser anunciada. Mas que diferença podem fazer estes ataques? Os especialistas ouvidos pelo Observador concordam nesta resposta: muito pouca. “Não consigo ver isto a fazer uma grande diferença no plano geral. Não vão mover o pêndulo”, afirma Frank Ledwidge.
O pessimismo do ex-militar britânico não é novo. Em maio, relativamente à abertura de uma frente de batalha em Kharkiv, já a tinha classificado como “improvável de ser decisiva ou particularmente importante”. “Novamente, o Ocidente falhou em desenvolver objetivos concretos e meios realistas de os alcançar”, escreveu à data num artigo intitulado “A Ucrânia está em apuros: o Ocidente não tem uma estratégia a sério“.
Ao Observador, Ledwidge esclarece as características destes equipamentos e os contornos da guerra que justificam a sua opinião. “A principal diferença [para outras armas] é o alcance. [O modelo americano] ATACMS são lançados de lançadores HIMARS. [O modelo britânico] Storm Shadow é lançado de aeronaves. Todos foram utilizados de forma bem-sucedida para disparar contra a Rússia, isto é, contra a Crimeia e outras regiões ocupadas. Agora, serão provavelmente utilizadas no Oeste da Rússia, onde há umas quantas bases aéreas que seriam alvos [para Kiev]”, descreve, notando o sucesso dos ataques ucranianos na Crimeia e no Mar Negro, que têm merecido menos atenção no Ocidente.
No oeste da Rússia, fala especificamente de Kursk e regiões vizinhas. Contudo, considera que o alcance de 300 quilómetros descrito pelos media britânicos é irrealista. “Seriam 300 quilómetros na melhor das hipóteses, mas [os HIMARS] vão ter de ser utilizados de posições muito longe da linha da frente e [as aeronaves] muito longe dos sistemas de defesa anti-aérea russos. Portanto, estamos a falar no máximo de 200 quilómetros no território russo“, argumenta, acrescentando que “os russos já terão tomado precauções”. Ledwidge critica ainda o foco da Ucrânia e do Ocidente em Kursk. “Acho que foram feitos cálculos de que isto ia ajudar a Ucrânia, mas têm estado errados. Kursk não fez nenhuma diferença“, considera.
Raphael Cohen discorda que Kursk tenha sido inútil: “Ao fim de dois anos e meio de guerra, Kiev precisa desesperadamente de um lema. A falta de uma narrativa convincente foi mais que um problema de relações públicas para Kiev, também pôs em risco a ajuda militar ocidental. A ofensiva em Kursk oferece aos ucranianos o que eles precisavam — uma redefinição estratégica”, escreveu na semana passada na publicação Foreign Policy.
Ouvido pelo Observador, coloca novamente o ênfase na ajuda ocidental, mas recusa que esta permissão vá mudar o rumo do conflito. “Eu ponho esta questão, sobre o quão longe os ucranianos podem atacar no território russo, no mesmo balde que outras questões sobre armas. Todas estas, por si só, não ganham a guerra. Agora, a Ucrânia tem acesso a uma série de armas que não tinha no início do conflito. Estou cético que esta decisão possa mudar o curso da guerra. Qualquer tecnologia, qualquer política são parte de uma imagem mais alargada. Estou mais preocupado com a imagem geral do que com uma única decisão”, elabora.
Esta declaração vai ao encontro das palavras do secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, durante a sua visita à Alemanha na semana passada. Austin considerou igualmente que “não há uma capacidade que, por si só, seja decisiva nesta campanha”.
