1. Um dia tocou o telefone e espantei-me: julgava saber que o dr. Rui Patrício militava contra conversas nas ondas ou pelo menos que tal gesto muito o aborrecia. Era ele, porém, em viva voz. Voltei a espantar-me: o advogado que conheci há pouco tempo e apenas no espaço de um almoço e de uma hora num tribunal, convidava-me para uma co-apresentação do seu último livro, “A presunção da inocência no julgamento em processo penal — alguns problemas” (Almedina) Ou melhor, gostaria o seu autor que esta cidadã sem formação jurídica nem experiência do seu universo aterrasse na percepção pública da presunção da inocência e de como a via inscrita no país.
Os espantos lembraram-me outro, mas esse mais forte: fora quando desprevenidamente, há meses atrás, eu dera por um pequeno livro – “Mapa Mundi da Justiça em Bilhete Postal” — onde Rui Patrício ia, com boa mestria, duplamente por aí fora: discorrendo como quem não quer a coisa pelas coisas da Justiça, intervindo, criticando ou deplorando; e por aí fora em sentido literal, percorrendo diversas geografias que de uma ou de outra maneira lhe tinham puxado pela verve jurídica mas também – oh surpresa — por uma cultura literária de primeira água. Quem era aquele erudito leitor, intenso e apaixonamente curioso?
Era suficientemente interessante para o desafio que me fazia.
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