A pandemia de Covid-19 e a sua ampla cobertura noticiosa e informativa trouxe para o nosso vocabulário diário diversos termos e expressões tais como “coronavírus”, “achatar a curva”, “distanciamento social”, “EPI” ou “profissionais da linha da frente”. Claro que estes tempos tão estranhos que vivemos e que ameaçaram (e ameaçam) em primeiro lugar a nossa segurança física fizeram estremecer o nosso modo de vida individual e colectivo: desde a socialização ao trabalho, da família ao lazer, da escola ao consumo, do auto-cuidado à protecção dos outros, dos sistemas de saúde à economia, das aparentes certezas à gestão de riscos…
Desde logo, diversas dialécticas, dicotomias, dúvidas e paradoxalidades se ampliaram, mobilizando decisores, influenciadores e anónimos para a hierarquização da vida, dos recursos, dos serviços, das necessidades do país em cada momento. E por decisões macro e micro, complexas e urgentes, responsivas à singularidade, à individualidade e ao sistémico, por missão e pelo devir também a psicologia e os psicólogos estiveram e estão presentes na linha da frente, na segunda, na terceira e em todas as demais linhas.
Na informação e no aconselhamento psicológico à população e aos profissionais de saúde na SNS24, na teleconsulta e no assegurar das intervenções nos Serviços Hospitalares e nos Cuidados de Saúde Primários, no apoio aos cidadãos seniores e aos seus cuidadores nas Estruturas Residenciais Para Idosos, na orientação aos estudantes, professores e encarregados de educação nas escolas e contextos educativos, nas linhas telefónicas psico-sociais locais e comunitárias e nos programas de combate à pobreza e à exclusão nas autarquias e Organizações Não Governamentais, no acompanhamento e desenvolvimento de crianças e jovens em perigo nas diversas respostas sociais, no apoio à gestão de carreira e vida profissional dos trabalhadores, empregados, sub-empregados ou desempregados nos serviços de formação e emprego, na consultoria a membros do governo e decisores políticos para decisões informadas e baseadas na ciência, na adaptação de processos de trabalho e de recursos humanos ao teletrabalho nas empresas, na produção de materiais informativos e de literacia em saúde psicológica à população em inúmeras organizações…
A 4 de Setembro, Dia Nacional do Psicólogo, as palmas são para nós que contribuímos em todas as linhas para a saúde, para a humanização, para o desenvolvimento das pessoas, para a paz, justiça e coesão social. Por mais equidade no acesso aos serviços psicológicos num compromisso com a recuperação do país, eis o desejo em dia de celebração.