Olhar para o Marquês de Pombal em 2002, quando Mário Jardel era o rei da festa com um cartaz do Super Mário nos braços a assinalar o segundo título em três anos do Sporting, é hoje um exemplo paradigmático de tudo o que mudou durante o maior jejum dos leões (19 anos) sem ganhar o Campeonato: não havia túnel rumo à A5, não existiam as zonas laterais na rotunda ou na avenida, o sentido do trânsito era diferente, as ciclovias eram uma miragem, a EDP ainda tinha ali a sua sede, o BES era um dos principais bancos com Ricardo Salgado ao leme, a redação do Diário de Notícias mudou de local e o seu histórico edifício está em obras para apartamentos de luxo, José Sócrates deixou a famosa casa que tinha na Rua Castilho e cuja localização deu nome ao processo em que é o principal protagonista, o alto do Parque Eduardo VII não tinha a bandeira gigante de Portugal que Santana lá mandou colocar. Ah, e o Sporting?

Tudo mudou e a todos os níveis. Logo a abrir, apenas um ano depois desse último título a equipa mudou-se para um novo Estádio José Alvalade e nasceu uma claque com origem de dissidentes da Juventude Leonina, o Diretivo Ultras XXI. Antes, tinha sido inaugurada de forma oficial a Academia, em Alcochete – que mais tarde seria palco de uma das páginas mais negras na história do clube, com uma invasão de adeptos que correu mundo. E ainda houve mais tarde o regresso do hóquei em patins, a conquista de 17 títulos europeus em seis modalidades (que podiam ser sete, se o Sporting não tivesse perdido a Taça UEFA frente ao CSKA Moscovo em Alvalade), a destituição do presidente com mais anos à frente do clube depois de João Rocha e as eleições mais concorridas.

Agora chega o 19.º título em termos oficiais, que para o Sporting equivale já ao 23.º: numa batalha que começou nos tempos de Bruno de Carvalho, os leões alegam que os Campeonatos de Portugal devem ser vistos como Campeonatos Nacionais, num assunto que tem vindo a suscitar variadas apresentações à Federação e que terá uma decisão até ao final do ano. Certo é que, nos últimos anos, muito mudou. Até esse número de títulos.

Os leões reduzem assim o fosso que foi sendo adensado em relação aos principais rivais, Benfica e FC Porto. Com a conquista da Primeira Liga em 2020/21, e faltando ainda por disputar uma Taça de Portugal, o número de títulos das quatro provas nacionais passa a ficar distribuído da seguinte forma:

  • Campeonato: Benfica (37), FC Porto (29), Sporting (19), Belenenses (1) e Boavista (1)
  • Taça de Portugal: Benfica (26), FC Porto (17), Sporting (17), Boavista (5), V. Setúbal (3), Belenenses (3), Sp. Braga (2), Académica (2), V. Guimarães (1), Leixões (1), Beira-Mar (1), Estrela da Amadora (1) e Desp. Aves (1)
  • Supertaça: FC Porto (22), Benfica (8), Sporting (8), Boavista (3) e V. Guimarães (1)
  • Taça da Liga: Benfica (7), Sporting (3), Sp. Braga (2), V. Setúbal (1) e Moreirense (1)

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