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RODRIGO MENDES/OBSERVADOR

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Pedro Nuno Santos anunciou que viabilizará Governo minoritário da AD, Luís Montenegro não desfez tabu. Quem venceu o debate?

Num debate muito aguerrido e cheio de interrupções, Pedro Nuno anunciou que viabilizará um Governo minoritário da AD, Montenegro não desfez o tabu. Todos os temas mereceram acesa discussão.

Ficou claro, mas só de um dos lados: Pedro Nuno Santos viabilizará um governo minoritário da AD, caso a coligação vença a 10 de março, e o PS não apresentará nenhuma moção de rejeição, nem aprovará nenhuma que seja apresentada. Já Luís Montenegro não esclareceu o que fará em caso de vitória socialista, nem se comprometeu em viabilizar um Orçamento do PS em caso de derrota e também não respondeu sobre uma possível moção de rejeição. “É o tabu”, atirou o líder do PS, no primeiro dos muitos apartes que marcaram o frente a frente entre os principais candidatos a primeiro-ministro: houve inúmeras interrupções dos dois lados ao longo dos 75 minutos do último dos 28 debates a dois nas televisões.

Um debate que começou marcado pelo protesto de polícias à porta do Capitólio, que se deslocaram do Terreiro do Paço para o local do frente a frente. Luís Montenegro disse concordar com as reivindicações das forças de segurança e prometeu negociações, enquanto Pedro Nuno Santos, apesar de também mostrar disponibilidade para negociar, foi claro sobre o protesto: “Mas não sob coação”.

Depois, tudo foi uma troca de argumentos, afiados, e na maior parte das vez contraditórios, sobre os mais diversos temas. Futuro aeroporto, economia, impostos, habitação, educação, saúde, pensões. Sempre com a voz a subir de tom. E até Passos e Sócrates foram chamados à discussão.

Quem ganhou o debate? Pedro Nuno Santos ou Luís Montenegro? Um painel de avaliadores do Observador deu notas de 1 a 10 a cada um dos candidatos (como pode ver no gráfico em baixo) e avaliou o frente a frente, explicando porquê. O mesmo método que usámos ao longo desta maratona de duelos televisivos: a média das notas surge na tabela inicial onde pode ver a classificação geral e saber quem esteve esteve melhor no total dos sete debates a dois (agora só faltam os debates entre todos — nas televisões, sexta-feira, dia 23, e nas rádios, segunda-feira, dia 26.

Pedro Nuno (PS)-Luís Montenegro (AD)

Ana Sanlez — Um debate vivo, muito picado, como se queria entre dois candidatos a primeiro-ministro. A certas alturas equilibrado, mas nem sempre. Resumidamente: Pedro Nuno Santos começou melhor e acabou melhor. O que não era óbvio, tendo em conta o historial dos debates anteriores. O líder do PS saiu-se bem no arranque e amarrou Luís Montenegro a um “tabu” no que toca à governação e à ideia que “o PSD quer exigir ao PS o que não está disponível para garantir ao PS”. Também terminou por cima na questão das pensões, levando Montenegro a admitir que quer fazer as pazes com os pensionistas. Talvez não tenha conseguido. Nem com a insistência sobre o “corte” de meia pensão por parte de António Costa. Luís Montenegro sobressaiu na saúde e na sua tese de fazer do SNS a “base” com o apoio dos privados. E também na habitação terá sido onde conseguiu chamar mais à atenção para o mau legado do PS. (No capítulo das bizarrias: Luís Montenegro colocou mesmo Pedro Passos Coelho no mesmo patamar de José Sócrates?)

