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O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, discursa na cerimónia de apresentação dos candidatos do PS do distrito de Évora às autárquicas 2025, em Évora, 14 de dezembro de 2024. NUNO VEIGA/LUSA
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NUNO VEIGA/LUSA

NUNO VEIGA/LUSA

Socialistas querem candidato a Lisboa este mês. Direção ainda faz estudos

Socialistas impacientes com escolha de Pedro Nuno Santos para concorrer em Lisboa. Temem que demora e hesitações já tenham fragilizado o nome que vier a concorrer à capital.

A candidatura do PS a Lisboa tem estado a ser alvo de vários estudos de opinião, promovidos pelo próprio partido, que procura um tiro certeiro para tentar reconquistar a capital do país nas próximas autárquicas. Mas a demora, e sobretudo a informação de mais um estudo de opinião feito no final do ano, estão a deixar socialistas impacientes com a aparente hesitação do líder. No partido aguarda-se por uma decisão este mês e alguns socialistas temem que o processo de decisão demorado já tenha fragilizado quem vier a concorrer.

Pedro Nuno Santos queria ter esse processo fechado até ao final do ano, como escreveu o Observador em dezembro, e no partido garante-se que o líder muito dificilmente se anteciparia às eleições à Federação da Área Urbana de Lisboa, que acontecem esta sexta-feira. E que Pedro Nuno Santos já terá a decisão tomada. No entanto, várias fontes contactadas pelo Observador nos últimos dias referiram a existência de um novo estudo de opinião sobre Lisboa feito ainda no final do ano, que mostra que o assunto estava a ser alvo de avaliação há muito pouco tempo. Até essa altura, pelo menos, nenhum socialista tinha recebido qualquer convite do líder do partido para a candidatura a Lisboa.

“Queremos mesmo disputar a Câmara a Carlos Moedas que tem um registo de combate complicado. Temos de ter mais informação para tomar a decisão“, disse ao Observador um dirigente socialista quando confrontado com estudos a esta altura da corrida. “É normal fazermos estudos”, afirma outro dirigente em conversa com o Observador sobre a mesma informação, procurando desvalorizar o tema.

Na tentativa de afastar a ideia de alguma indecisão em Lisboa, os dirigentes do partido vão aparecendo ainda em uníssono na utilização de um mesmo argumento: em 2021, Carlos Moedas também ainda não era candidato nesta altura do campeonato. O social-democrata só oficializou a sua candidatura no final de fevereiro e esse timing vai sendo agora usado no PS para afastar a pressão de um candidato apresentado já nesta fase.

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PS ainda hesita nos candidatos autárquicos para Lisboa e Sintra

O vazio de decisão dá espaço à crítica e, na última semana, o “impasse” em Lisboa foi alvo de um artigo de opinão do ex-ministro Pedro Adão e Silva, publicado no jornal Público, que foi visto no topo do partido como uma forma de pressão sobre Pedro Nuno. E isto porque Adão e Silva é muito próximo de Mariana Vieira da Silva, um dos nomes mais falados para concorrer pelo PS em Lisboa e, no referido artigo, dizia que o atraso na decisão “diminui a capacidade de fazer oposição e limita a afirmação de um projeto alternativo”. Assim, e tentando um “critério de racionalidade para esta não-decisão”, Adão e Silva afirmava que “Pedro Nuno Santos pode estar a equacionar ser ele próprio candidato” — o que não está em cima da mesa.

Em cima da mesa está o nome de Mariana Vieira da Silva, mas também o da líder parlamentar Alexandra Leitão. E ainda o sonho que alguns socialistas no PS-Lisboa alimentavam até há poucos meses sobre uma candidatura de Duarte Cordeiro.

“Tentou encontrar racionalidade naquilo que Pedro Nuno Santos está a fazer”, comenta com o Observador um socialista crítico da estratégia do líder em Lisboa. “Fazer sondagens e falar noutros nomes fragiliza” quem vier a ficar como candidato, acrescenta a mesma fonte, defendendo que, nesta fase, uma sondagem só consegue aferir “índices de notoriedade e isso não se deve tomar como um valor absoluto, já que as campanhas servem para construir essa mesma notoriedade”. “Estão a desgastar os nomes”, analisa outra fonte sobre a gestão deste processo.

