O Presidente da República vai assistir amanhã com a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, às cerimónias fúnebres do Papa emérito Bento XVI na Basílica de São Pedro.

O parlamento autorizou esta quarta-feira a deslocação do Presidente da República a Roma para participar, “em representação de Portugal”, nas cerimónias fúnebres do Papa emérito Bento XVI, com abstenções do Chega e do BE.

O Chega justificou a abstenção com o argumento de que o assentimento do parlamento não seria necessário, dizendo que “tudo aponta para que se trate de uma viagem não oficial com duração não superior a cinco dias”, e apenas seria obrigatório o Presidente da República dar conhecimento prévio aos deputados.

Por isso, justificou o deputado Diogo Pacheco de Amorim, o Chega entendeu não ter de se pronunciar nem a favor nem contra esta deslocação.

O bispo português Carlos Azevedo, delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas, afirmou esta quarta-feira que o pontificado de Bento XVI, que morreu no sábado, é “essencial entre João Paulo II e Francisco”, destacando a profundidade de pensamento.

“É um papado essencial entre João Paulo II e o Papa Francisco. Não seria possível a passagem do Papa Francisco a seguir a João Paulo II se não houvesse um pontificado com esta profundidade de pensamento, que abriu muitas portas para que se pudesse agora avançar”, declarou à agência Lusa Carlos Azevedo.

Entre essas portas estão, por exemplo, a “ecologia integral que foi aberta já pelos textos de Bento XVI ou na fraternidade universal que apela o Papa, porque os problemas do mundo, da humanidade, do futuro, não podem ser abordados sem o diálogo com os não crentes, sem o diálogo inter-religioso, sem o diálogo com as várias confissões cristãs”, disse Carlos Azevedo.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, destacou hoje a “coerência do serviço eclesial” do papa emérito Bento XVI. Em declarações à agência Lusa em Roma, onde se encontra para participar no funeral do papa emérito, que se realiza na quinta-feira, José Ornelas realçou que essa coerência se vê no pedido de renúncia, quando disse “não sou eu que estou em causa, o que está em causa é a Igreja, eu já não estou nas condições melhores para servir a Igreja”.

“Mesmo estes anos que ele passou rezando pela Igreja (…) foi um exemplo”, adiantou, notando que esta nova realidade, de um papa emérito, quer da parte de Bento XVI, quer do Papa Francisco, “faz justiça à honestidade dos dois” e da qual “a Igreja só beneficia”.

Reconhecendo que embora este momento não seja dos mais alegres para a Igreja, o presidente da CEP salientou que é de “suma importância”, pois significa “comunhão aqui com aquilo que ele foi durante a vida” e “acompanhá-lo como Igreja”.

“Isso é importante para qualquer pessoa que parte deste mundo e a Igreja costuma acompanhá-las na sua última viagem, muito mais um papa e aquilo que significa para a Igreja”, continuou.

O também bispo da Diocese de Leiria-Fátima recordou que acompanhou desde a juventude o percurso daquele que viria a ser o Papa Bento XVI, assumindo que os “seus escritos sobre fé, razão, sobre a forma racional e lógica de entender e procurar entender as coisas da fé e da Igreja” o entusiasmaram.

O cardeal português António Marto disse esta quarta-feira que o maior legado de Bento XVI, papa emérito que morreu no sábado, “foi ter assumido o governo da Igreja num momento difícil” e ter iniciado uma reforma.

“O maior legado de Bento XVI foi ter assumido o governo da Igreja num momento difícil e ter iniciado uma reforma que não conseguiu depois levar ao fim, como ele próprio disse, em virtude de não sentir as forças físicas e anímicas para exercer, adequadamente, o cargo”, afirmou à agência Lusa António Marto.

O bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima considerou que “só isso já é um exemplo para toda a Igreja”, porque “confrontou a sua situação existencial com os desafios que a Igreja e o mundo punham e tomou uma decisão lúcida, corajosa, humilde e, como ele mesmo sublinhou na homilia final (…), fê-lo pelo sentido de responsabilidade e por amor à Igreja”.

Haverá apenas duas delegações oficias no funeral de Bento XVI. A delegação italiana, liderada pelo Presidente Sergio Mattarella, e da Alemanha, país natal do Papa emérito, estarão presentes o Presidente Frank-Walter Steinmeier, o chanceler Olaf Scholz e o governador da Baviera, Markus Söder, avança a Rai.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, serão outros dois chefes de Estado nas cerimónias fúnebres desta quinta-feira.

Também estarão presentes membros da realeza. Espanha estará representada pela rainha emérita Sofia e pelo ministro da presidência espanhol, Félix Bolaños. Da Bélgica viajará o Rei Phillipe.

O Presidente da República assinou um decreto do Governo que declara luto nacional no dia 5 de janeiro de 2023, pelo falecimento do Papa Emérito Bento XVI, de acordo com comunicado da Presidência.

João Francisco Gomes, enviado especial do Observador, descreve o ambiente no último dia para os fiéis se despedirem do papa emérito. Reina o “silêncio dentro daquela enorme Basílica” e a atmosfera é de “recolhimento” e “reflexão interior”.

“O ambiente não tem nada a ver com um dia normal” na Basílica de São Pedro.

Ouça aqui a reportagem da Rádio Observador.