Carlos Diogo Santos — Foi aceso, houve acusações e, como não poderia deixar de ser, Passos Coelho e Sócrates não faltaram. Mas foi também esclarecedor sobre as propostas e, sobretudo, sobre o estilo dos candidatos. Luís Montenegro esteve quase sempre mais calmo, Pedro Nuno Santos mais aguerrido e às vezes inflamado. Em grande parte do debate, o secretário-geral do PS tentou insistir na inexperiência governativa do líder do PSD, enquanto Montenegro ia atacando os erros que o oponente teve enquanto governante. No crescimento económico, Pedro Nuno Santos acabou por ter bons momentos, usando o crédito dos resultados do governo socialista. E chegou a afirmar: “Não podemos estar sempre a fazer promessas eleitorais. Temos de ter credibilidade quando apresentamos as nossas contas”. Mas, se o candidato do PS beneficiou com os bons resultados recentes, também acabou fragilizado com tudo o que correu mal — e foram muitas coisas –, com destaque para a crise na habitação e o caos na Saúde. Montenegro não perdeu essas oportunidades. E também acabou por se sair melhor quando à conversa chegou, pela mão de Pedro Nuno Santos, a ausência de Passos Coelho da convenção da AD. “E convidou o engenheiro José Sócrates para o seu congresso?”. Montenegro soube crescer ao longo do debate, depois de um início menos feliz em relação ao protesto de polícias à porta do Capitólio (que a PSP já fez saber que vai participar ao MP). Pedro Nuno Santos cresceu em relação a todos os outros debates.

Filomena Martins — O pior do debate: o que não se conseguiu ouvir das medidas de cada um para o país. O ainda pior do debate: o que só se conseguiu ouvir dos dois candidatos a primeiro-ministro — a berraria para ver quem conseguia alcançar mais decibéis e as interrupções constantes para ver se ganhavam tempo sem responder. Posto isto, foi de longe o melhor frente a frente de Pedro Nuno Santos, que começou a ganhar a Luís Montenegro: primeiro pela posição mais firme sobre a negociação com as forças de segurança que protestaram ilegalmente à porta do Capitólio (negociação sim, mas não sob coação) e depois por aproveitar o tempo de antena para desfazer o tabu, de que viabilizará um governo minoritário da AD (ainda que aqui o silêncio de Montenegro possa ser estratégia — boa ou má, a ver iremos). Mais agressivo, com mais energia, o líder do PS atacou com a falta de respostas do adversário e, na fase inicial daqueles 75m, Luís Montenegro só conseguiu ir irritando Pedro Nuno com os à partes. Até quando sacou de Sócrates da gaveta, colocou-se a jeito para levar com Passos Coelho, e foi mau ver ambos ao mesmo nível. Já íamos pois a meio da contenda, ou mais, quando a estratégia de desestabilização funcionou. Finalmente Luís Montenegro puxou pelas suas propostas na saúde, na educação e na habitação e destruiu as do PS, porque Pedro Nuno está colado à herança de António Costa e não tem nada de garantidamente melhor para apresentar. Depois, o debate quase que se se resume em muitas trocas de frases: “Não minta”, “eu não minto”; “está nervoso”, “não estou nada nervoso”; “é um bloqueio, qual bloqueio?”; “foi um mau ministro, não fui”; “você é que cortou, não você é que cortou”. E podíamos continuar…

Helena Matos — Gostei do debate. Já sei que se interromperam. Que fizeram demagogia. Mas debateram e um debate não é um grupo de reflexão. Cada um dirigiu-se ao seu eleitorado e nessa perspectiva Pedro Nuno Santos conseguiu um melhor resultado porque pareceu bastante mais combativo. Hoje Pedro Nuno Santos deu razões aos eleitores do PS para não se absterem. Não captou um voto do PSD para o PS, mas animou os socialistas mesmo que à conta das proclamações sobre o seu perfil fazedor. Luís Montenegro claramente dominou nas áreas executivas: saúde, educação, habitação e impostos. E mais uma vez arriscou quando recusou dizer como procederia caso não ganhe as eleições. Reforçou o perfil de possível primeiro-ministro. Em resumo ambos cumpriram os seus objectivos neste debate.

