Uma publicação disseminada a 7 de novembro afirma que as eleições norte-americanas, que ocorreram quatro dias antes, e que elegeram o democrata Joe Biden para a Casa Branca, foram “escandalosamente fraudulentas”. A mensagem foi partilhada 176 vezes desde então, mas é falsa: não há provas de fraude generalizada nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, ao contrário do que também Donald Trump, que falhou a reeleição, também tem vindo a defender.

O Election Infrastructure Government Coordinating Council, um conselho da Agência de Cibersegurança e Segurança Infaestrutural, criado precisamente por Trump em 2018, emitiu um comunicado conjunto com outros órgãos públicos semelhantes que garante que “não há evidências de que qualquer sistema de votação excluiu ou perdeu votos, alterou votos ou foi de alguma forma comprometido“: “Embora saibamos que há muitas reclamações infundadas e oportunidades de desinformação sobre o processo das nossas eleições, podemos garantir que temos a maior confiança na segurança e integridade de nossas eleições”.

Mais: a agência afirma ainda, no documento publicado a 12 de novembro, que “as eleições de 3 de novembro foram as mais seguras da história americana“. “Neste momento, em todo o país, os funcionários eleitorais estão a rever e a verificar todo o processo eleitoral antes de fechar o resultado. Quando os estados fecharem as eleições, muitos vão recontar os votos”, prossegue o comunicado, explicando a seguir como se procede à verificação da legitimidade do processo eleitoral.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Todos os estados com resultados muito próximos na corrida presidencial de 2020 têm registos em papel de cada voto, o que permite a capacidade de voltar atrás e contar cada voto, se necessário. Isto é um benefício acrescentado para a segurança e resiliência. Este processo permite a identificação e correção de qualquer engano ou erro”. E “outras medidas de segurança, como testes pré-eleitorais, certificação estadual de equipamentos de votação e a certificação de equipamentos de votação da Comissão de Assistência Eleitoral dos EUA (EAC) ajudam a construir confiança adicional nos sistemas de votação usados ​​em 2020”, descreve o documento.

Depois de telefonar às autoridades eleitorais em todos os estados norte-americanos, o The New York Times também garantiu que nenhuma delas reportou provas de fraude nas votações presidenciais entre Donald Trump e Joe Biden. Frank LaRose, republicano e secretário de estado do Ohio, fala de “uma grande capacidade humana de inventar coisas que não são verdadeiras”: “As teorias de conspiração e rumores e todas essas coisas acontecem desenfreadamente. Por alguma razão, as eleições geram esse tipo de mitologia”.

Scott Schwab, secretário de estado republicano no Kansas, também afirmou que naquele estado “não houve nenhum problema sistemático generalizado com fraude eleitoral, intimidação, irregularidades ou problemas de votação”: “Estamos muito satisfeitos com a forma como as eleições aconteceram até agora”. Este é o retrato que o jornal norte-americano recolheu em todos os estados norte-americanos: não houve uma fraude generalizada capaz de alterar significativamente os resultados eleitorais.

Conclusão

Não é verdade que as eleições norte-americanas a 3 de novembro de 2020 tenham sido alvo de um esquema de fraude generalizada para retirar Donald Trump ilegitimamente da Casa Branca e para elegar Joe Biden. São as próprias agências governamentais, assim como os secretários de Estado de todas as regiões norte-americanas e independentemente da cor política, que o garantem.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook

IFCN Badge