Desde que António Costa foi ao programa da Cristina que o efeito Cristina se instalou diariamente no Governo. Os ministros (e secretários de Estado) passaram a agir em função do mediatismo. Se é notícia, resolve-se na hora (literalmente). Se não é, logo se vê (quando calhar). Por isso o País está transformado num grande reality show: a maioria da corporações Ldª. já percebeu, como aquelas pessoas que acham que ir à televisão lhes resolverá todos os problemas (da pobreza à infidelidade), que basta tornar um caso público para algum governante lhe dar uns euros de prémio e uma frasezinha consoladora.

Um jornal faz manchete com a falta de obstetras nas maternidades e diz que vai ser imposto em Lisboa um sistema de rotatividade durante o Verão e um noticiário abre com a (habitual) falta de médicos no Algarve ou em Coimbra e logo há Casamentos à Primeira Vista. A ministra da Saúde arranja de repente médicos para fazer partos nas férias, Centeno já deixa os hospitais contratarem e o Governo ainda oferece mais 20% de salário aos profissionais que aceitem ir para o litoral e o interior. Claro que ao fim de uns dias a lua de mel acaba, o Amor (já não) Está no Ar e a separação será digna de novos capítulos.

Aparece na televisão a história do terreno em risco de desabar para a estrada em Santarém, que está assim há três anos sem que ninguém tivesse feito alguma coisa, e logo de seguida, Quem quer Casar com o Construtor, anunciam-se concursos públicos (que devem acabar em ajustes directos, mas isso é outro programa) e obras imediatas. Sabe-se há anos do estado de degradação dos comboios em Portugal, mas foi preciso uma reportagem a mostrar gente a viajar pendurada nas portas para, qual Preço Certo, Pedro Nuno Santos vir distribuir verbas como se fossem presentes e anunciar, numa de Querido Mudei a Casa, renovações em toda a linha férrea.

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