Neste momento, a Assembleia da República não tem Presidente. Tem um líder parlamentar socialista que se senta na cadeira do Presidente da Assembleia da República. Augusto Santos Silva não se comporta como o representante de todos os deputados (e assim de todos os portugueses) mas como o líder politico que defende os interesses do PS no parlamento.
Santos Silva não está a defender os valores da democracia contra o Chega. Esse argumento é uma farsa. Aliás, não compete a Santos Silva substituir o Tribunal Constitucional. Se o Chega for uma ameaça contra a democracia portuguesa, compete ao TC agir. Santos Silva está a transformar o Chega no principal adversário do PS para enfraquecer o PSD, o maior rival dos socialistas.
Santos Silva está a usar o seu lugar de Presidente da Assembleia da República para ajudar a estratégia socialista de transformar a democracia portuguesa num regime de um só partido de poder, o PS. Os socialistas sabem que será quase impossível o Chega ganhar umas eleições e por isso o seu crescimento apenas serve para evitar uma vitória eleitoral do PSD. Desde que chegou à Assembleia da República, Santos Silva não tem feito outra coisa senão atacar o PSD, ajudando o Chega a crescer. E a bancada parlamentar social democrata é tão tonta que o aplaude de pé. Mete dó ver um grupo de pessoas tão enganado como estão os deputados do PSD. Espero que a nova liderança do PSD diga aos seus deputados que está na hora de fazer política e que atacar Santos Silva não significa defender o Chega. E se Santos Silva continuar com este comportamento, compete à bancada social democrata ataca-lo a sério, o que aliás é a melhor maneira de reduzir o protagonismo do Chega no parlamento.
Há quem diga que Santos Silva está a construir o perfil de um futuro candidato a Belém. Se assim for, não deixa de ser condenável que Santos Silva queira chegar à Presidência da República à boleia de um partido com comportamentos anti-democráticos. Ainda falta muito para as eleições presidenciais e é descabido fazer cenários. A discussão das presidenciais a quatro anos de distância apenas serve para distrair os portugueses dos erros do governo e para colocar pressão sobre Marcelo Rebelo de Sousa. Até nisso, Santos Silva usa a presidência da AR para prosseguir os interesses dos socialistas.
PS: Desejo a todos os leitores do Observador umas óptimas férias e até ao início de Setembro.