É o típico caso de “quem conta um conto acrescenta um ponto”. A imagem de uma mulher começou a circular no Facebook, nos primeiros dias de setembro. As primeiras publicações acusavam-na de andar a “tentar agarrar” crianças em estabelecimentos comerciais, na zona de Quarteira, no Algarve. Mas a imagem foi sendo partilhada por milhares de utilizadores e, agora, já circula uma outra que acusa a mulher da fotografia de andar a “tentar levar crianças”. A pessoa é real, mas as acusações não.

O alegado alerta surgiu depois de um utilizador do Instagram ter partilhado a fotografia de uma mulher que apenas identificava como “senhora holandesa” e que acusava de ter tentado “agarrar” a filha na loja de que é proprietária — refere-se, pelo menos, ao estabelecimento como “minha loja”. “Liguei à GNR e dizem que já fizeram queixa dela”, escreveu ainda, alertando: “Cuidado com os vossos filhos”. A publicação rapidamente chegou ao Facebook por um utilizador que a reproduziu, acrescentando: “Fiquem atentos”. O post já foi entretanto partilhado mais de quatro mil vezes e reproduzido por outras páginas.

Nos comentários em resposta à publicação, vários utilizadores já apelaram à “justiça popular” e à expulsão da pessoa em questão. Entre os comentários, houve ainda quem colocasse a hipótese de a mulher da fotografia ser Julia Weinert, a jovem austríaca de 28 anos, que foi vista pela última vez, há mais de dois meses, no Algarve — o que não é verdade. No entanto, também há utilizadores que tentam chamar a atenção para o facto de a mulher holandesa poder “não estar bem” e “precisar de ajuda” — o  que é o caso.

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A mulher da fotografia existe. Tem 40 anos, vive no Algarve e tem nacionalidade holandesa. A GNR confirmou ao Observador ter conhecimento da situação e afirma que, inclusivamente, já abordou a mulher em causa. No entanto, esta força de segurança garante que não há “qualquer registo de ter comportamentos violentos”. Explicou que o que se passa é que a mulher de 40 anos “sofre de perturbações mentais”, tendo sido “encaminhada para os serviços psiquiátricos do Hospital de Faro”.

A ocorrência refere-se a uma mulher de 40 anos, residente no Algarve e que sofre de perturbações mentais, tendo sido abordada por militares da GNR e encaminhada para os serviços psiquiátricos do Hospital de Faro, ainda que não haja qualquer registo de ter comportamentos violentos”, explicou fonte desta força de segurança em resposta oficial.

O Observador apurou ainda que a pessoa da fotografia foi sujeita a um internamento compulsivo — algo que, a acontecer, tem de ser validado pelos tribunais depois de requerido por autoridades de Saúde e pelo Ministério Público.

Conclusão

A pessoa que aparece em fotografias partilhadas nas redes sociais e que é acusada de andar a “tentar agarrar” crianças em estabelecimentos comerciais, na zona de Quarteira, no Algarve, existe. No entanto, a GNR nega a existência de “qualquer registo de ter comportamentos violentos”. A mulher de 40 anos “sofre de perturbações mentais”, tendo sido “encaminhada para os serviços psiquiátricos do Hospital de Faro”.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook e com base na proliferação de partilhas — associadas a reportes de abusos de vários utilizadores — nos últimos dias.

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