Naquela sala, toda a gente sabia que o mundo estava de olhos na decisão que viesse a ser anunciada. Houve poucas ocasiões ao longo da pandemia em que Portugal não teve para onde olhar para se inspirar nos próximos passos a dar. Mas o lugar privilegiado que o país conquistou com o esforço de vacinação trouxe um amargo de boca: agora o exemplo seríamos nós. Na Direção-Geral de Saúde, era preciso definir o passo seguinte: vacinar ou não crianças entre os cinco e os 11 anos? E, se a resposta fosse sim, por onde começar esse processo? Não havia dados robustos (mesmo que os houvesse) publicados nos outros países ou decisões tomadas no estrangeiro que nos valessem.
Nas últimas semanas, os membros da Comissão Técnica de Vacinação da Direção-Geral da Saúde sentaram-se por diversas vezes à mesa. Traçaram cenários — com os poucos dados disponíveis — sobre o que poderia resultar de uma vacinação em massa dos menores com mais de cinco e menos de 12 anos; usaram aplicações para estimar níveis de incidência do novo coronavírus nos mais novos; fizeram cálculos e mais cálculos matemáticos para cruzar uma realidade sem vacinas com a de uma população de crianças totalmente vacinada. Puseram todos os cenários em cima da mesa, saíram para analisar os dados e voltaram a sentar-se para trocar novos argumentos. E fazer todas as perguntas que precisassem de resposta.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.