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Ilustração: Milton Cappelletti

Ilustração: Milton Cappelletti

Também há dor e pânico nas startups. E não é preciso ter vergonha

Suicídio de um empreendedor nos EUA pôs o dedo na ferida: porque é tão difícil os líderes das empresas falarem sobre depressão, 'distress' ou ansiedade? Stress todos temos, importante é geri-lo bem.

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“Quanto tinha 20 e poucos anos, liderava uma empresa de sucesso e estava clinicamente deprimido. Tinha receio em falar disto com outras pessoas além do meu psiquiatra. Na verdade, tinha vergonha de dizer que estava a consultar um psiquiatra. Tinha medo que as pessoas não me levassem a sério ou deixassem de me respeitar se eu lhes contasse o quão mal me sentia.”

Brad Feld
Investidor e empreendedor desde 1987

A vida “é muito simples”. Para Austen não foi suficiente

A 24 de maio de 2015, Austen Heinz pôs fim à vida. Tinha 31 anos. Nas mãos, o destino da Cambrian Genomics, a startup que fundou em 2011 para imprimir segmentos de ADN em três dimensões (3D). “Nós imprimimos vida. E a vida é muito simples, é apenas código. Quatro letras – que nós imprimimos“, disse à TechCrunch seis meses antes de morrer. A ambição era grande, mas Austen parecia não ter medo. Tinha inventado uma impressora 3D para criar ADN personalizado, porque “queria reescrever” tudo o que estava vivo. “Tudo o que vive pode ser melhorado e tornar-se mais útil para a humanidade, incluindo as células humanas”, disse na mesma entrevista. Meio ano depois, a morte falou mais alto. Derrubou a vida.

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Não era a primeira vez que Austen Heinz estava a lutar contra uma depressão profunda. Aos 23 anos, o jovem de São Francisco esteve internado num hospital psiquiátrico e quando teve alta, mudou de vida: arranjou uma mota antiga e viajou durante um ano pelos Estados Unidos. Contou a experiência no livro “A vida sem um para-brisa – Um conto humorístico sobre motas, doenças mentais e juventude“, que publicou em 2009 sob o pseudónimo Austen James. É lá que explica como “estava consumido pelo pânico, pela dor e pela confusão”.

A notícia do suicídio de Austen Heinz espalhou-se pelas redes sociais e a comunidade de empreendedores não lhe ficou indiferente. Trouxe para cima da mesa – leia-se, para os media – os temas para os quais é difícil encontrar quem dê a cara: a depressão, o pânico, os episódios de burnout ou os distúrbios de ansiedade que estão ligados a profissões com elevados níveis de stress, como os empreendedores ou todos aqueles que exercem cargos de liderança. A Business Insider chamou-lhe mesmo “o lado negro da startups“, num artigo que mais do que contar a história de suicídios como o de Austen Heinz, Aaron Swartz (cofundador do Reddit) ou de Ilya Shitomirsky (fundador da Diaspora), quis pôr o dedo na ferida.

Depois das palavras, os números: 49% dos empreendedores que participaram num estudo desenvolvido por quatro académicos norte-americanos (Michael Freeman, Sheri L. Johnson, Paige J. Staudenmaier e Mackenzie Zisser) admitem sofrer com uma doença mental. E aquela que mais se destaca é a depressão – atingia cerca de 30% dos inquiridos. Seguiram-se o distúrbio do défice de atenção e hiperatividade (29%) e os distúrbios de ansiedade (27%). A título comparativo, a depressão afeta 7% da população norte-americana. Outro dado de relevo: 72% dos empreendedores admitiram que já tinham tido problemas de foro psíquico no passado ou que os seus familiares tinham esse historial clínico.

"As pessoas que têm profissões muito ligadas ao stress, ao imprevisível, têm maior probabilidade de passar por um episódio de burnout"
Pedro Barbosa da Rocha, psicólogo especialista em stress e bem-estar

E se a morte de Austen trouxe o assunto para a internet, a verdade é que o “lado negro” não é exclusivo dos empreendedores, mas de todos aqueles que no dia-a-dia se veem obrigados a tomar grandes decisões, a lidar com o risco ou que estão no topo das hierarquias, dizem os especialistas contactados pelo Observador. “As pessoas que têm profissões muito ligadas ao stress, ao imprevisível, têm maior probabilidade de passar por um episódio de burnout [distúrbio psíquico de caráter depressivo associado a um esgotamento físico e mental]”, explicou o psicólogo Pedro Barbosa da Rocha, especialista em stress e bem-estar da Oficina de Psicologia. É na reta final do síndrome de burnout que podem surgir as tentativas de suicídio.

