São raros, muito raros os casos de condenações por negligência médica em Portugal. Nunca percebi se por uma questão de corporativismo durante a investigação e julgamento, se pela dificuldade real em perceber se o médico errou porque os erros fazem parte de todas as profissões, ou porque simplesmente foi mau profissional. Mas no caso do obstetra Artur Carvalho, ou o médico do bebé sem rosto — como ficará conhecido — parece-me que já não restam muitas dúvidas. As evidências mostram que tudo falhou: falhou o controlo do sistema de saúde, falhou a Ordem, falhou a Justiça e falhou-lhe a ele tudo: consciência e o profissionalismo.
Estou para escrever este artigo desde que o caso foi conhecido. A história de Rodrigo, o bebé sem rosto, é tão revoltante, que necessitava contudo de ponderação e investigação. Do benefício da dúvida. Por mais que saiba que aqueles pais jamais perdoarão e conseguirão ultrapassar o mal que lhes foi feito, e que sofrerão as consequências deste caso toda a vida, era preciso perceber o que tinha corrido mal.
Mas Rodrigo não estava, infelizmente só. Nem os pais dele. A sucessão de situações semelhantes é tal que quase não dá para acreditar.
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