Não, este não é um título alusivo ao antigo rei de Portugal e dos Algarves, D. Sebastião. É, sim, uma pequena ironia a propósito do regresso dos adeptos aos estádios, aqueles que foram um pouco esquecidos desde o início desta pandemia, e ao muito “ruído” que sempre existiu em torno desta matéria.

De facto, este é um daqueles temas que suscita diferentes opiniões, sentimentos e formas de estar. Se a Covid-19 é uma doença que deve ser considerada perigosa, e que todos devemos ajudar a travar a sua propagação, não será menos verdade que devemos ser coerentes nas nossas ações em tudo o que seja a gestão pandémica no desporto, comparativamente às outras atividades da sociedade. Com isto, quero afirmar que o desporto não deveria ter sido colocado de parte aquando da abertura e a possibilidade de se realizarem espetáculos culturais e de entretenimento. Não concorda comigo? Ou não será um espetáculo desportivo um espetáculo cultural? Artístico?

Pois, há quem diga que não, mas o que é certo é que fazem parte do quotidiano e são garante da educação formal e informal de milhares de jovens e futuros cidadãos adultos.

Com estas declarações não quero afirmar que os testes não são importantes, nem as regras de segurança sanitária. Mas se o leitor fizer uma análise comigo das regras atualmente em vigor para podermos assistir a um espetáculo desportivo ao vivo, as mesmas não poderiam ter sido implementadas em testes-piloto durante a época passada? Não poderiam ter sido gradualmente colocadas em experimentação?

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Com todos estes pontos escritos, quero agora abordar outra questão, também relativa ao regresso dos adeptos.

A emoção voltou, a interação entre público e jogadores, a festa do golo, a desilusão e a congratulação pelos resultados.

Para se perceber a influência que os adeptos têm durante o jogo, Pedro Gonçalves (jogador do Sporting CP) afirmou que se sentiu um pouco “desorientado” nos primeiros minutos do jogo devido ao barulho dos adeptos. Os jogadores do Boavista, no final do jogo com o Gil Vicente, apesar da derrota, foram recebidos de forma entusiasta pelos adeptos no cumprimento final junto às bancadas. Beto, avançado do Portimonense, deu muita importância ao seu golo no estádio do Vitória, pois referiu que é difícil ganhar naquele “campo”, mas disse-o referindo-se à atmosfera muito própria criada pelos adeptos.

Um último destaque sobre os jogos desta primeira jornada da Liga Bwin e Liga SABSEG foi a quantidade de golos marcados. Quase todos os jogos tiveram, no mínimo, dois golos e estes são dos maiores presentes que se pode dar a quem vai ver um jogo ao vivo.

Uma das situações que não se pode deixar de destacar é o facto de os clubes, à exceção do FC Porto, não conseguirem preencher na totalidade os 33% de lugares disponíveis nos seus estádios. Existem várias razões, mas prefiro esperar e ver como vai evoluir a situação, para depois poder dar a minha opinião.

Em suma, todos os ingredientes fizeram com que o ansiado regresso dos adeptos aos estádios fosse muito positivo, emocionante e com capacidade de melhorar a cada jornada.