Christophe Dejours, especialista em doenças mentais ligadas ao trabalho disse em entrevista ao Público que em França, a profissão de anestesista/reanimador é das que têm maior taxa de suicídios, por exemplo. Porque têm medo de serem acusados em tribunal pela morte de terceiros. João Vasconcelos, diretor executivo da Startup Lisboa, diz ao Observador que não conhece nenhum caso de depressão entre os empreendedores que já passaram pelos espaços que ocupam a incubadora de empresas. Mas que stress, sim, há muito.

João Vasconcelos é diretor da Startup Lisboa, incubadora que já ajudou a lançar mais de 200 empresas.

Michael M. Matias/Observador

“Testemunhamos que os empreendedores estão sujeitos a uma pressão específica pela primeira vez na vida: de exigência da comunidade, dos investidores e até deles próprios. Mas não sinto que esta pressão seja maior entre os empreendedores do que noutras profissões“, referiu. Gonçalo Pereira, especialista em inteligência emocional e em mindfulness (atenção plena) para a redução do stress, concorda. Mas não se fica por aqui. Acrescenta que quanto mais elevado na hierarquia da empresa o profissional estiver, mais sozinho se sente, o que representa um nível adicional de stress. “Quanto menos pessoas tiver a seu lado para partilhar o peso das decisões, mais tem de ser autossuficiente e mais stress sente. Porque o ser humano depende muito da autorregulação e do vínculo com o próximo”, explicou.

Brad Feld é um empreendedor e investidor norte-americano, que escreve sobre depressão há mais de dez anos no blogue Feld Thoughts. A sua luta contra a doença levou-o a querer mudar a forma como a comunidade lidava com as doenças mentais. “Os líderes e os empreendedores estão programados para ‘nunca mostrarem fraqueza’, então há muita pressão para mantê-la escondida e oprimida. Se estiveres deprimido, isto pode tornar tudo pior” escreveu num do seus posts. A luta de Brad também está descrita no livro que escreveu com a mulher Amy Batchelor, “Startup Life”.

Por alguma razão, abraçámos a ideia do falhanço como uma característica normal do empreendedorismo, mas continuamos a lutar pelo reconhecimento e pela necessidade de se falar sobre os estados depressivos. Os empreendedores lidam com uma variedade ampla de tensões e emoções que têm, por vezes, uma intensidade esmagadora. Em muitos casos, temos medo de admitir que estamos deprimidos e somos altamente funcionais nesse período. Mas isso não nega o facto de estarmos em depressão. Negar isto é negar a realidade, e isso é contra os meus valores”, escreveu Brad.

O Observador tentou contactar empreendedores que falassem sobre o tema, mas sem sucesso. Gonçalo Pereira explica que há uma “certa vergonha” em admitir que este tipo de episódios acontece e que as pessoas só falam abertamente quando sentem um vínculo com o outro. É isso que percebe nas formações de mindfulness que dá em várias empresas. Também é ele quem está responsável pelo workshop de gestão de stress do The Lisbon MBA, o 13º melhor MBA da Europa, segundo o Financial Times.

"Por muitas competências técnicas [que os estudantes do The Lisbon MBA] que tenham, se não souberem gerir o seu nível de stress não vão conseguir acioná-las"
Luísa Agante, professora no The Lisbon MBA

Luísa Agante, professora no The Lisbon MBA e coordenadora dos Friday Forum (onde se inserem os workshops) explica que decidiram incluir duas aulas de gestão do stress no plano curricular, porque querem que os alunos entendam que o stress os torna menos eficientes, menos despertos, menos líderes e menos conhecedores de si próprios. “Todos eles querem dar um salto na carreira ou lançar as suas próprias empresas e as funções de gestão são das mais stressantes do mundo. Por muitas competências técnicas que tenham, se não souberem gerir o seu nível de stress não vão conseguir acioná-las”, explica.