Para além da consideração da utilidade real destas armas, surgem outras questões: o preço, a quantidade e o processo de entrega. É uma acumulação de fatores técnicos que dificultam ainda mais o sucesso dos ATACMS e dos Storm Shadow. Apesar da Ucrânia já os ter, não serão quantidades significativas, indica Ledwige. Isso requer que sejam entregues novas remessas tanto por Londres, como por Washington. Ora, do lado britânico, um míssil chega a custar um milhão de dólares (mais de 900 mil euros), o stock é pequeno e o “Reino Unido tem um historial muito mau de reabastecimento destes equipamentos”, acrescenta. “Ficámos sem mísseis de cruzeiro durante os ataques à Líbia, há 12 anos. Os ucranianos não vão ter assim tantos para utilizar”. Do lado norte-americano, a solução para o mesmo problema podia ser entregar pacotes que incluam tanto os ATACMS, como os JASSMS, um modelo mais antigo e mais pesado, semelhante aos Storm Shadow. Contudo, isto implica uma readaptação dos poucos F-16 que foram entregues este verão para poderem suportar este tipo de armamento, o que ia levar meses e atrasar o abastecimento de munições a Kiev, relataram oficiais norte-americanos.
Enquanto a Ucrânia e os seus parceiros tentam encontrar soluções para estas questões, em Moscovo, o Kremlin continua a dispor de mais tropas, mais equipamentos e nenhuma proibição por parte dos seus aliados. E também isto tem de ser considerado.
As ameaças contínuas de Vladimir Putin e as tentativas de prever uma resposta
Kiev deixa pedidos quase diários ao Ocidente para que “não tenha medo”, tenha “coragem” e aja de forma “unida”. Moscovo deixa ameaças. A repetição de que os países da NATO estão a cruzar linhas vermelhas e a provocar a Rússia foram deixadas ao longo dos 30 meses de ofensiva. Mas as respostas multiplicaram-se sobre o tema das permissões. Na quarta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov argumentou que “todas estas decisões já foram tomadas” e a discussão se está a fazer apenas nos media. Já o ex-Presidente russo, Dmytry Medvedev ameaçou “afundar a ilha chamada Grã-Bretanha” com mísseis russos. O Presidente Vladimir Putin foi definitivo ao dizer que esta aprovação significa que os “países da NATO estão em guerra com a Rússia”.
Raphael Cohen desvaloriza que, neste ponto do conflito, as palavras do Kremlin tenham um grande impacto nas decisões tomadas pela NATO e pelos seus Estados membros. “O medo não desapareceu, ele existe. Em cada decisão de ajuda à Ucrânia, há consciência da escalada e de potenciais reações. Ao mesmo tempo, a retórica russa repete-se ao longo dos últimos dois anos e meio. Existem estas declarações hiperbólicas de Putin e, até agora, não cumpriu nenhuma dessas ameaças. A certa altura, haverá um ponto em que a Rússia pode agir, mas essa linha não é clara”, argumenta ao Observador.
Por oposição, Frank Ledwidge é mais contido neste ponto e acredita que o Kremlin vai responder à utilização de armas ocidentais no seu território. “Vai ser visto pela Rússia como uma forma de escalada. Acho que vamos ver uma forma de retaliação russa. Não armada ou bélica, mas talvez cibernética: interferências na segurança, envio de armas para proxys, onde há tropas britânicas e norte-americanas”, alerta.
O mesmo medo continua a existir em Londres e na Casa Branca. Por exemplo, as permissões britânicas não serão tornadas públicas — pelo menos por agora — por serem consideradas “uma provocação desnecessária ao Kremlin”. Responsáveis norte-americanos relatam por sua vez que as agências de informação norte-americanas aconselharam Joe Biden a não aprovar a utilização das armas precisamente por esta última possibilidade. A retaliação russa pode passar pelo apoio a ataques iranianos contra tropas norte-americanas no Médio Oriente, especificam. Outros oficiais norte-americanos adiantam que os países europeus só estão à espera de Washington para dar as suas permissões. Mas o velho continente não tem estado parado à espera da Casa Branca.
