Os empreendedores têm muitas ideias, mas nem sempre todas elas vingam no ecossistema das startups. Haverá uma taxa de mortalidade das startups, ou será mesmo um golpe de sorte? Haverá razões por que morrem as startups?

Uma startup é conceptualmente uma empresa em fase de arranque e é, por definição, uma empresa de tecnologia de alto risco. Isto significa que a sua equipa trabalha com modelos de negócio verdadeiramente inovadores. Em mercados muitas vezes despreparados, ou que simplesmente requerem uma velocidade e um crescimento que por vezes o empresário não é capaz de enfrentar, as razões mais comuns para o fracasso de uma startup vão desde a falta de necessidade do mercado para o produto ou o serviço que a empresa está a oferecer, a escassez de dinheiro, ou mesmo a incapacidade dos próprios fundadores em chegar a um acordo.

Não há solução que elimine o risco per se. De facto, deixaria de ser uma startup se assim fosse. Além disso, o capital de risco é o mundo dos investidores que investem nestas empresas e que, por definição, também procuram esse risco e volatilidade, pois são também por consequência esses os negócios que possibilitam maior proveito financeiro.

O que as incubadoras e aceleradoras fazem é minimizar consideravelmente este risco. Permitindo aos empresários, por um lado, e às capitais de risco, por outro, orientar as empresas e os investimentos para modelos comprovados, utilizando metodologias que reduzem as más práticas típicas no ecossistema empreendedor. Após vários anos a operar no setor, é possível às incubadoras e aceleradoras analisarem milhares de exemplos de modelos empresariais, o que permite optimizar os processos de criação de empresas e depois lançá-las no mercado.

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É realmente difícil contar o número de projetos que nasceram, cresceram e morreram. Criam-se centenas de startups com taxas de sobrevivência e sucesso muito acima da média da indústria, e outras tantas que não sobrevivem ao primeiro ano. É também interessante a definição de “sucesso”, pois para alguns será a mera sobrevivência durante anos e um negócio estável, enquanto para outros é uma empresa que atinge níveis de avaliação estratosféricos.

O que deve ter uma startup para alcançar o êxito (ou a exit)? É importante não nos preocuparmos tanto com o que uma startup tem, mas sim com as pessoas que constituem ou podem constituir uma equipa, ou seja, ter uma boa equipa que esteja disposta a dar tudo de si para fazer avançar o projeto é vital, porque ser um empresário é um trabalho a tempo inteiro e é preciso contar com uma equipa sólida para agarrar as pontas soltas; ter uma ideia clara de um produto ou serviço que vai ajudar as pessoas; o problema que se está a tentar resolver para o público target em que se está a concentrar deve ser real; entre outras características chave, quase impossíveis de enumerar.

Por vezes, vemos propostas que, embora à primeira vista possam parecer boas, não estão realmente a cobrir uma necessidade no mercado. É preciso que haja um modelo de negócio definido. E, mais importante que tudo, que o empreendedor não se apaixone pela sua ideia; se não estiver a funcionar, é preciso ser humilde e saber redireccionar o negócio. O primeiro conselho que dou é que se preparem emocionalmente para a fase de esforço que se avizinha. Parece fácil em teoria. Na prática, é mais complexo. Antes de iniciar um negócio, é muito importante conhecer-se a si próprio e às suas limitações – a execução da ideia de negócio vem antes da própria ideia.

E um outro conselho seria validar a ideia de negócio rapidamente no mercado e o mais barato possível. Em 99,9% dos casos, essa ideia que se tem no início não vai ser nada parecida com o que realmente vai acontecer se a startup for bem sucedida.

Manter e dimensionar uma empresa não é fácil, e continuar a incorporar talento na empresa é uma fórmula chave para o crescimento e para a sobrevivência.

Sem dúvida, a manutenção e o crescimento de uma empresa é a parte realmente difícil. Há sempre dinheiro e a vontade de investir em startups. O que é complicado é ter uma startup que continua a crescer, em termos de números e de equipa. Se tiver realmente isso, o financiamento vem sem problemas.