O que é que passou pela cabeça da nossa direita? A sério: o que é que lhe passou pela cabeça? A fotografia-ícone da crise política, tirada quinta-feira no Parlamento durante as negociações da agora célebre “coligação negativa”, consegue ser, ao mesmo tempo, perturbadora, reveladora e fatal. Perturbadora, porque vemos em alegre cumplicidade personagens políticas que têm na cabeça dois países que se combatem e se anulam. Reveladora, porque mostra que os princípios cedem a cálculos de oportunidade. Fatal, porque deixa a direita sem argumentos nem discurso.
Nas quatro figuras centrais vemos, à esquerda, Ana Rita Bessa, do CDS, que está sentada a olhar com inocência expectante para uma deputada em pé, debruçada sobre a mesa, que segura um papel na mão esquerda e uma caneta na mão direita. Do outro lado está Margarida Mano, do PSD, a folhear um documento para ajudar as suas colegas de fotografia. No meio das duas, tomando notas das decisões, aparece Ana Mesquita, do PCP. E pairando sobre as três, como um anjo vigilante, está Joana Mortágua, do Bloco. (Um último detalhe para completar o pesadelo da direita: Mário Nogueira não está na foto, mas estava na sala)
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