Com a sua segurança ameaçada, Europa torna-se “agressiva”
A União Europeia e o Reino Unido têm aprovado sucessivos pacotes de apoio à Ucrânia, tanques, drones, sistemas de defesa anti-aérea e até jatos. Na direção de Moscovo, multiplicam-se em “condenações veementes” e sanções à Rússia e aos seus parceiros, sendo as mais recentes dirigidas ao Irão e à aviação iraniana, em resposta à entrega de mísseis — “o que constitui uma ameaça direta à segurança europeia”, acusou von der Leyen.
Entre o apoio a Kiev dos vinte e sete, Raphael Cohen destaca ao Observador a posição da Polónia e dos países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia). Radoslaw Sikorski, ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, comprovou isso mesmo num encontro com Blinken na quinta-feira: “Devíamos continuar a entregar sistemas de defesa anti-aérea e levantar as restrições para a utilização de armas de longo curso”, declarou em conferência de imprensa em Varsóvia. O seu homólogo da Lituânia já afirmou mesmo que, “num cenário militar real, a NATO esmagaria a Rússia”.
“Os polacos são mais agressivos, os bálticos são mais agressivos, têm cálculos diferentes. Eles olham para a segurança da Ucrânia como fundamental: se a Ucrânia for bem-sucedida, eles estarão muito mais estáveis contra uma ameaça existencial”, argumenta o analista norte-americano. Estes países parecem ter motivos para sentir a sua segurança ameaçada: por mais do que uma vez, viram drones russos a sobrevoar o seu território. Esta é uma aproximação perigosa ao artigo 5.º da Aliança Atlântica — um ataque contra um Estado membro é um ataque contra todos — e a NATO estaria oficialmente em guerra com a Rússia.
A justificação para o envolvimento britânico é mais simbólica. Cohen aponta que “o Reino Unido ainda se vê como um garante da paz na Europa, devido a centenas de anos de história”. Realmente, no seu discurso em Kiev, Lammy destacou o papel histórico da Grã-Bretanha para manter a “paz e a prosperidade” na Europa e no Ocidente. Ledwidge confirma o simbolismo da posição britânica, até porque os Storm Shadow que têm disponíveis para uma nova entrega não serão mais de duas centenas, num arsenal total de 500, estima o ex-militar, pondo novamente a pressão nos Estados Unidos.
“O Reino Unido respondeu a todos os pedidos ucranianos que consigo pensar. Os Estados Unidos nem por isso. Os Estados Unidos retraíram-se durante os últimos dois anos. O Reino Unido vai ficar sem opções nos próximos meses. Mas os Estados Unidos deviam ter tomado passos há anos para entregar munições que só estão a entregar agora. Isso já devia ter acontecido há muito tempo”, acusou.
Afinal, os Estados Unidos têm o maior exército do Ocidente, o maior orçamento de Defesa do mundo e são o Estado que mais contribui para o orçamento da NATO. Ao Observador, Cohen recusa que seja só uma questão de stock de armas e volta a falar na necessidade de cálculos que considerem todos os fatores e a imagem geral. Independentemente dos resultados do encontro entre Joe Biden e Keir Starmer na sexta-feira, Volodymyr Zelensky já alinhou a próxima reunião com o Presidente dos Estados Unidos: no final de setembro, quando se deslocar a Nova Iorque para a Assembleia Geral das Nações Unidas, ocasião em que deve apresentar pessoalmente o seu “plano de vitória“.
Ainda assim, os especialistas insistem que o foco de Kiev nas armas de longo alcance — ou na ofensiva em Kursk — não será decisivo. “A Ucrânia e o Ocidente estão a aperceber-se das implicações de estar numa guerra de desgaste, em que o centro de gravidade é a força humana”, escreveu Frank Ledwidge sobre Kharkiv. Quatro meses depois, repete ao Observador: “O centro de gravidade da guerra é o desgaste em Pokrovsk e Chasiv Yar. Nada do que seja feito no oeste da Rússia vai mudar estes cálculos”.