É impressão minha ou, desculpem-me pela linguagem técnica, está tudo doido? Estamos numa situação que, do ponto de vista racional, não faz qualquer sentido.

Sem querer retirar a seriedade que o tema merece, a nossa reação à capacidade de propagação e taxa de mortalidade, em certos segmentos da população, do novo coronavírus, para além de tardia e errónea, a médio e longo prazo terá impactos nefastos em muito mais vidas do que as perdidas para o vírus.

Num ápice, fechou-se um país inteiro e agora contam-se todos os dias o aumento de casos e de mortos, sem pensar no amanhã. Ao mesmo tempo, Estado Todo Poderoso começou a ver de que forma, ou formas, poderia aumentar ainda mais o seu poder.

Repare-se, fomos mandados para casa para o Monstro poder sobreviver. E para isso acontecer, privaram-se muitas empresas dos seus colaboradores, fecharam-se outras e muitas delas não vão voltar a abrir portas. Muitas mais vidas vão ficar destruídas por causa desta situação.

Ao que parece, este vírus, comparativamente a outros, não tem uma elevada taxa de mortalidade. Se assim é, em nome da contenção de um vírus cuja taxa de mortalidade não é assim tão alta, porque estamos a ser cada vez mais privados da nossa liberdade?

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E agora começam a chegar apelos para que se utilize a tecnologia na monotorização da epidemia, em nome da mitigação e antecipação da sua propagação. Lamento novamente a linguagem técnico-científica, mas… hã?

Vamos prescindir da nossa privacidade e, por conseguinte, da nossa liberdade, a troco de quê? Passamos de um Estado Policial, o que vivemos atualmente, para um Estado Vigilante? É um facto adquirido, quanto o Estado toma para si o poder já não o devolve.

Pense-se no que aconteceu depois dos ataques terroristas de 2001 e posteriores, todos foram justificação para se implementarem sistemas de vigilância extremamente invasivos. Edward Snowden foi um herói e agora pretende-se legalizar o que era feito de forma obscura?

E depois teríamos o problema da garantia de cumprimento do sistema de monotorização. Como seria? Falando da minha experiência, tenho os localizadores desligados em todos os equipamentos e aplicações. Para além disso, utilizo uma VPN em todos os equipamentos e no navegador de Internet.

Teria uma visita das autoridades a pedir para eu ativar a localização no meu telemóvel? Ou o envio de uma mensagem a fazer esse alerta com ameaça de multa, ou prisão, se não fosse cumprido?

Depois, teríamos ainda a questão dos registos, a base de dados gigantesca que ira ser produzida a partir desta monotorização. Quem iria fiscalizar? De que forma? Alguém acredita que ira ser apagada?

Com tantos dados e possibilidade de perfilagem dos hábitos dos cidadãos, para além do que já é feito atualmente, julga-se mesmo que se iria deitar fora esta valiosa base de dados?

Está na hora de agirmos racionalmente, e isso passa por nos mentalizarmos de quem nem todos vamos ficar bem. E isso pode acontecer comigo ou com alguém muito próximo de mim. Mas é um risco que estou disposto a correr.

Ficar ainda mais privado da minha liberdade é que não, obrigado.