José Manuel Fernandes — Quem esperasse ficar a saber mais sobre os programas da AD ou do PS ficou seguramente desiludido. Sempre que um dos protagonistas procurava expor soluções, o outro sobrepunha-se-lhe e os moderadores estiveram também eles com demasiado tendência para impedir que, em alguns momentos, os intervenientes completassem raciocínios. Pedro Nuno acusou Montenegro de impreparação e Montenegro acusou Pedro Nuno de impreparação, mas quem não estivesse por dentro dos detalhes de cada um dos temas só ficaria com isso: com as trocas de acusações. De resto é incompreensível porque é que Pedro Nuno resolveu tecer loas ao SNS quando o SNS atravessa a crise que atravessa (e é essa crise que sentem os portugueses) e é ainda mais incompreensível que Montenegro se tenha perdido na troca de acusações sobre quem cortou pensões, um tema que a prudência recomendaria que evitasse (pois não importa quem tem razão, importa a percepção pública e contra essa Montenegro nada pode fazer num debate com estas
características). Muitos alvitraram que seria um debate decisivo, não creio que tenha sido – até arriscaria dizer que ambos os protagonistas perderam uma oportunidade de concentrar voto útil à esquerda ou à direita.

 Paulo Ferreira Contrariando muitas expectativas, Pedro Nuno Santos (PNS) vinha de prestações medianas nos debates anteriores que, na maioria, eram os mais fáceis por serem quase todos com potenciais parceiros de uma solução governativa. Contrariando também muitas expectativas, Luís Montenegro (LM) vinha de boas prestações na generalidade dos debates, quase todos com opositores ideológicos. No duelo entre ambos, o líder do PS esteve melhor do que tinha estado e o líder da AD manteve o nível. PNS arrancou melhor, com assertividade sobre a manifestação de polícias que se tinha deslocado para a porta do debate. Mas cedo se percebeu qual era a sua estratégia para se distinguir e elevar face ao adversário: jogar a cartada da sua experiência governativa, apostando em colar o rótulo de impreparação a LM. Esta ideia foi repetida várias vezes ao longo do debate. Será que é uma boa carta para PNS jogar? É factual que o líder do PS tem cerca de oito anos de “rodagem” nos governos de António Costa e que o líder da AD nunca ocupou uma pasta governativa.
Mas do que nos lembramos quando recordamos o ministro PNS? Da TAP, de 3,2 mil milhões dos contribuintes numa nacionalização que era evitável para salvar a empresa, da bronca de Alexandra Reis, da tutela por WhatsApp e de toda a informalidade; do anúncio de um novo aeroporto à revelia do primeiro-ministro e de todo o governo, apresentando ao país uma solução que foi agora mal classificada pela Comissão Técnica Independente; da habitação e da ferrovia, onde andou a “arrastar os pés” durante anos. Será que acenar com a sua experiência governativa é mesmo boa ideia para se distinguir de um adversário que não a tem? Estas são mochilas pesadas que o líder socialista tem de carregar, que se juntam a outra que continuou mal resolvida no frente-a-frente com LM: o dilema entre a defesa da herança de António Costa e a vontade de fazer diferente. Na dúvida, PNS apresenta as mesmas soluções para a saúde, educação, habitação ou impostos. A diferença visível é a selectividade que promete na escolha dos sectores económicos que devem receber apoios do Estado.
LM tem, neste posicionamento, a vida muito facilitada: promete uma mudança em vários sectores, alguns onde o líder do PS acaba por reconhecer que nem tudo estava a correr bem. Mas isso são as circunstâncias que nenhum deles controla.
PS. Uma nota final sobre um dos temas onde houve mais fricção: as pensões e a discussão sobre quem cortou o quê. Por estranho que pareça, estavam ambos certos. LM na descrição dos factos, PNS na conclusão que, no final, nenhum pensionista teve a sua pensão cortada.