A culpa não é sua. É da adrenalina e do cortisol

Mas afinal o que é o stress? E quando é que começa a ser preocupante? Quando é que a adrenalina dá lugar à ansiedade, à depressão ou ao síndrome de burnout?

Vamos por partes (até porque o stress é bom e recomenda-se, desde que não impeça de encontrar soluções para as adversidades). Pedro Barbosa da Rocha explica: existem dois tipos de stress, o adaptativo e o distress, que pode dar origem a fenómenos depressivos.

O primeiro é aquele que se sente antes de fazer um exame importante na universidade, por exemplo, ou seja: surge quando a pessoa se vê confrontada com determinadas exigências, mas consegue desenvolver recursos para ultrapassá-las. No caso do exame, o estudante está stressado, mas direciona toda a atenção para o estudo, de forma a conseguir ultrapassar o exame com o maior sucesso possível.

O stress adaptativo permite que se desenvolva uma resposta ao desafio. Por exemplo: estudar para um exame

AFP/Getty Images

O stress é bastante útil quando conseguimos autorregulá-lo. Às vezes as pessoas chegam a picos de performance nestas situações, a que não chegariam se não estivessem em stress”, acrescenta Gonçalo Pereira. Mas nem sempre é este o caso.

Quando a pessoa é confrontada com exigências, mas sente que não tem recursos para ultrapassá-las, ocorrem os episódios de distress. Porque a perceção que o indivíduo tem da situação não lhe permite ver alternativas para superar as dificuldades. É como se bloqueasse, podendo desencadear crises de ansiedade, pânico e dar origem a fenómenos depressivos. Estes dois tipos de stress permitem olhar para a mesma situação de formas diferentes.

Pedro Barbosa da Rocha dá um exemplo: imagine que o empreendedor ou gestor depara com uma despesa que não estava à espera e percebe que não tem dinheiro suficiente para pagá-la no prazo. Se o stress da situação tiver um efeito adaptativo, ele vai encarar a situação como um desafio e pensar nas soluções que dispõe para pagar a despesa, como recorrer a um empréstimo. Numa crise de distress, a pessoa perceciona a situação como sendo algo sem solução, onde não existem alternativas, e os níveis de stress são mais elevados.

"Os sintomas [do síndrome de burnout] são muitas vezes parecidos com os da depressão e ansiedade. Um deles é a desesperança face ao futuro, a tristeza, a apatia"
Pedro Barbosa da Rocha, psicólogo especialista em stress e bem-estar

“Sabe que os ocidentais são muito diferentes dos asiáticos na forma como olham para a palavra ‘crise’. Os chineses descrevem a palavra com dois carateres, que significam desafio e oportunidade. Ou seja, em qualquer momento de crise ou dificuldade existe sempre espaço para encontrarmos uma saída que nos permita atingir outros objetivos que nos encaminhem para um processo de realização pessoal e profissional”, explica o psicólogo.

Associado a estes dois conceitos, um terceiro: burnout, síndrome que, segundo o especialista, pode ser desencadeado quando há uma vivência crónica de stress de forma prolongada. “Os sintomas são muitas vezes parecidos com os da depressão e ansiedade. Um deles é a desesperança face ao futuro, a tristeza, a apatia. Depois, há outros sintomas que se sobrepõem. Nalguns casos, pode dar origem a aumentos ou perdas de peso – há pessoas que comem mais, outras que perdem o apetite -, falta de energia, dores físicas, perturbações do sono, etc. E depois, a falta de motivação, a falta de paciência para as pessoas, a irritabilidade”, acrescenta.

A adrenalina e o cortisol são as hormonas que reagem em situações de emergência e que zelam pela sobrevivência. São elas que fazem ativar o sistema nervoso simpático. Mas aquela que deveria ser uma intervenção pontual está, na vida contemporânea, a ser acionada em contínuo.