Em cima da mesa está o nome de Mariana Vieira da Silva, mas também o da líder parlamentar Alexandra Leitão. E ainda o sonho que alguns socialistas no PS-Lisboa alimentavam até há poucos meses sobre uma candidatura de Duarte Cordeiro. O socialista que foi vice de Fernando Medina na Câmara e ex-líder do PS-Lisboa é o preferido pelas estruturas concelhias e distritais (que dominou durante os últimos anos), mas tem-se colocado fora dessa equação — depois dos processos judiciais em que viu o seu nome envolvido — e assim parece querer continuar. Certo é que esta preferência — e a sua manifestação amiúde, mesmo que só em conversas privadas — também é apontada entre os críticos do processo como mais uma fragilização de quem vier a concorrer.

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Em Sintra também se aponta a janeiro

O mês de janeiro é, por tudo isto, apontando como limite pelas várias fontes no partido contactadas pelo Observador. É, de resto, o mesmo mês para o qual o atual presidente da Câmara de Sintra que está de saída, Basílio Horta, pediu também uma solução para aquele município. Em entrevista ao Observador esta semana, o autarca que desde 2013 tem sido eleito em listas do PS deixava alguma impaciência nas entrelinhas.

Quando questionado sobre o seu tempo de decisão em 2013 (avançou oficialmente em novembro, mas já estava a preparar-se desde setembro do ano anterior) e se está preocupado com o tempo que a decisão está a levar agora, Basílio foi claro: “Bom, não digo que seja motivo de preocupação. Tudo depende. Se o candidato sair de dentro da Câmara de Sintra, não é preocupação nenhuma. Agora, se for uma pessoa que venha de fora, é evidente que o tempo conta”.

No distrito, há outros municípios de peso, como Cascais, Mafra ou Oeiras, onde o PS ainda não tem decisões tomadas. O maior enfoque vai para as duas primeiras, onde o partido vê oportunidades já que se tratam de municípios onde o PSD enfrenta o fim do ciclo de 12 anos.

O nome mais falado é o de António Mendonça Mendes — o próprio presidente revelou que já tinha falado com ele manifestando o seu interesse em concorrer a Sintra. O deputado e ex-ministro viria de fora e não do executivo camarário. Teria o apoio de Basílio que, ao mesmo tempo, não deixa de elogiar o seu vice na autarquia, Bruno Parreira. O presidente que está de saída será ouvido por Pedro Nuno Santos antes deste tomar a decisão final.

Sobre o timing, Basílio Horta disse que avançar só agora com um nome “ainda não é um desastre, mas obviamente que deve ter-se em conta que o tempo urge“. E definiu mesmo: “O mês de janeiro é um tempo ótimo para decidir quem é o candidato que me irá substituir.”

Basílio Horta. “Altura de PS avançar com candidato em Sintra é agora”

A eleição à Federação da Área Urbana de Lisboa, depois da demissão de Ricardo Leão no início de novembro, tem sido apontada na estrutura do partido como justificação para o adiamento de uma decisão. Mas na direção nunca foi apontado, até aqui, como uma questão a pesar, até porque os processos de decisão já estavam em andamento no tempo do anterior presidente da federação e com as concelhias.

Além disso, tendo em conta que se tratam dos dois municípios mais populosos do país, é natural que seja uma decisão muito centrada no secretário-geral — isto ainda que o processo formal exija a validação dos nomes que vierem a ser escolhidos pelas concelhias e a comissão política federativa. Nos casos em questão, tratam-se de estruturas normalmente alinhadas com o líder (e na Federação, ambos os candidatos à liderança apoiaram Pedro Nuno Santos).

No distrito, há outros municípios de peso, como Cascais, Mafra ou Oeiras, onde o PS ainda não tem decisões tomadas. O maior enfoque vai para as duas primeiras, onde o partido vê oportunidades já que se tratam de municípios onde o PSD enfrenta o fim do ciclo de 12 anos (o máximo permitido pela lei) em funções. Em Mafra, os sociais-democratas jogaram por antecipação e já fizeram a substituição do autarca-limitado por um vice (Hélder Sousa e Silva foi para eurodeputado e ficou o seu vice Hugo Luís). No caso de Cascais, o vice-presidente de Carlos Carreiras, Nuno Piteira Lopes, será candidato pelo PSD. Já no PS o nome apontado é Marcos Perestrello, mas nada está ainda oficializado.

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