Vivemos por esta altura, e nas semanas que irão seguir-se, momentos de incerteza, discussão e apresentação de visões alternativas para o país. Como podemos olhar para isso desde este distrito a sul do Tejo e banhado também por um Sado que é vida, beleza e que poderia e deveria ser sinal de riqueza, prosperidade e crescimento?

Olhando para o estado atual, e para a linha cronológica de decisões e opções políticas e económicas, podemos e devemos fazer uma leitura crítica e sustentada do efeito ação-reação que tem produzido no país tão parcos resultados. Não é possível olhar com esperança para uma nação que nos últimos 20 anos, e analisando dados entre 2001 e 2019 (não quisemos aqui usar o impacto económico da pandemia), tem produzido um crescimento médio do PIB de 0.76% ao ano.

Esta realidade, promovida em grande medida por uma visão centralista e de estímulo económico desfasado da realidade, não permite que um tecido económico viável cresça pelos bons motivos e pelas reais oportunidades e competências para as aproveitar.

Infelizmente num quadro fiscal e regulatório que é em grande medida opressor e que tende a tolher a capacidade real de cada um, existe um grupo demasiado alargado de empresários que mais não consegue que responder ao estimulo de subsídios entregues por uma visão de condução económica que muda com o vento. Criam-se empresas para responder à oportunidade do subsídio, esta cresce na medida da aposta política e mudando a política o balão perde todo o ar, não conseguindo nunca levantar voo pelos seus meios.

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A somar a este quadro, temos uma visão de progressividade fiscal empresarial que taxa tão mais forte após um certo nível que para muitos empresários a possibilidade de sobrevivência da empresa é fazer o suficiente para que esta não cresça. E não nos iludamos, as empresas que inovam, que possuem condições para estruturas salariais mais fortes e que em crise suportam algum embate são as que crescem. Um barco maior resistirá sempre a uma maior tempestade.

São também estas maiores embarcações que absorvem mais e melhor mão de obra especializada, vivendo dela pela necessidade de inovação, pela capacidade de aposta no risco. Sem elas não há estímulo à criação.

Isto para Setúbal tem uma tão grande importância, quanto grande foi ver o decréscimo do peso do distrito da economia do país. Perdemos todos um polo industrial relevante que necessita ser reafirmado, com capital financeiro que suporte um capital humano capaz e que permita ainda a mais jovens lutarem por verem a possibilidade de recompensa num mercado de trabalho livre, amplo e fortalecido.

Façamos por atrair e fazer crescer as empresas, de criar as oportunidades, olhemos para os nossos jovens com a responsabilidade de não permitir que diversos dos nossos concelhos ocupem rankings de insucesso e abandono escolar que a todos nos deviam preocupar. Criemos as ferramentas necessárias para os estimular e capacitar a agarrar essas oportunidades e voltemos a ser, num país que queremos mais forte, um distrito mais capaz, mais importante e com um peso que temos todas as condições para recuperar.