Que notícia incrível. Depois de dois meses à deriva no Oceano Pacífico, um homem foi resgatado do seu catamarã, que avariou após uma tempestade. Dois meses perdido no mar. O tempo que este indivíduo vai precisar para pôr o sono em dia, para recuperar a forma física, e para se inteirar de todos os escândalos no seio do governo do PS. No seio do governo é como quem diz, que isto já não é bem um governo. Isto é mais uma Fafá de Belém. Que para acomodar tanto escândalo não basta um seio. São necessários pelos menos dois e dos volumosos. Aliás, não dou nem quinze dias para termos de recorrer também aos préstimos de Samantha Fox.
A propósito da astuta raposa, o nosso hábil primeiro-ministro pontificou, aqui no Observador, com uma crónica intitulada “Desvalorizo a corrupção?” Eu ainda esperei uns dias a ver se alguém respondia ao chefe do governo. Mas, que tivesse reparado, ninguém o fez. O que me parece uma tremenda falta de educação. Daí ter avançado, ainda que com lamentável atraso, com a resposta acima. As minhas desculpas, Dr. Costa, em nome de todos os que publicam opinião no país, pelo atraso no esclarecimento que solicitou.
Agora, justiça seja feita ao primeiro-ministro. E eu estou cá é mais para isso. Aquando da demissão do secretário de Estado da Defesa – a 13ª demissão deste governo, só para localizar o(s) leitor(es) – por suspeitas de corrupção, António Costa foi peremptório: “Deixemos a Justiça funcionar”, tranquilizou-nos o líder do executivo. E a justiça funcionou, e de forma célere.
Nem meia dúzia de dias depois, tumba!, Rui Rio tinha a polícia a bater-lhe à porta por suspeitas de um esquema de pagamento de ordenados a funcionários do PSD com recurso a verbas da Assembleia da República. Que são destinadas a cargos de assessoria dos grupos parlamentares. E não exactamente ao partido. Embora possa haver alguma sobreposição do que são actividades do partido e do grupo parlamentar. Pelo que há algumas dúvidas na interpretação da… Ronc… fff… Ronc… fff… Ui, desculpem, deu-me o soninho. Tal é a premência desta hipotética ilegalidade, no mesmo país em que um ex-primeiro-ministro aguarda julgamento só o tempo necessário para que todos os crimes de que está acusado prescrevam.
E agora um pequeno aparte, pelo qual peço, antecipadamente, imensa desculpa. Hesitei muito em avançar com isto, mas acabei por não me conseguir conter. Foi mais forte do que eu. Aqui vai. Se por acaso Rui Rio for culpado neste caso, sabem como se chama a varanda de onde ele falou aos jornalistas? Não sabem? Posso dizer? De certeza? Então aqui vai: Varandim Loureiro.
Bom. Adiante. Toda a expectativa criada por António Costa em torno da actuação da Justiça redundar neste caso pífio envolvendo Rui Rio, é mais ou menos como eu convidar um amigo para ir ver uma prova ao Autódromo do Estoril e, lá chegados, ele constatar que se trata de uma corrida de carrinhos de rolamentos. É uma prova, não há dúvida, e disputa-se no Autódromo do Estoril, é indiscutível. Agora, enfim, não era, digamos, exactamente aquilo que uma pessoa esperava ver.
É por estas e por outras que tenho desligado um pouco da política nacional e dado preferência à cultura. Por exemplo, estou muito curioso com a estreia da nova versão da Branca de Neve da Disney. Desde logo porque a brancura da Branca não é de neve. Esta nova Branca é mais, para aí, uma Branca de Açúcar Mascavado, uma vez que a actriz escolhida para o papel é latina. Já os Sete Anões mantêm-se. Mantém-se o facto de serem sete. Não o facto de serem anões, como é óbvio. Alguma vez? Não, os novos Sete Anões são um grupo de não-anões, que dá ideia de terem sido escolhidos, à sorte, de entre uma turma composta pelos elementos da banda Boney M, por alunos de malabarismo do Chapitô e por activistas da Climáximo. O que ainda não consegui esclarecer foi os nomes dos novos não-anões. Mas tendo em conta que se trata de um grupelho de activistas woke, em princípio são o Zangado, o Zangado, o Zangado, o Zangado, o Zangado, o Zangado, e o Soneca.
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