Hoje é quarta-feira e estou preocupado. Já passaram dois dias sobre o traumático assinalar do 25 de Novembro no Parlamento e temo que os deputados comunistas — representantes daqueles portugueses que, pelos vistos, preferiam não poder escolher os seus representantes — ainda estejam a recuperar dos habituais sintomas de Perturbação de Stress Pós Exposição a Celebração Democrática.

É compreensível. Para os pupilos do Mao Tsé-Tung, do péssimo José Estaline e do horripilante Álvaro Cunhal, deve ser doloroso recordar o acontecimento que os impediu de infligir aos seus conterrâneos um futuro dolorosíssimo. Conterrâneos, é como quem diz. Não estou certo que os comunistas não venham todos da região central da Roménia. É pelo menos curioso que no gosto por sangue, comunistas e Conde Drácula pareçam ter sido separados à nascença. Nisso e no ódio a cruzes. O Drácula com aquele problema com crucifixos e os comunistas com aquele ódio a cruzes em boletins de voto, símbolo dos regimes democráticos.

Bom, mas foquemo-nos nos tais regimes democráticos e vamos ao que interessa. Que é o seguinte, em jeito de carta aberta:

Caros deputados, dirigentes e militantes da Iniciativa Liberal.

Como já percebemos, o mundo está a mudar. E àqueles de vós que ainda não perceberam, é altura, enfim, de fazer chegar a ficha de inscrição no Bloco de Esquerda. São fáceis de identificar. São os que começaram a espumar assim que referi como “caros deputados” um grupo com homens e mulheres. Falemos então entre pessoas civilizadas (mais vocês do que eu).

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A eleição de Donald Trump é o fim oficial das políticas identitárias, depois do belo trabalho de, por exemplo, Javier Milei, na Argentina. Portanto, em relação a todas aquelas questões de orientação sexual, género, raça, etc. em que vocês nunca tocaram nem como uma vara, podemos, por agora, esquecer que vocês nunca lhes tocaram nem com uma vara.

Retirado esse empecilho do caminho, é tempo de mostrarem que sabem o que é, e como deve funcionar, uma verdadeira economia de mercado. E não, por muito importante que seja acabar com barbaridades como ter de vender o T2 para pagar portagens em atraso na A2, não é a tirar água com uma colher que evitarão o naufrágio do país. De que adianta arranjar as molas do sofá quando a casa está toda a ruir? Não contem comigo para desvalorizar nalgas saudáveis, atenção!, mas são pequeno consolo quando a laje desaba na cabeça.

Não, a oportunidade que têm diante de vós é tanto inesperada como única. É a chance de aproveitar o balanço de exemplos que chegarão da Argentina, dos Estados Unidos da América, da Polónia e espera-se, mais cedo que tarde, do Canadá, de Inglaterra e de várias outras paragens onde os actuais democratíssimos líderes não consigam meter na cadeia, por delito de opinião, os seus opositores.

É a oportunidade de se apresentarem nas legislativas em 2028 (ou antes, que isto está a correr tão bem…) com uma versão da motosserra do Musk, ou do Milei. Não estamos a falar de uma mera mangueirada à Grande Porca. Nem sequer de uma nova pocilga. Estamos a falar de uma completa reforma do Estado, festejada com uma valente churrascada à base de bifanas. Quanto menos poder tiver o Estado, mais chicha têm as pessoas para papar.

Nenhum português que se informe por meios alternativos à comunicação social tradicional  ficaria indiferente a esta proposta. Nenhum outro partido está em condições de aproveitar esta oportunidade. Nenhum dos 50 lugares ocupados pelo Chega no Parlamento deixaria de passar para a IL. Nenhum animal foi maltratado nesta crónica, mas, com a fomeca que estou, se calha a Grande Porca aparecer por aqui já estava a rodar no espeto.