Muitos restaurantes muniram-se já de verdadeiros arsenais anti-Covid 19. E por isso, as razões para ir a um restaurante são agora muitas. O Governo, numa resposta que o setor muito apreciou, lançou um programa de apoio ao setor (para microempresas e PME) chamado “Adaptar”. Os proprietários puderam recorrer a ajuda do Estado para a aquisição de consumíveis desinfetantes, adaptação dos esquemas dos espaços dos seus restaurantes, aquisição de terminais de pagamento automático (contactless) e software de gestão, assim como serviços de Consultoria para a adaptação do modelo de negócio e para a inovação em restauração (pagos a 50% a fundo perdido pelo Estado).

Dias difíceis para os restaurantes (e para os clientes)

Nos dados divulgados pela AHRESP (Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal) relativamente ao inquérito realizado às empresas do setor entre o final de abril e o início de maio, estima-se que um terço dos restaurantes possam vir a fechar. 73% (!) referem que caso o Estado não lhes reforce os instrumentos de financiamento podem vir a declarar falência aliás em linha com as conclusões a que já havia chegado quando analisei a realidade financeira da restauração, e que agora importa mais do que nunca. Vejamos bem: pelas minhas contas, e pelos últimos dados disponíveis no Instituto Nacional de Estatística (INE), podemos estar a falar do encerramento de cerca de 11 000 restaurantes. Leu bem: 11 000.

Pode sair à rua, ver os 3 restaurantes mais próximos, fazer pim-pam-pum e perceber qual deles pode vir a fechar. É dramático.

O cliente é a chave

É difícil dizer quantos clientes precisará cada negócio para sobreviver e quanto dinheiro, em média, terá cada português que gastar num restaurante para que o cenário mais negro não se confirme. Estas contas dependem do aprimoramento de gestão dos restaurantes e uma coisa é certa: o seu contributo é essencial. Mas o que é certo, é que os clientes serão a chave do sucesso de muitos (esperamos, de todos). Tome, por isso, boa nota de cinco (e mais uma) razões para ir a um restaurante:

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Sinta-se confortável, os restaurantes prepararam-se para a sua chegada

Visitei logo no dia 18 de maio (no dia em que os restaurantes puderam reabrir) o meu primeiro restaurante pós-confinamento. Apreensivo e expetante, rapidamente conquistei o sentimento de confiança que me era oferecido sobretudo porque comecei a ver que as recomendações da DGS já estavam em prática, tanto no espaço como no pedido, serviço e pagamento. Porque a reserva é aconselhada, a mesa estava à minha espera. O dispensador de álcool-gel e o tapete desinfetante na entrada do restaurante não levavam a enganos. O negócio da restauração, centenário na sua génese, reinventou-se em 3 semanas.

Vazia, sem nada em cima, a mesa acabou por se ir vestindo à medida que a refeição se desenrolava. Como principiante (algo que recomendo) fiz as perguntas da praxe: o que tinha pensado o restaurante sobre a utilização de máscara pelos clientes e como se processaria o pedido. Fui então informado que poderia prescindir da máscara sempre que estivesse na mesa e que o seu uso era obrigatório quando me levantasse.

No que diz respeito à comida, o couvert veio envolvido em película aderente. Percebi que – e mais importante do que ser higiénico – é necessário que o cliente perceba a higiene. E esse foi um ótimo sinal. Tal como os talheres que me foram trazidos num prato com um guardanapo de pano e prontamente desinfetados e polidos à minha frente com uma solução alcoólica para contacto alimentar.

O Menu era em QR code. Telemóveis apontados e escolhi o que mais me agradava. Quando estivesse pronto, era só chamar o empregado que atendia de máscara, viseira e luvas.

Também a conta foi “servida” na mesa, assim como o pagamento.

Conclusão: não senti em momento nenhum que frequentar o restaurante fosse um perigo para a minha saúde.

