Agora que o fracasso do socialismo Chavista é ainda mais evidente, o Bloco de Esquerda tenta fugir do que sempre defendeu, tratando Maduro como mais um ditador militar. Maduro é muito mais do que um ditador militar: é um ditador socialista. Aliás as experiências socialistas radicais acabam sempre em ditaduras, e muitas vezes militares. Foi assim na Europa de Leste, da União Soviética à Jugoslávia. É assim na Ásia, nos países com regimes Marxistas, como a China e a Coreia do Norte. E acontece o mesmo na América Latina, de Cuba à Venezuela, passando pela Bolívia.

Durante os últimos vinte anos, nenhum país foi tão fiel ao programa socialista como a Venezuela. O regime nacionalizou os sectores mais importantes da economia, controlou quase inteiramente a comunicação social, partidarizou as forças armadas e subordinou a justiça aos interesses do poder político. Acabou como acabam os regimes socialistas: empobrecimento geral, a maioria da população a viver na miséria, limites à liberdade, uso de violência contra as pessoas, presos políticos, batotas eleitorais e corrupção do regime. O cumprimento das promessas é que nunca aconteceu: enriquecimento, justiça social, liberdade política. Nada de positivo resultou da revolução Chavista.

Mas a Venezuela constitui um caso interessante para as esquerdas radicais na Europa, sobretudo em Espanha e em Portugal. Formalmente, continua a ser uma democracia, com partidos de oposição e com um parlamento a funcionar. Na Europa, as esquerdas sabem que hoje é impossível acabar com a democracia parlamentar. O preço seria a saída da União Europeia e o fim do acesso aos recursos necessários para distribuir pelas clientelas. Nos países sem petróleo, o socialismo precisa dos fundos europeus e do crédito barato do Euro. O regime de Chavez mostrou como é possível manter formalmente a democracia sem nunca abandonar o poder. Basta controlar os recursos económicos, a justiça e a comunicação social. Eis a atração da Venezuela para as esquerdas radicais na Europa.

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