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A descida das taxas Euribor, os principais indexantes de crédito à habitação em Portugal, acelerou no mês de outubro depois de o BCE sinalizar que a redução das taxas de juro de referência poderá ser mais rápida do que o previsto. A média mensal das Euribor no prazo mais longo, a 12 meses, afastou-se ainda mais de 3% (fixando-se abaixo de 2,7%) e no prazo mais utilizado em Portugal, os seis meses, a média mensal ficou em outubro muito perto de também descer abaixo desse patamar de 3%. Para quem tem créditos a taxa variável, a descida pode representar poupanças até cerca de 130 euros face aos máximos de há um ano.
A média da Euribor, que é o valor que determina os valores das revisões mensais das prestações, desceu em outubro nos prazos a três, seis e 12 meses. A descida, calculada nesta quinta-feira por ser o último dia do mês, foi mais acentuada do que em setembro e, agora, com um pouco mais de intensidade nos prazos mais curtos – uma mudança em relação aos últimos meses.
Com as novas médias mensais, um crédito à habitação no valor de 150 mil euros, com spread de 1%, se tiver revisão periódica neste mês irá passar a pagar uma prestação mensal de 689,66 euros – isto se for um crédito indexado à Euribor a 12 meses.
Esse mesmo crédito, no pico dos juros fixado há precisamente um ano (4,16%), pagava 819,96 euros (porque a média do indexante ascendeu aos 4,16% nesse mês) – ou seja, uma diferença de 130,30 euros, segundo os cálculos do economista Nuno Rico, da Deco Proteste.
Já se a prestação estiver indexada à Euribor a seis meses, e também tiver agora a revisão mensal, a prestação irá passar a ser de 716,30 euros, o que compara com os 815,81 euros que o mesmo crédito poderia pagar mensalmente quando as taxas de juro estavam no máximo recente. É um alívio de praticamente 100 euros nos encargos mensais, em comparação com o final de 2023.
Euribor a seis meses passou a ser a mais usada em Portugal
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Com as alterações desta quinta-feira, o valor diário da Euribor a três meses, que subiu ligeiramente para 3,062%, continuou acima da taxa a seis meses (2,864%) e da taxa a 12 meses (2,547%).
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro de 2023.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a agosto mostram que a Euribor a seis meses representava 37,6% do ‘stock’ de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,2% e 25,8%, respetivamente.
Quem tem créditos indexados à Euribor a três meses tem tido uma descida mais vagarosa das prestações, já que desde o final do ano passado que as perspetivas de uma redução rápida dos juros levam a que sejam os prazos mais longos a ter taxas mais reduzidas – uma situação relativamente invulgar que, porém, se tem mantido.
No mesmo exemplo ilustrativo o cliente bancário irá passar a ter uma prestação de 730,64 euros se a revisão ocorrer agora. Há um ano, no pico das taxas de juro, esse cliente tinha de pagar um encargo de 802,67 euros, o que significa uma poupança mensal de 72 euros.
As Euribor acentuaram a tendência de descida sobretudo depois de o BCE confirmar, no dia 12 de setembro, um corte de 25 pontos-base na taxa de juro (o segundo, depois do anunciado em julho). Dias depois, a Reserva Federal dos EUA avançou para um corte das taxas de juro que foi o primeiro desde a pandemia. Essa descida dos juros pela Reserva Federal foi de 50 pontos-base (ou seja, meio ponto percentual) de uma assentada, o que surpreendeu a generalidade dos analistas e deu mais confiança aos mercados financeiros de que o BCE voltaria a baixar os juros em outubro – o que se confirmou.
Nesta fase, com a taxa de juro dos depósitos na zona euro em 3,25%, os analistas estão convictos de que o BCE irá voltar a baixar os juros em dezembro: a dúvida é se será (novamente) em 25 pontos ou se Christine Lagarde irá anunciar uma descida de 50 pontos. A confirmar-se esta última hipótese, seria uma aceleração do ritmo de descida das taxas de juro de referência que, não tendo um impacto direto sobre os indexantes Euribor, tem um impacto indireto muito importante.
Nos últimos dias, depois de os dados económicos divulgados na quarta-feira sobre a economia europeia terem superado as expectativas, voltou a tornar-se mais provável, aos olhos dos mercados de futuros de taxas de juro, que o corte seja de apenas 25 pontos-base.
Mas tudo irá depender do debate no Conselho do BCE, no dia 12 de dezembro, que será apoiado num novo conjunto de projeções macroeconómicas atualizadas trimestralmente. Christine Lagarde tem colocado um maior ênfase nos riscos para o crescimento económico, embora continue a avisar que ainda não estão completamente dominados os riscos de inflação demasiado alta.
Se os dados mostrarem uma inflação mais moderada nos próximos anos, é mais provável que o BCE dê um passo mais agressivo, baixando os juros em 50 pontos para que a política monetária não seja tão “restritiva” da atividade económica como tem sido. Além de Mário Centeno, também o francês François Villeroy de Galhau tem defendido que as taxas de juro podem ter de ser reduzidas mais rapidamente, para não correr o risco de o BCE se ver, a breve trecho, a braços com o problema inverso: uma inflação demasiado baixa e uma economia em apuros.
A descida das taxas Euribor traz um alívio para as famílias que têm créditos à habitação com taxa variável. Porém, significa que os depósitos bancários têm tendência para oferecer uma remuneração cada vez menor. A descida nos juros dos depósitos, aliás, começou logo no início do ano, quando se começou a perspetivar que as taxas de juro decididas pelo BCE já não teriam grande probabilidade de continuar a subir e poderiam começar a descer gradualmente (como tem acontecido).
Nesta quinta-feira, o Banco de Portugal indicou que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares diminuiu em setembro pelo nono mês consecutivo, fixando-se em 2,55% nos prazos até um ano (os mais comuns).