Subserviência. Servilismo. Eu diria mesmo parolice. A notícia do Expresso de que a Câmara de Lisboa cedeu um espaço, a pagar mais  tarde, não se sabe em que moldes nem a que preço, para Madonna estacionar os seus 15 carros perto do Palácio do Ramalhete, na rua das Janelas Verdes onde mora com os filhos, é uma autêntica bajulação humilhante. Só Eça conseguiria encontrar as palavras certas para isto. Roubo-lhe “pilhéria”. Mas é mais que isso. É algo inaceitável.

Comecemos pelo princípio. É inegável a importância que o turismo está a ter para a economia do País. E é também óbvio que a porta de entrada para que Portugal tenha ficado na moda é Lisboa. Entre umas campanhas pagas numas revistas estrangeiras da especialidade — quem não se lembra dos primórdios disto tudo com o Allgarve de Manuel Pinho e aquela foto na piscina com o Michael Phelps –, mais uns tantos anúncios apelativos das nossas paisagens únicas, a primavera Árabe e a insegurança em alguns países mudou os roteiros internacionais e colocou-nos na rota dos melhores destinos do Mundo.

E isso é bom. Finalmente já não somos só conhecidos pelas praias do Sul e das cervejas baratas. Nem pelo surf. Ou, no polo oposto, pelo golfe. Mesmo com alguns contras — que nestas coisas há sempre exageros (sim, já sei que o mercado imobiliário está pela hora da morte) –, fomos invadidos pelo turismo de massas, que descobriu, de Lisboa ao Porto, um País com história. “O” País. Choveram artigos, agora já de geração espontânea e não pagos pelos cofres do Estado, nas melhores (e piores) revistas do mundo, e foram elas que nos trouxeram não só Madonna, como Bellucci, Fassbender, Cantona, Louboutin ou Malkovich, entre outros.

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