Sousa Tavares, Miguel, o comentador que ia embora à vidinha dele, disse adeus que rumava em direção ao Sul, afinal está sem norte na TVI. Assiste-lhe evidentemente o direito de trocar de ideias. Era o que faltava. O que não lhe assiste direito nenhum, e também a quem devia fazer o papel de entrevistador, é protagonizar, e com real à-vontade, um vergonhoso, mesquinho e miserável achincalhamento de Israel e de israelitas.

Não lhe interessa nada do que dali chega, nasce, cresce, acontece, vive, sofre, é morto. Despreza, com a boca semi de lado, onde saem dentes com raiva de tudo e todos que tenha ligação com o estado democrático – queira ele, ou não – fundado oficialmente em Maio de 1948. Os israelitas que se manifestam contra o governo não lhe interessam, o governo israelita não lhe interessa, os reféns israelitas nas mãos de monstros, não lhe interessam. O que lhe interessa é pisar com os dois pés, e estou a ser simpática, em cima de Israel. Isso é que lhe dá gosto e gozo.

Enterra Benjamin Netanyahu, ou se fosse Barack, Lapid, todos na direcção da cova, o problema para Sousa Tavares não é a linha política da governação, mas a nacionalidade e um povo. Direita, esquerda, centro, religiosos, laicos, a saliva prontifica-se para o cuspo. Os olhos transtornados, perdem cor, só repercutem ódio e asco. Mossad para aqui e para acolá. Ena. Sabe tanto.

Damasco, a capital que lhe deve parecer a sede da democracia, e o Irão, outro grande palácio dos direitos humanos, Miguel não consegue compreender a situação de guerra, e não é por falta neurónios, apenas não quer saber do início, as razões que leva um estado, qualquer estado normal, tomar atitudes sérias de defesa e de resposta.

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O pseudo Hospital Al-Shifa na cabeça de Sousa Tavares é como o hospital de Santa Maria, onde só existem médicos, enfermeiros, doentes e pessoal hospitalar e não serve como escudo humano. Acorda. É deste tipo de pessoas, facciosos em braço de ferro diante do óbvio, que o Hamas delira com palmas e agradece.

Nem uma palavra, sílaba, pelos assassinados de 7 de Outubro e pelos reféns assassinados e violados, e aqueles que ainda estão em Gaza no cativeiro de facínoras. Bebês, crianças, idosos, mulheres e homens. É-lhe igual à litrosa. São israelitas.

Tem quilômetros para aprender com Israel que assumiu o lamentável erro do ataque mortal com drones que vitimou voluntários da World Central Kitchen em Gaza.

Havendo guerra entre Israel e o Irão é sabido a posição que tomará. Não se arquitecta futurologia no texto, mas é a coerência perigosa a gatinhar com as mesmíssimas pernas; defender o Hamas, que é o filho espiritual bastardo do ayatollah Ali Khamenei, é sentar-se na pedra do terror com babete.

Usa o termo, que não existia antes de 1944, genocídio, como uma verdade irrefutável. Mastigue as palavras. Israel, na boca de Sousa Tavares, possui um plano coordenado, cujo objectivo é a aniquilação. Ponha óculos e leia a carta dos princípios do Hamas e logo verá o que é genocídio. Quer esse bando de terroristas varrer de vez israelitas e judeus, colocar, colocar-nos debaixo da lama, de preferência sem cabeças, ou, de novo, dentro dos fornos crematórios e nos duches de zyklon B. Apoiá-los simboliza defender a liberdade mentirosa feita de estrume.

Na sua hora televisiva, Miguel Sousa Tavares merece que lhe seja mostrado o contraditório, assim deixa de ser um espaço de injecções de antisemitismo sem resposta.