Pedro Jorge Castro — Pedro Nuno Santos teve o seu melhor debate, de longe. Começou de forma irrepreensível, muito melhor do que o adversário, a dizer que não se negoceia sob coação dos polícias, depois de Montenegro ter ignorado esse lado da manif ilegal à porta do debate. Depois fez o correto, respondendo à pergunta (ao contrário do líder do PSD), ao dizer que não chumbará um governo da AD que não tenha maioria absoluta. Foi ainda eficaz a lançar dúvidas sobre as contas do PSD para a economia. Montenegro esteve melhor na habitação, na saúde (32 novos hospitais privados contra zero públicos), na educação e a invocar Sócrates quando Pedro Nuno Santos foi buscar Passos Coelho (esta correu mesmo mal ao líder do PS). Foi também eficaz a apontar os erros de governação do candidato socialista, mantendo nos indecisos a dúvida sobre como iriam fazer agora o que não se fez em 8 anos. Na baixa política dos apartes, ambos perderam: Luís Montenegro conseguia ir irritando Pedro Nuno Santos, que mostrou menos traquejo neste tiki-taka, mas exagerou e foi quase um bully. Mesmo assim, o sorriso meio seráfico do líder do PSD contrastava com o ar permanentemente acossado do ex-ministro, como se não tivesse saído hoje uma sondagem que o põe à frente da AD. Tudo ponderado, Pedro Nuno Santos perde pela margem mínima o debate na eficácia, por ter feito a coisa certa de abrir o jogo: se já não há risco de o Chega ter influência e condicionar um futuro eventual governo da AD, porque é que os eleitores que têm medo do Chega hão-de votar no PS? Essa foi uma das grandes molas da maioria absoluta de Costa. Se agora foi esvaziada pelo próprio Pedro Nuno Santos, acaba por perder alguns desses votos. Um resultado injusto, a mostrar que na política também é possível jogar ao melhor nível e perder com um auto-golo.

Miguel Pinheiro — Finalmente, Pedro Nuno Santos apareceu num debate mostrando-se disciplinado e focado. Trazia na manga três mensagens. Primeira: o PS simboliza a estabilidade e pretende manter solidamente o que está bem e mudar cautelosamente o que está mal. Segunda: a mudança apresentada pelo PSD é apenas “aventureirismo” (palavra que repetiu pelo menos quatro vezes). Terceira: ao contrário do líder do PSD, Luís Montenegro não tem experiência governativa e, por isso, está “impreparado” para ocupar o lugar de primeiro-ministro. Já Luís Montenegro deixou-se perder naquilo a que se chama o “fogofwar”, aquele nevoeiro que deixa os soldados em combate perdidos num nevoeiro de desorientação. Devia ter insistido nas deficiências de Pedro Nuno Santos como ministro — mas só falou nisso episodicamente — e devia ter apelado a uma mudança tranquila — mas não conseguiu transmitir uma mensagem clara. Luís Montenegro só começou a recuperar na parte final do debate, especialmente quando se discutiu a saúde. Aí, Pedro Nuno Santos entrou em modo dissimulado. Sonsamente, jurou não ter nada contra as PPP na Saúde quando nós sabemos que ele sabe que nós sabemos que ele sabe que não é assim. E Montenegro atirou-lhe, como se fosse uma granada, os “zero” hospitais públicos inaugurados pelos governos do PS. Mas lá está: o líder do PSD devia ter começado mais cedo.

