Conheci o actual e ainda presidente do partido Iniciativa Liberal num almoço do partido libertário — ainda em formação — faz por esta altura 2 anos. Foi no fim de Setembro, estava calor e o almoço foi em Leiria. Entrei para o restaurante e vi o Carlos a falar com um amigo meu. Na altura só lhe “conhecia”, pelo excelente trabalho enquanto blogger no Insurgente e pelo livro que ele mesmo lançou com o nome:” O Economista Insurgente”. Abordei lhe com toda a naturalidade com que a minha personagem é conhecida em círculos mais fechados. Ele afável, humilde e brincalhão. Em 2018, o Carlos assume o projecto do Iniciativa Liberal, um partido antes à deriva e com dificuldades de afirmação. Continuou a mesma pessoa, o mesmo brincalhão, sem elitismos de proa como se calhar certos almanaques que, nem metade da experiência de vida e de trabalho que ele tem, começaram a ficar depois de experimentar a cadeira do poder legislativo e do salário e ajudas de custo confortáveis.

Projecto esse que se tornou irreverente. Foi espectacularmente diferente pela forma como encarou os outputs políticos e cada ponta solta do governo socialista- apoiado antes por dois partidos manetas que foram consumidos por dentro aos poucos- da forma mais original possível, colocando a fasquia do marketing político em Portugal noutro patamar que os partidos tradicionais não conseguiram acompanhar. Um dos primeiros esforços efectivos de trazer o liberalismo económico para o parlamento português, deram frutos de louvor para uma primeira tentativa, a eleição do primeiro deputado da IL, com todo o mérito para o Carlos e a sua equipa, mas, especialmente para este, pela forma corajosa como enfrentou o mainstream com ideias inovadoras em Portugal mas já “normalizadas” em determinados países da Europa, ,sinal da degradação e atraso estrutural que o nosso País tem face aos seus congéneres mais próximos em termos de estrutura macroeconómica, bem como a tradução mais linear de como “as luzes”, chegam tarde ao país do “poço de dívidas” sem fundo anos mais tarde.

Era este o país que o Carlos queria e quer mudar. Com certeza, e espero eu, que este afastamento da política não seja definitivo. É de lamentar que os melhores se afastem da política, mas é igualmente gratificante perceber que quem tem capacidades muito acima da média se afaste porque tem uma carreira a desenvolver e contas a pagar. O Carlos não precisou, como muitos, de se inscrever numa juventude partidária e colher migalhas dos outros ou pedir a caciques para que votassem neles. Não precisou dos “contactos” das empresas do regime oligárquico português e depois não “passar de Badajoz”, como muitos. Trabalhou em mais de 20 países, vai fazer um doutoramento em Economia e vai continuar a ser o homem competente que sempre foi.

Ao contrário do socialismo português, Guimarães Pinto adoptou uma atitude normal de um país de primeiro mundo. Em Portugal ficaram surpreendidos com a sua saída, especialmente a ala socialista que, na podridão dos corredores de São Bento, a surpresa não é sua saída mas ele não ter ido para a empresa do cunhado ou do primo. São educações diferentes, competências diferentes. Portugal não o merece pela qualidade que tem, porque Portugal há muitos anos que sempre gostou de ser invejoso e de nivelar por baixo. E assim continuará. Porque gosta.

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