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Mitos e verdades no mundo dos Recursos Humanos: o que cai e o que veio para ficar

No dia 4 de abril teve lugar, no estúdio do Observador, uma talk que contou com a presença da Gi Group Holding. Em cima da mesa foram colocados os mitos e as verdades que dizem respeito à área dos RH

As empresas são organismos em constante mudança. Assim, acompanhar essa evolução, bem como a do mundo que as rodeia, é uma constante. Aqui, a área dos Recursos Humanos assume um papel de extrema importância. Foi com o objetivo de dissecar os mitos e verdades associadas a esta Indústria que a Gi Group Holding – grupo presente em 50 países e que acompanha empresas e candidatos no processo de seleção e recrutamento, bem como na formação ou o – e a Calzedonia Portugal se juntaram numa talk que teve lugar no estúdio do Observador.

A conversa foi moderada por João Miguel Santos e contou com a presença de Paula Falé, Corporate Sales Director, Gi Group Holding e Alice Santos, Regional HR Manager, Calzedonia Portugal. O pontapé de saída foi dado com um tema que, se antes se via como um mito, hoje assume-se, cada vez mais, como uma realidade: o teletrabalho.

O tema do teletrabalho foi um dos grandes tabus que caiu nos últimos anos. E quem o diz é Paula Falé. “Eu considero que o período de pandemia foi um enorme período de aprendizagem para todos nós. Considero mesmo que não passava pela cabeça de nenhum profissional conseguir continuar a desempenhar as suas tarefas através de casa. A pandemia trouxe-nos isso. Tivemos de parar, fomos para casa, reaprendemos a trabalhar sozinhos e a gerir equipas à distância. E esse foi o grande desafio. Os regimes híbridos, que, entretanto, surgiram nas empresas, vieram para ficar. As pessoas atualmente conseguem estabelecer os seus horários junto dos empregadores. As pessoas conseguiram estruturar-se, organizar-se, conseguiram aprender, e hoje em dia são muito mais produtivas”, afirma.

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"Os regimes híbridos, que, entretanto, surgiram nas empresas, vieram para ficar. As pessoas atualmente conseguem estabelecer os seus horários junto dos empregadores. As pessoas conseguiram estruturar-se, organizar-se, conseguiram aprender, e hoje em dia são muito mais produtivas”
Paula Falé, Corporate Sales Director, Gi Group Holding

Para Alice Santos, esta foi, acima de tudo, uma mudança de paradigma. “Acho que no que diz respeito aos Recursos Humanos, nenhum de nós estava preparado para esta mudança e mesmo assim todos conseguimos reagir e adaptar-nos. Foi abismal a capacidade que as equipas tiveram de reorganizar estruturas que pudessem permitir os trabalhadores estarem em teletrabalho. Foi efetivamente um grande desafio”, começa por dizer, acrescentando: “Aqui também foi importante a necessidade que surgiu de se criar algumas funções novas, por via do teletrabalho. Ou seja, foram criados departamentos de e-commerce e de customer service que não existiam em algumas empresas. O teletrabalho permitiu existir esta abertura para lançar estas novas funções”.

"Aqui também foi importante a necessidade que surgiu de se criar algumas funções novas, por via do teletrabalho. Ou seja, foram criados departamentos de e-commerce e de customer service que não existiam em algumas empresas. O teletrabalho permitiu existir esta abertura para lançar estas novas funções”.
Alice Santos,Regional HR Manager, Calzedonia Portugal

E se é verdade que este foi um dos mitos que caiu, a lista não fica por aqui. Na opinião das duas oradoras, a situação atual do mercado é um dos fatores que poderá dar origem a que novos mitos deixem de fazer sentido no futuro. “Estamos com um mercado em escassez. E um dos tabus que vai cair seguramente é as empresas escolherem os candidatos. A partir de agora, e já o tem sido ao longo destes últimos anos, vão ser os candidatos a escolher as empresas e não as empresas a escolher os candidatos. É uma mudança de paradigma profunda e está relacionada com o contexto no qual estamos inseridos. Se estamos em escassez, se eu sei que sou um perfil raro no mercado e sei que tenho uma oferta vantajosa, eu faço-me valer disso e vou à procura da empresa com a qual mais me irei identificar. E isto vai ser um desafio para as empresas. As empresas vão ter de se tornar atrativas o suficiente para que possam ser escolhidas”, sublinha Paula Falé. Já Alice Santos, acrescenta um outro mito à conversa: “Outro mito que pode cair é aquele conceito de que trabalhar é o principal foco na vida das pessoas. Isto já não existe. Hoje em dia as pessoas procuram muito mais um trabalho que lhes possa proporcionar também uma conciliação com a sua vida pessoal. Os Recursos Humanos surgem aqui como uma ajuda para criar estratégias que permitam essa mesma conciliação. Team Buildings…todo este tipo de atividades que proporciona uma parte lúdica aos trabalhadores é interessante de explorar nas empresas”, reforça.

