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Dezanove anos depois, o Sporting voltou a ser campeão. E foi campeão por 19 motivos. 19 razões. 19 premissas. No limite, 19 convicções que apagaram 19 anos de projetos falhados ou perto de um sucesso que nunca apareceu. |
Foi campeão porque foi melhor. Foi campeão porque foi mais regular. Foi campeão porque construiu uma defesa à prova de aço. Foi campeão porque acreditou sempre que os jogos são maratonas com 90 minutos e descontos. Foi campeão porque foi mais pragmático. Foi campeão porque beneficiou do calendário menos denso. |
Mas foi também campeão porque nunca desistiu. Foi campeão porque não falhou nos jogos com rivais diretos. Foi campeão porque perdeu menos pontos nos encontros teoricamente mais acessíveis. Foi campeão porque na partida “decisiva” em Braga conseguiu o improvável no contexto apresentado. Foi campeão porque aprendeu a conhecer os momentos do jogo. Foi campeão porque em 15 jogos na segunda volta sofreu apenas seis golos. |
E conseguiu ainda ser campeão porque nunca teve contestação interna como era habitual. Foi campeão porque soube blindar o grupo a excessos de euforia e depressões. Foi campeão porque foi humilde sem ser subserviente. Foi campeão porque se centrou no importante e fintou tudo o resto. Foi campeão porque soube disfarçar lacunas potenciando o que tinha de melhor. Foi campeão porque quis escrever a sua história e não assumir a de outros. |
Em resumo, fez-se campeão. E tudo porque “onde foi um, foram todos”. A crónica da vitória decisiva frente ao Boavista em Alvalade recorda tudo o que se passou ao longo do período de jejum mas aquela frase de Rúben Amorim em Famalicão, a falar não de uma jogada ou de um lance estratégico mas sim de uma forma de estar e de ser enquanto grupo que passava de dentro para fora de campo, é a melhor síntese para o ano do Sporting. |
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Rúben Amorim, o bebe-água que vem com o sumo todo, foi a grande figura da metamorfose do Sporting – e como demonstração do espírito que criou, ouviu os jogadores após o habitual balde de gelo na conferência cantarem a nova música “E o Amorim está castigado…”. Coates, o viking que liderou mesmo na tragédia, tornou-se o maior símbolo em campo de uma equipa onde foi o coletivo a potenciar sempre o melhor do individual. E houve mais especiais preparados sobre o campeão, dos 28 campeões resumidos em citações, números e notícias aos amigos Nuno Mendes e Tiago Tomás que não eram nascidos ainda no último título, passando pelas 19 diferenças mais marcantes no clube às maiores 19 diferenças no mundo. De Ronaldo a Figo, as reações multiplicaram-se. |
Ainda sobre a vitória – e já lá vamos ao que foi, é e continuará a ser mais falado na opinião pública –, uma última nota: um clube que não era campeão há 19 anos, que passou por sucessivos episódios autofágicos durante anos a fio e que muitos argumentavam estar a caminho de perder o estatuto de “grande” só pode ser um clube único, diferente e especial para ter uma massa adepta tão grande, tão crente, tão devota e tão presente como ficou bem visível nos festejos antes, durante e depois de um título há muito anunciado e que foi conseguido ainda na antepenúltima jornada do Campeonato, algo que os leões não conseguiam na sua história há cinco décadas. |
Agora, a novela que a partir de quarta-feira colocou em plano secundário a conquista desportiva do Sporting. Dando um passo à frente até, os capítulos que continuam sem resposta: 1) quem autorizou que a Juventude Leonina colocasse perto do estádio um ecrã gigante para acompanhar o jogo, com música antes do pontapé de saída – ou, no limite, quem achou que essa seria apenas uma “manifestação” normal?; 2) existia ou não alguma forma legal de impedir que esse ajuntamento fosse feito naquele contexto?; 3) quais eram os prós e os contras dos planos alternativos que estiveram em cima da mesa?; 4) haveria alguma possibilidade que evitasse os ajuntamentos que se verificaram desde a tarde de terça-feira? 5) todas as intervenções foram justificadas? |
A clarificação desses aspetos poderá chegar por via do inquérito que foi pedido pelo Governo à Inspeção-geral da Administração Interna a propósito da atuação da PSP nos festejos. No Observador, fomos encontrando respostas que levam sobretudo a mais perguntas: no final de uma troca de emails tripartida entre a Juventude Leonina, a Câmara Municipal de Lisboa e a PSP, a polícia desaconselhou a tal “manifestação” mas nada foi feito; entre uma reunião na sexta-feira que juntou várias entidades descrita como “inconclusiva”, estiveram em cima da mesa vários cenários de festejos sendo que o final terá sido também desaconselhado pela PSP mas seguiu na mesma em frente – mas alguém teve de fazer um guia final que tinha pormenores como as horas referência para saída e circulação do autocarro ou o número de baias de segurança necessárias ao longo de todo o percurso. |
O tema não vai cair da agenda pública e pelo menos daqui a 14 dias será novamente recordado, que mais não seja quando se sentir o impacto que os festejos tiveram num contexto pandémico (a mensagem errada, essa, já passou e não há nada a fazer). A esse propósito, a DGS, que a duas horas do início do jogo já com milhares e milhares de pessoas aglomeradas em Alvalade, apelou ao distanciamento físico, ao uso da máscara e à utilização de gel desinfetante, deixou recomendações para todos os que tenham participado nos festejos de terça-feira. Para memória futura, nada como recordar o que se passou no ano passado e o que se tem passado na Europa. |