Os restaurantes precisam de si

Seja o restaurante do seu primo, aquela pizzaria favorita ou o restaurante de sushi all you can eat que adora, a verdade é que mais do que nunca os espaços de restauração estão ávidos pela sua presença. Limitados a 50% da sua capacidade e em horário mais reduzido, necessitam de trabalhar eventualmente o dobro para poder faturar aquilo que faturavam antes.

Estima-se que da restauração dependa cerca de um terço das pessoas que trabalham no setor do Alojamento, Restauração e similares, ou seja, cerca de 110 000 pessoas. É muita gente. E a sua decisão faz (com toda a certeza) a diferença.

E, se gosta deles, estime-os. Aproveite o take-away ou peça em delivery. Mas peça e/ou vá.

Há novos conceitos

Porque as datas especiais e as necessidades de comemoração não deixaram de existir, experimente os novos conceitos que a inovação na restauração fez surgir. Sejam eles o Do It Yourself (terminar a refeição em sua casa, com as preparações feitas pelo restaurante), as cestas de piquenique, o Chef em casa ou qualquer outra forma de negócio que resultaram da inovação no setor, certamente vai encontrar na oferta de restauração uma resposta adequada àquilo que procura.

E mesmo que não encontre (porque também as rotinas e os hábitos mudaram), procure incentivar os Restaurantes a adequar o comportamento. Faça sugestões! Estou certo que serão muito bem acolhidas.

Abriu a época das esplanadas

Seja para tomar um copo com os amigos ao fim do dia ou para comer um peixe grelhado à beira mar num domingo ao almoço, não tenho dúvidas que esta é a época do ano mais propícia para usufruir de uma boa sessão de esplanada. Vários restaurantes apostaram nestes espaços aproveitando as medidas que algumas Câmaras Municipais, um pouco por todo o país, já tomaram, nomeadamente na isenção de taxas da ocupação do espaço público para que as esplanadas possam agora (re)surgir.

Algumas até já criaram zonas sem carros para que possa aproveitar ainda mais o espaço público e levar a sua bicicleta. Porque não?

Para bem da sua saúde mental, socialize… num restaurante

Os hábitos e as rotinas mudaram e agora voltarão a mudar. Não vão certamente voltar ao que eram, todos concordamos, mas há fatores psicossociológicos que precisamos de manter inalterados, sendo um deles a necessidade de interação social. E a Ordem dos Psicólogos já veio alertar para os efeitos nefastos que o afastamento social pode ter no bem-estar psicológico. Sobretudo para quem permanecerá em teletrabalho, forçado a interações presenciais mais reduzidas.

Por isso, e porque os restaurantes são espaços de confraternização por excelência, utilize-os para iniciar o seu desconfinamento. Ao respeitarem todas as regras de segurança são os locais mais apropriados para reencontrar a sua família e os seus amigos.

Há restaurantes (e espaços de restauração) para todas as carteiras

Segundo um site especializado, em 2019, o orçamento médio dos frequentadores de restaurantes, por pessoa e por refeição, era de aproximadamente 20€. Mas, se depois de tudo aquilo que lhe apresento não ficar ainda convencido, e porque os tempos que se aproximam podem ser difíceis do ponto de vista da gestão do orçamento familiar, gostava de relembrar que há restaurantes para todos os tipos de bolsos.

O que lhe quero dizer é que encontrará, certamente, uma casa de hambúrgueres, uma gelataria, um restaurante Português ou um restaurante de alta cozinha, à medida daquilo que o seu orçamento lhe consentir. Mas não deixe de ir. Todos, e cada um, necessitam do seu contributo.

A dar tudo para o receber

Uma coisa é certa: por mais tranquilidade que possa querer expressar, bem como confiança nos Restaurantes e nas suas ações, a sua responsabilidade nunca pode ser deixada de lado. Não deixe de aproveitar as condições que foram criadas para si e que seguem escrupulosamente o que é recomendado pela Direção Geral da Saúde. Como o lema da DGS refere, seja um agente de saúde pública e respeite todas as orientações que os Restaurantes e outros espaços de restauração lhe possam transmitir.

Eles estão a dar tudo o que têm para o receber.