“Estamos com um mercado em escassez. E um dos tabus que vai cair seguramente é as empresas escolherem os candidatos. A partir de agora, e já o tem sido ao longo destes últimos anos, vão ser os candidatos a escolher as empresas e não as empresas a escolher os candidatos"
Paula Falé, Corporate Sales Director, Gi Group Holding

Mas no meio de mitos e verdades, sobrou ainda tempo para perceber de que forma é que os Recursos Humanos, e as próprias empresas, terão de se reposicionar no meio de todas estas mudanças. “As coisas têm de ser mais partilhadas. Podemos chegar a um ponto em que até a divulgação dos valores dos salários seja uma realidade. O modelo de transição de uma empresa tradicional para uma empresa agile, é um modelo onde as pessoas, em conjunto, interferem e definem a sua carreira, os seus salários. Determinada coisa que vai acontecer na organização pode ser definida por um conjunto de colaboradores e não aquilo a que nós estamos habituados, que é existir uma direção e tudo ser decidido por essa direção. Isto pode vir a ser o futuro”, intervém a Regional HR Manager do Calzedonia Portugal focando-se em seguida nas necessidades do departamento:” O papel dos Recursos Humanos na estratégia é fundamental. E para podermos agir, temos de ter conhecimento sobre tudo o que está a acontecer nos mais diversos níveis. Depois cabe-nos a nós implementar, com base nessa informação, sejam planos de formação, sejam alterações de bandas salariais…o que for preciso. São necessárias estas estratégias do nosso lado para podermos ajudar a empresa a crescer”.

"O modelo de transição de uma empresa tradicional para uma empresa agile, é um modelo onde as pessoas, em conjunto, interferem e definem a sua carreira, os seus salários."
Alice Santos,Regional HR Manager, Calzedonia Portugal

Já para a Corporate Sales Director da Gi Group Holding, é importante que o departamento de Recursos Humanos de uma empresa olhe “não só para a pessoa, mas para a carreira da pessoa. A pessoa não deve ser um ativo que entra e permanece ali, deve ser um recurso a fazer um percurso de crescimento, durante a vida de trabalho naquela empresa. Se no cerne de uma empresa estão valores, então temos de os colocar em prática, em prol dos nossos trabalhadores. Cada vez mais o departamento de Recursos Humanos tem de ouvir. Mente aberta, transparência, uma comunicação muito fluida e sempre com o foco nas pessoas”.

Com a conversa a acabar, e depois de tiradas as conclusões, o futuro foi o tema final, antes das despedidas. E na hora de refletir sobre o que poderá acontecer daqui para a frente, Paula Falé não hesita em afirmar que o futuro passará por ser definido por cada trabalhador. “O trabalhador vai escolher aquilo que quer fazer no futuro e como é que o quer fazer. Atualmente nós valorizamos muito os pequenos projetos, portanto eu, enquanto trabalhador, vou conseguir escolher a minha carreira e a forma como a quero desenvolver. Possivelmente eu não vou querer mais ser um trabalhador efetivo de uma empresa, porque isso tem um vínculo muito pesado. Muito provavelmente o trabalhador vai optar por um contrato mais flexível”, partilha.

É então de olhos postos no futuro que a conversa termina, com a certeza de que o mundo laboral como o conhecemos está a mudar e que o papel dos Recursos Humanos na aceitação e adaptação a esta mudança será crucial. Inclusão, comunicação e transparência serão, mais do que nunca, as palavras ordem.

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