Miguel Santos Carrapatoso — As expectativas eram justas: o frente a frente entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro foi um grande debate, com bons momentos de parte a parte, seja nos argumentos que levaram para cima da mesa, seja na forma com que se apresentaram. Pedro Nuno Santos começou da melhor maneira, tendo a coragem de dizer o óbvio: o que se passou hoje à porta do Capitólio é impensável em democracia, com centenas de elementos das forças de segurança a tentar condicionar um debate político. “Não se negoceia sob coação”, atirou, mostrando a autoridade que se exige a quem se candidata a primeiro-ministro. Montenegro titubeou, tal como titubeou quando desafiado a dizer o que faria perante um governo minoritário do PS ou o que pretende fazer em relação ao novo aeroporto. Montenegro simplesmente não respondeu. Além disso, num país em que valores como a previsibilidade e a estabilidade são determinantes para o resultado das eleições, Pedro Nuno foi igualmente eficaz ao agitar os riscos que existem no choque fiscal proposto pela AD. O debate começou a ficar mais equilibrado quando se discutiram a Habitação, a Escola e o SNS. Nos três temas, Montenegro tem uma vantagem enorme do seu lado: a realidade. Por muito que os socialistas insistam que as coisas funcionam (ou que, pelo menos, não funcionam assim tão mal), serão poucos, à esquerda e à direita, que concordarão. Depois, entrando na reta final, Montenegro voltou a cair e logo onde não podia cair: nas pensões. Por muito que o líder do PSD se queira reconciliar com os eleitores mais velhos, o passado não se apaga, nem se reinventa: foi de facto o governo de Pedro Passos Coelho que aplicou um corte de pensões para lá daquele que estava previsto no memorando da troika, foi de facto o Tribunal Constitucional que impediu mais cortes e não é verdade que António Costa, ao contrário do que diz Montenegro, tenha efetivamente cortado pensões. Pedro Nuno Santos foi cristalino a explicar isto – enquanto Montenegro gritava e falava em Aníbal Cavaco Silva. Com um killer instinct que ainda não tinha revelado nestes debates, o socialista ainda sugeriu que era por isso que Luís Montenegro andava a esconder Pedro Passos Coelho, não o convidando para eventos da AD – o social-democrata só conseguiu responder com “Sócrates”, que é chão que já deu uvas e que já não é sequer militante socialista. Veremos que efeito tem este momento junto do eleitorado que o social-democrata quer e precisa de conquistar. Para lá de todos os apartes – e houve momentos deliciosos –, vingou o de Pedro Nuno Santos para o adversário: “Hoje não correu bem, não foi?”. A forma assertiva com que o socialista entrou no frente a frente, de resto, surpreendeu evidentemente Montenegro, que perdeu várias vezes a serenidade e a confiança que tinha demonstrado em debates anteriores. Se a gestão de expectativas conta, e conta muito, hoje esperava-se que Montenegro desse o golpe de misericórdia nas aspirações de Pedro Nuno Santos. Não só não deu, como permitiu que o adversário se apresentasse na sua melhor forma. A corrida vai ser até ao fim.

Rui Pedro Antunes — O pré-debate entre os dois maiores partidos começou com uma vitória do terceiro: o Chega. Os polícias a cantar o hino, a gritar “vergonha” e a “cercar” — ainda que pacificamente — um debate democrático mostra uma falta de autoridade do poder político sobre as forças de segurança que só pode ajudar o Chega. Luís Montenegro, que tinha sido duríssimo com as forças de segurança quando estas ameaçaram boicotar as eleições, desta vez aproveitou o ato para atacar o PS e deixou que fosse Pedro Nuno Santos a ter o sentido de Estado de dizer que “não se negoceia sobre coação”. Do ponto de vista político, Pedro Nuno Santos disse que não apresenta uma moção de rejeição (nem aprova a de outros) a um governo AD se Montenegro vencer as eleições. É uma bipolaridade contemporânea: o senhor geringonça — que sempre se recusou a dizer que rejeitava governar ficando em segundo — acaba por dizer que afinal deixa a direita governar. Mesmo que uma maioria de esquerda em caso da AD em primeiro lugar seja um cenário pouco provável, o que está dito, está dito, e isso vai ser cobrado depois de 10 de março. É um flanco que o líder do PS abre que não o compromete já, mas que lhe condiciona o futuro. E é, sem eufemismo, uma grande cambalhota. Ainda assim, Pedro Nuno Santos apareceu com uma postura de apartes (Ventura-style, na forma) com a qual conseguiu perturbar Montenegro e o fez o líder do PSD subir o tom de zangado que estraga a imagem de calma e serenidade que manteve nos outros seis debates. Mesmo na questão dos pensionistas, com os quais aposta numa reconciliação, o líder do PSD não conseguiu sair do emaranhado do corte virtual de mil milhões nas pensões que o PS até pode ter tido na cabeça, mas que nunca executou. Um corte que antes de o ser, não o foi. O líder do PSD não resistiu também a chamar José Sócrates para o debate, questionando Pedro Nuno se o “engenheiro” iria deslocar-se da Ericeira para a sua campanha. Até esse ataque foi anulado, habilmente, pelo líder do PS: “O Luís Montenegro é que não convidou Passos Coelho para a Convenção da AD”. Montenegro subestimou assim capacidade de Pedro Nuno Santos e sai pior do debate. Resta saber se esta vitória de Pedro Nuno Santos — um verdadeiro comeback kid — na arena de debate consegue convencer o centro (aí, sim, disputam eleitorado) que muitas vezes olha para detalhes que escapam aos analistas políticos. A nível local, Fernando Medina arrasou Carlos Moedas num debate com ataques mordazes, mas, no fim, perdeu as eleições.

