Qualquer das duas soluções políticas viáveis a partir dos resultados de 6 de Outubro tem benefícios e custos. No artigo anterior defendi, quer em benefício da estabilidade quer da clarificação política das divergências entre PS e BE, que deveria ter havido negociação entre ambos, independentemente do resultado da mesma. Clarifiquei o maior custo desse não acordo: a maior instabilidade política. Tendo o PS optado por um governo minoritário, mas sem acordos escritos, isto é de geometria flexível, importa ver os potenciais benefícios desta solução política.
Não sei quais os cálculos políticos e as contas que terão sido feitas no Largo do Rato, antes de se decidir se haveria ou não acordo escrito entre PS e Bloco de Esquerda, mas as contas são fáceis de fazer e estão no quadro em baixo.
Há várias formas com que o PS pode fazer passar propostas. Com o apoio do PSD dar-lhe-á uma maioria qualificada necessária para projetos como seja uma revisão constitucional. Bastam 154 deputados para o fazer e dado que a geringonça morreu, talvez não fosse má ideia que se começasse a debater essa revisão. Defendo essa revisão constitucional em várias matérias, nomeadamente num reforço dos direitos das gerações futuras, basicamente ausentes da Constituição. Esta sim, uma reforma estrutural que deveria ser feita, pois é provável que numa legislatura vindoura PS e PSD juntos deixem de conseguir alcançar os dois terços dos mandatos. E então qualquer revisão tornar-se-á ainda mais difícil.
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