No síndrome de burnout, há três dimensões: a da exaustão emocional e psicológica,“que corresponde a este cansaço e falta de energia.” Depois, a da despersonalização e cinismo – “quando a pessoa deixa de ter prazer no trabalho e passa a ter receio de lidar com algumas pessoas, como a chefia”. Por último, a fase da perda da realização pessoal, que leva a uma crise de identidade pessoal e profissional. “É quando a pessoa começa a questionar-se e a ter dúvidas, a pensar coisas como ‘não tenho um sentido para a vida’ e ‘não sei o que estou a fazer aqui'”, adianta.

Na base do stress estão duas hormonas: a adrenalina e o cortisol, que fazem ativar o sistema nervoso simpático e a resposta a situações de emergência. São elas que nos permitem subir a uma árvore para fugir de uma leoa, exemplifica o especialista em gestão de stress. “Este sistema está desenhado para intervenções pontuais, mas na vida contemporânea os nossos agentes de stress não são pontuais, vêm em catadupas: uns atrás dos outros. São as ordens de compra que não estão a sair à hora que queremos ou as reuniões para tomadas de decisão. Há tanta demanda que o organismo que deveria ser acionado pontualmente, é acionado em contínuo.”

"[Síndrome de burnout] É quando a pessoa começa a questionar-se e a ter dúvidas na vida pessoal e profissional. Começa a pensar coisas como 'não tenho um sentido para a minha vida' e 'não sei o que estou a fazer aqui'"
Pedro Barbosa da Rocha, psicólogo especialista em stress e bem-estar

Daí a eventuais ataques de pânico, o caminho não é longo. Surgem quando o sistema nervoso perceciona uma situação como sendo de emergência e o indivíduo “congela”, explica o especialista. E se aqui o sistema nervoso simpático faz o corpo reagir à situação que percecionou como urgente, o parassimpático “entra a fundo como um travão, para travá-lo”. “É nesta fase que a pessoa entra na fase de congelamento, onde parece que vai desmaiar ou morrer, onde perde o sentido de orientação. E a culpa não é sua“, refere Gonçalo Pereira. Já dizia António Variações, “o corpo é que paga”.

De acordo com um estudo promovido pelo britânico The Labour Force Survey, em 2014, foram diagnosticados 487 mil casos de depressão, ansiedade relacionados com o stress no mercado de trabalho no Reino Unido, cerca de 39% do universo que compreende todas as doenças profissionais. Destes, metade eram casos novos, que tinham surgido no último ano. As profissões com maior incidência deste tipo de perturbações concentravam-se nas áreas da saúde, ensino, assistência social, administração pública e defesa. No total, estima-se que cada uma destas pessoas tenha perdido 23 dias de trabalho num ano por causa da sua doença.

Em Portugal, o último relatório da Direção-Geral de Saúde sobre as doenças mentais não especifica a correlação com o mercado de trabalho, mas sabe-se que em 2013, mais de um quinto (22,9%) da população portuguesa sofria com perturbações psiquiátricas, sendo que as que mais se destacam eram as perturbações de ansiedade (16,5%) e as depressivas (7,9%).

Obrigatório prevenir: Três minutos para focar no presente

Se pensava que a adrenalina e o cortisol escolhiam idade, sexo ou profissão, pense melhor. É assim com as depressões, os distúrbios de ansiedade ou o síndrome de burnout. Nos casos extremos, Pedro Barbosa da Rocha aconselha os profissionais a recorrerem à psicoterapia e a consultarem um especialista que prescreva um tratamento farmacológico. Porque stress, todos sentimos e na base de uma mente e vida saudável está a prevenção.

“O auto-cuidado é fundamental (o cuidado com a saúde de forma global). O que é que isto significa? Que é preciso ter cuidado com a alimentação, por exemplo, porque o processo de stress consome muita energia. É preciso ingerir muita água e fazer exercício físico: 30 minutos de atividade física diária, cinco dias por semana. Outra coisa que é importante: o cuidado com o sono e procurar introduzir no dia-a-dia atividades que sejam relaxantes e deem prazer”, explica o psicólogo.