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Depois dos 28 frente a frente, haverá ainda dois debates televisivos alargados, ambos na RTP, o primeiro esta terça-feira, dia 20, entre todos os partidos sem assento parlamentar, às 21h00. E o segundo, na sexta-feira, dia 23, com todos os líderes dos oito partidos com assento parlamentar, também às 21h00. E um debate alargado nas rádios, também com Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro, André Ventura, Rui Rocha, Mariana Mortágua, Paulo Raimundo, Inês Sousa Real e Rui Tavares: terá lugar segunda-feira, dia 26, às 10h00, e será emitido pela Rádio Observador, a TSF, a Rádio Renascença e a Antena 1. Pode ver o calendário de todos debates que já se realizaram (e dos três que restam) neste gráfico.

Pode recordar aqui as notas dos debates da segunda semana: segunda-feira, terça-feira, quarta-feiraquinta-feira, sexta-feirasábado e domingo.

Notas dos debates. Quem foi melhor: Mariana Mortágua ou Inês Sousa Real, Luís Montenegro ou Rui Rocha?

As notas dos debates. Quem ganhou: Pedro Nuno ou Paulo Raimundo? Luís Montenegro ou Rui Tavares?

As notas dos debates. Quem ganhou: Pedro Nuno ou Mortágua, Rui Tavares ou André Ventura?

Notas do debate. Entre “anestesiar a saúde e bloquear a economia” e dar “borla fiscal à banca”, quem ganhou: Rui Rocha ou Mariana Mortágua?

Quem ganhou os debates desta quarta-feira, que terminaram com as visões opostas de Paulo Raimundo e Rui Rocha sobre o papel do Estado

As notas dos debates desta terça-feira, que acabaram com ataques de candidatos terroristas entre André Ventura e Mariana Mortágua?

As notas do debate. Montenegro recusa acordo com Chega populista e racista; Ventura diz que PSD “salta para o colo do PS”: quem venceu?

E aqui as notas dos debates da primeira semana: segunda-feiraterça-feiraquarta-feiraquinta-feira, sexta-feirasábado e domingo.

As notas dos debates. Pedro Nuno Santos ou Rui Rocha, André Ventura ou Inês Sousa Real: quem foi o melhor na estreia?

Debates. As notas para os seis protagonistas desta terça-feira: entre estreias e repetentes, quem esteve melhor?

As notas dos debates. Arco-íris, escorregas e soluções de “laboratório” contra soluções de “fezada” na estreia de Rui Tavares com Rui Rocha

Quem ganhou cada um dos três debates desta sexta-feira, que terminou com o frente a frente Paulo Raimundo-André Ventura?

As notas dos debates. Luís Montenegro ou Paulo Raimundo, Pedro Nuno Santos ou Inês Sousa Real, quem ganhou?

Quem ganhou os debates deste domingo, que terminaram com Mariana Mortágua e Paulo Raimundo a falar para Pedro Nuno

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