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O título está decidido, o Campeonato continua. E agora com duas grandes lutas em aberto, colocando de parte os objetivos internos que cada equipa tem ainda: o acesso direto à Liga dos Campeões via segundo lugar e a permanência. Assim, também pelo carácter histórico e o contexto desportivo, o foco da 33.ª jornada passará pelo Benfica-Sporting sem direito a guarda de honra no sábado (18h), seguindo-se o Rio Ave-FC Porto (20h30), além do Boavista-Portimonense (sábado, 15h30), do Farense-Tondela (sábado, 15h30), do Famalicão-Nacional (domingo, 15h) ou do Marítimo-V. Guimarães (domingo, 20h). Pode consultar aqui todo o calendário do fim de semana. |
Nas outras ligas europeias, há mais um campeão e em Inglaterra, com o Manchester City, que perdeu na última ronda com o Chelsea em casa numa espécie de final da Champions antecipada, a beneficiar do desaire do rival United em Old Trafford com o Leicester (a que se seguiu nova derrota com o Liverpool) para fazer a festa que terá esta noite a primeira consagração em Newcastle (20h). Outros jogos de interesse a seguir nos próximos dias: Tottenham-Wolverhampton (domingo, 14h05), WBA-Liverpool (domingo, 16h30), Manchester United-Fulham (terça-feira, 18h), Brighton-Manchester City (terça-feira, 19h) e Chelsea-Leicester (terça-feira, 20h15). |
E por falar em Liga dos Campeões, mais uma boa notícia para Portugal: com a colocação da Turquia na “lista vermelha” dos países que obrigam a quarentena nas viagens de regresso ao Reino Unido, a UEFA decidiu tirar a final da competição de Istambul, não chegou a acordo com as autoridades britânicas para colocar o jogo em Wembley e optou por colocar o encontro decisivo na cidade do Porto, mais concretamente num Estádio do Dragão que terá 6.000 adeptos de cada equipa. Rui Moreira elogiou a decisão, o Turismo saudou o impacto económico do anúncio, Pinto da Costa congratulou-se com a decisão… sem esquecer o que se tinha passado umas horas antes em Lisboa na festa pela conquista do título por parte do Sporting. |
Assim, há dois grandes pontos de interesse: em Espanha, o Atl. Madrid, que depende apenas de si para chegar ao título, joga no domingo às 17h30 com o Osasuna no Wanda Metropolitano, à mesma hora do Athl. Bilbao-Real Madrid e do Barcelona-Celta de Vigo; em Itália, na luta por um lugar na Champions, a Juventus recebe o Inter (sábado, 17h) e necessita não só de ganhar mas de esperar que existam surpresas nos jogos dos adversários como o Génova-Atalanta (sábado, 14h), o Fiorentina-Nápoles (domingo, 11h30) e o AC Milan-Cagliari (domingo, 19h45). |
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A Liga Europeia de hóquei em patins vai jogar-se este fim de semana no Luso e com a certeza de que o próximo campeão europeu será português depois de uma fase de apuramento em que os conjuntos nacionais bateram toda a concorrência: nas meias-finais, no sábado, o FC Porto joga com a Oliveirense (17h), ao passo que o Benfica defronta o Sporting (21h). A final está marcada para este domingo, a partir das 17h30. Noutras modalidades de pavilhão, destaque para o Benfica-FC Porto em andebol que pode deixar os dragões à beira da revalidação do título (sábado, 15h) e para o Imortal-FC Porto em basquetebol (sexta-feira, 19h), que pode apurar o conjunto azul e branco para a final da prova frente ao Sporting, que eliminou o Benfica com a terceira vitória na Luz. |
No Giro, as contas nacionais saíram furadas na primeira semana: João Almeida, que fez logo a abrir um grande contrarrelógio e que andou na quarta posição da geral, desceu ao 28.º lugar depois de uma etapa falhada que teve entre Piacenza e Sestola, ao passo que Nelson Oliveira, que chegou a estar na terceira posição da geral, afundou-se na classificação para 37.º após a chegada a San Giacomo. Assim, o melhor português nesta fase é Rúben Guerreiro, atual 23.º a pouco mais de três minutos do líder húngaro Attila Valter. Remco Evenepoel, Egan Bernal, Aleksandr Vlasov, Hugh Carthy e Simon Yates continuam no top 10 e são os principais favoritos. |
Nota ainda para o Grande Prémio de França de MotoGP (domingo, 13h) com Miguel Oliveira a tentar melhorar o 11.º lugar conseguido em Espanha, depois da grande prestação de António Félix da Costa no Mónaco ePrix que colocou o português no quarto posto do Mundial a dez pontos da liderança e a discutir novo título da Fórmula E. |
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Eu, a TV e um comando
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O jogo em palavras
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Pódio
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1
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Festa teve três bolas no ferro, dez oportunidades, um golo e a forma de estar de uma equipa fiel à sua identidade. Onde foi um, foram todos. E vitória do Sporting com o Boavista deu título (1-0).
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2
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Ainda miúdo, foi quase sempre capitão, era conhecido por só beber água, revolucionou o Casa Pia e há quem diga que é um "palhação": no melhor sentido da palavra. Rúben Amorim, pelos que o conhecem.
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3
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Foi convencido por Jesus, recusou rescindir após ataque, passou pela lei de Murphy de penáltis e autogolos. Coates não quebrou e sagrou-se campeão, em memória de El Morro. E vai renovar, até 2025.
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O caso
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Sporting
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Antes de a Juve Leo ter convocado a “manifestação”, direção do Sporting já tinha reunido com Governo, autarquia, autoridades de saúde e com a PSP, que sugeriu 3 cenários de festa. Nenhum foi seguido.
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Terceiro tempo
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