"Se reparar o stress não é presente, é o que aconteceu ou o que está para vir. Raramente há problema no presente" 
Gonçalo Pereira, especialista em inteligência emocional e mindfulness

E se a primeira coisa que lhe passa pela cabeça ao ler estas sugestões for “mas eu não tenho tempo”, prepare-se: a gestão do dia requer que haja um planeamento das atividades, uma reorganização do horário de trabalho. As pessoas mais indisciplinadas devem planear as atividades diariamente e, à medida que vão conseguindo criar mais disciplina, devem passar a planos semanais e, mais tarde, mensais. Nesse planeamento, há algo que não deve esquecer-se de incluir: pequenas pausas ao longo do dia. “Nem que sejam cinco minutos”, diz Pedro Barbosa da Rocha.

Gonçalo Pereira é ainda mais específico. Quando se sente em stress, faça pausas de três minutos para respirar, focar a atenção no corpo e no presente. “Um pico de adrenalina demora três minutos a deixar de ter impacto no corpo”, explica. Para o especialista em mindfulness é importante que as pessoas aprendam a introduzir estes momentos de tomada de consciência no dia-a-dia – para focarem-se no corpo e no que está a acontecer no momento. “Se reparar o stress não é presente, é o que aconteceu ou o que está para vir. Raramente há problema no presente. Nestes três minutos, o organismo aprende a acalmar e a isto chama-se autorregulação. Depois, volta a analisar os problemas, mas não com aquela sobrecarga”, acrescenta.

Amigos e familiares devem evitar dizer ‘deixa lá, isso passa’, porque essas frases não validam o sofrimento do outro. Para Gonçalo Pereira, é importante que a pessoa sinta que os outros a compreendem.

Outro aspeto importante para Gonçalo Pereira: não fazer julgamentos. Quando a pessoa está a passar por um momento de stress agudo é frequente pensar “isto não deveria estar a acontecer” ou “isto assim é impossível, vou ter um ataque de coração” e deve evitar fazê-lo. “Deve focar-se apenas no que está a sentir“, diz. Além das pausas ao longo do dia, as pessoas devem ter aquilo a que Gonçalo Pereira chama momentos de paragem – pausas de 15, 20 minutos em que estão sozinhas, a aprenderem a acalmar-se, a conhecer-se.

E para evitar que o stress perturbe as relações pessoais e familiares, é importante que haja espaço em casa para se falar sobre o que incomoda o profissional. “Se temos em casa alguém que está claramente afetado com alguma coisa do trabalho, não devemos fazer comentários como ‘deixa lá, isso passa’. É a pior coisa que se pode dizer a uma pessoa em stress. Deve haver espaço para que se possa validar o sofrimento da outra pessoa e passar a mensagem de que ‘eu ponho-me no teu lugar e sei que é tramado estar numa situação como a tua’. As pessoas precisam de sentir que os outros compreendem o seu estado de sofrimento”, diz Gonçalo Pereira.

"Muitas vezes, é nessas alturas que se tomam as decisões que acabam por salvar as empresas"
João Vasconcelos, diretor-executivo da Startup Lisboa

João Vasconcelos explica que todo o ato de empreender “é muito otimista, de muita alegria” e que quando os resultados não são os esperados, surgem “momentos de grande dúvida e introspeção”. “Mas eu acho que eles saem mais fortes desses momentos. Muitas vezes, é nessas alturas que se tomam as decisões que acabam por salvar as empresas”, refere. Por isso é que é importante que as pessoas estejam num projeto de que gostem e no qual acreditam. “Quando estamos a lutar por um sonho, quando temos um objetivo, quando sabemos o que queremos, todos os obstáculos são interpretados como pedras no caminho, como mais um degrau, e nessa altura é preciso ter o cenário maior bem presente”, explica.

O que é que pode ajudar a ultrapassar obstáculos? Estar em comunidade, trabalhar numa incubadora, onde os mais novos possam aprender com a experiência dos empreendedores mais experientes. Porque stress, sentimos todos. Com mais ou menos autorregulação, mais ou menos ansiedade, mais ou menos tristeza. Em cargos de liderança, no arranque de projetos novos ou sempre que os obstáculos dificultem a perceção que cada um tem dos seus próprios recursos. Importante é ter consciência. Importante é falar, é prevenir. E não ter vergonha. Porque nem sempre é preciso subir à árvore para fugir da leoa.

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