Como é possível que muitos em Portugal sejam incapazes ver um fascista quando olham para um? Viram “fascistas” em muitos que estão nos antípodas do fascismo, como os líderes das direitas portuguesas com mais sucesso politico. Mas quando olham para um como Putin, não conseguem ver o fascista que manda na Rússia. O PCP e muitos outros nas esquerdas são os míopes desta história.

Não conseguem ver um fascista quando ele está à frente porque o anti-americanismo é a luz que os cega. Conseguem ver sempre a “culpa” americana em todo o lado.

Mas o anti-americanismo vai além das esquerdas. Muitos analistas reconhecem que a Rússia invadiu a Ucrânia, mas a seguir vem sempre um “mas”.

O “mas” mais usado é alargamento da NATO. Aparentemente, radicalizou a Rússia. Desde quando Putin precisou da NATO para se tornar num tirano? Aliás, a tese do cerco da NATO à Rússia é extraordinária. Os defensores dessa tese já olharam para os mapas da Europa e da Ásia? Se excluirmos o enclave de Kalinigrado, desde o fim da Guerra Fria, só dois países que partilham fronteiras com a Rússia entraram na NATO, a Estónia e a Letónia. A Turquia já era membro da NATO, mas ninguém olha para os turcos como parte do cerco à Rússia. Cerca de 4/5 das fronteiras terrestres da Rússia são com o Cazaquistão, com a Mongólia e com a China. Nenhum deles é membro da NATO e são os três aliados da Rússia. Aqueles que chamam a isto o cerco da NATO à Rússia ignoram simplesmente a geografia.

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No caso dos países da Europa Central, entraram para a NATO para se defenderem da Rússia, não foi para a cercar, uma fantasia de mentes alucinadas. Como mostra a guerra na Ucrânia, tinham toda a razão. E se a Ucrânia tivesse entrado na NATO, não estava agora em guerra, mas em paz. É uma das conclusões da invasão da Rússia.

A guerra na Ucrânia também mostra que a paz não é o estado natural na política europeia. É necessário defender e manter a paz. Mas as guerras ainda ameaçam outros valores fundamentais, como a democracia e a liberdade. A adesão à NATO teria defendido a democracia e a liberdade ucranianas. Há assim uma verdade indiscutível: na Europa, a Aliança Atlântica e os Estados Unidos continuam a ser indispensáveis para manter a paz, a democracia e a liberdade. Obviamente, os anti-americanos discordam, porque são anti-liberais e anti-democráticos.

No momento em que a Rússia está a destruir a Ucrânia, matando milhares de inocentes e reduzindo as suas cidades a cinzas, os nossos anti-americanos domésticos atacam a NATO e os Estados Unidos. Esta cegueira e irracionalidade políticas são assustadoras.