Conhecer a História torna-nos mais aptos para perceber o presente e olhar para o futuro. Conhecer a História prepara-nos para acusar sinais de alerta que a ignorância desvaloriza. Conhecer a História é a arma mais poderosa para não repetir erros do passado. E eles tendem a repetir-se, porque a natureza humana é a mesma, no passado, no presente e no futuro.

É por tudo isto que o discurso do Presidente da República no 25 de Abril é muito mais do que um bom discurso. O que Marcelo Rebelo de Sousa nos disse é que as grelhas ideológicas do presente não são a chave de leitura para olhar para o passado, algo que deveria ser óbvio, mas que infelizmente, nos tempos que correm, não é.

Coincidência ou não, foi publicado por estes dias o livro que conta a história das FP-25 de Abril. Um capítulo muito negro da nossa história democrática, que o regime tem feito por esquecer. Só que esquecer, ignorar ou desvalorizar, disse-nos o Presidente, não é o caminho para construir um país mais desenvolvido e uma democracia adulta. Temos que olhar para o que fizemos mal e para o que fizemos bem e daí retirar conclusões que nos fortaleçam.

A verdade é que, como em toda a Europa, os extremismos começam a medrar, aproveitando o desgaste das crises e a crise das ideologias que construíram o velho continente no pós-guerra. Partidos de extrema-esquerda e extrema-direita surgem agora com o discurso fresco de quem traz todas as soluções. Mas os métodos e as ideias são os mesmos e os resultados de tão maravilhosas soluções só podem conduzir aos desastrosos resultados do passado. Conhecer a História é, de facto, a chave para não voltar a cair no abismo.

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Na mais famosa vila do pós-25 de Abril, Grândola, esconde-se um saudosista desse passado de má memória com que a extrema-esquerda aterrorizou o país na década de 80. José Ramos é militante do Bloco de Esquerda, foi candidato autárquico pelo BE nas eleições de 2017, é um dos amnistiados das FP-25 e passa grande parte do seu tempo a vangloriar-se nas redes sociais da sua atividade terrorista. Chega mesmo a desejar o regresso desses tempos, que considera gloriosos.

Podemos fazer de conta que daqui não vem nenhum perigo e até fingir que acreditamos que o BE já não é um partido extremista. Mas o José Ramos a valorizar os assassinatos da década de 80 em Portugal, quase vinte pessoas, e o Francisco Louçã a desvalorizar os horrores do estalinismo, aproveitando de caminho para ridicularizar quem os denuncia, são sinais que nos deviam fazer soar todas as campainhas.

Não, não é só passado. Sim, tem importância. Sim, podemos repetir os mesmos erros do passado. São razões mais do que suficientes para dar muita atenção ao que nos disse o Presidente da República, que é bem conhecido por saber ler os sinais do presente. Alguma razão ele terá, para ter escolhido este tema para o discurso dos 47 anos do 25 de Abril. E, já agora, aconselho vivamente a leitura de “Presos por um fio – Portugal e as FP-25 de Abril”, para saber do que é capaz esta esquerda caviar.