Velório de Bento XVI. “Cada pessoa que entra na Basílica tem uma experiência profundamente pessoal”

As filas de pessoas que querem ver o corpo de Bento XVI continuam a ser longas neste que é o último dia para os fiéis se despedirem do papa emérito. Ontem foram 70 mil os fiéis que lhe prestaram homenagem na Basílica de S. Pedro, no Vaticano, em Roma.

Os Reis Philippe e Mathilde dos belgas e Sofia, a rainha emérita de Espanha, são os membros da realeza que já têm presença confirmada no funeral do Papa Bento XVI, que acontecerá esta quinta-feira, segundo o Daily Mail.

Espera-se que estejam presentes representantes de todas as famílias reais católicas da Europa, como por exemplo o Mónaco, o Luxemburgo e o Liechtenstein, acrescenta o mesmo meio.

De Espanha não se sabe se o Rei emérito, Juan Carlos, acompanhará a rainha Sofia. Contudo é pouco provável que o Rei Felipe se desloque ao Vaticano uma vez que tem uma semana com agenda muito preenchida, incluindo a Pascua Militar, a cerimónia que marca o início do ano militar.

A era dos dois papas terminou com a morte de Bento XVI — ou, pelo contrário, terá começado agora? Na Basílica de São Pedro, os fiéis velam Ratzinger e acreditam que Francisco também poderá renunciar.

Dentro da Basílica de São Pedro, o velório de Bento XVI é símbolo do fim de uma era para a Igreja Católica

O Presidente da República já pediu autorização ao Parlamento para se deslocar a Roma para assistir ao funeral do papa emérito Bento XVI.

Ao contrário do que avançou inicialmente, o Presidente da República vai deslocar-se logo na quarta-feira, depois da tomada de posse dos novos ministros e regressa no dia do funeral, 5 de janeiro.

O pedido de deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa vai ser votado já amanhã no plenário da Assembleia da República.

O Parlamento tem que se pronunciar sempre que o Chefe de Estado quer ausentar-se de território nacional em representação do país.

Esta manhã Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que vai deslocar-se ao Vaticano para assistir ao funeral do papa emérito enquanto “representante do Estado português”, embora só estivesse prevista a ida do Chefe de estado alemão e italiano.

A morte do papa emérito Bento XVI, ocorrida no sábado, em Roma, aos 95 anos, está a ser assinalada nas dioceses católicas portuguesas com a celebração de múltiplas missas em memória do pontífice, como ocorreu na segunda-feira em Lisboa.

Além do Patriarcado, já celebraram missas as dioceses de Santarém e Coimbra, logo no dia 31 de dezembro, segundo o anúncio feito pelas estruturas diocesanas.

Esta terça-feira, será a vez da arquidiocese de Braga, com o arcebispo José Cordeiro a presidir à celebração da eucaristia em memória de Bento XVI na Sé Catedral, com início às 17h30.

Na próxima quinta-feira, dia do funeral do papa emérito, cujas cerimónias no Vaticano serão presididas pelo Papa Francisco, têm prevista a celebração de eucaristias em memória de Bento XVI as dioceses de Angra do Heroísmo, às 09h30, Évora, às 18h00, e Porto e Algarve (Faro), ambas às 19h00, nas respetivas sés.

O Presidente da República diz que vai ao funeral de Bento XVI representar o Estado português e não a nível pessoal.

“Vão vários Chefes de Estado e, ao ir, vou não a título pessoal mas a representar o povo português” acaba de garantir na chegada ao aeroporto de Lisboa vindo de Brasília. Quando questionado pelos jornalistas se foi convidado oficialmente, Marcelo Rebelo de Sousa responde apenas que tanto quanto sabe “a Santa Sé terá em pé de igualdade todos os chefes de Estado e todos serão tratados como tal”.

Na mesma linha já ontem fonte de Belém tinha dito ao Observador que a visita teria um caráter oficial.

Presidente português no funeral de Bento XVI apenas “a título pessoal”, diz Vaticano. Marcelo diz que vai representar povo português

“Não é um cidadão que lá vai, se fosse eu não iria lá, obviamente, o que se trata é de representar Portugal”, sublinhou, lembrando que Portugal recebe este ano a Jornada Mundial da Juventude. “Esse é um facto muito relevante nas relações com a Santa Sé e a Igreja Católica, e tem uma projeção universal e, só por si, esse facto justificaria que eu lá vá”.

João Francisco Gomes, enviado especial do Observador, conta que o movimento está “bem mais intenso” do que o normal em Roma. “Segurança e transportes reforçados” para continuar a receber “fiéis de todo o mundo”.

Basílica de São Pedro abriu portas e espera receber milhares de pessoas.

Ouça aqui a reportagem do Observador, em Roma.

Bento XVI. “Houve pessoas a esperar três horas para o último adeus”

A Comunidade Islâmica de Lisboa endereçou esta segunda-feira a todos os católicos as suas “mais sinceras condolências” pela morte do papa emérito Bento XVI, no sábado, aos 95 anos.

A direção da Comunidade Islâmica de Lisboa apresenta as mais sinceras condolências a todos os irmãos católicos pelo falecimento do papa emérito Bento XVI”, refere uma mensagem divulgada pela comunidade islâmica.

O papa emérito Bento XVI abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, em 11 de fevereiro de 2013, a dois meses de comemorar oito anos no cargo.

Nascido em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, Joseph Ratzinger tornou-se o primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos, sendo um representante da sua linha mais dogmática.